Harmonização facial, ciúmes e polícia: entenda cassação de deputada

TRE do Amapá cassou deputada Silvia Waiãpi (PL-AP) após suposto uso de verba de campanha para realização de harmonização facial

Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) cassou o mandato da deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP) por gastos indevidos com verba pública. Segundo a denúncia do Ministério Público Eleitoral, a parlamentar teria realizado uma harmonização facial com o dinheiro destinado para campanha política de 2022.

O caso foi denunciado por Maite Martins, coordenadora de campanha de Silvia Waiãpi, ao Ministério Público. Maite revelou que a então candidata teria recebido o dinheiro do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) e, no mesmo dia, teria sido orientada por Silvia a tirar parte deste dinheiro para o pagamento de uma harmonização facial.

“O dinheiro, segundo afirmou a declarante Maite, havia sido creditado na conta de campanha e posteriormente foi transferido a Maite pela representada Silvia. Por fim, da conta da coordenadora de campanha foi repassado para o profissional de saúde para realização de procedimento estético”, explica o Ministério Público.

Reprodução

Harmonização facial

A polêmica harmonização facial teria acontecido em 29 de agosto de 2022, com o cirurgião-dentista Willian Rafael Oliveira. Ele confirmou que atendeu Silvia naquele mês, sem saber precisar a data, e foi enfático em relação ao tipo de procedimento: “Nós começamos a fazer um tratamento de harmonização facial”.

A harmonização facial estava no começo, “com sessões pendentes de realização”. O dentista disse que começou o processo com um emagrecimento facial e que o pagamento pelo serviço prestado naquele mês de agosto teria sido feito por Maite, em duas transferências, de R$ 7 mil e R$ 2 mil.

Mas tanto as informações sobre datas quanto procedimentos e pagamentos são rebatidas pela defesa da deputada. Silvia Waiãpi, que faz aniversário em 29 de agosto, conta ter ido à clínica apenas um dia depois, para gravar um vídeo de apoio à candidatura. Ela narra, no processo, ter conhecido o dentista naquele 30 dia agosto de 2022, e afirmou que recebeu de presente da então funcionária um procedimento, que não seria harmonização facial.

Silvia alegou ter feito uma aplicação “peeling” no rosto para descamação e renovação da pele. Um vídeo anexado ao processo, do qual o Metrópoles teve acesso, mostra a candidata no consultório brincando com o dentista. “Gente, eu tô aqui pra fazer uma denúncia. Eu tô muito triste porque eu vim num local e o moço furacou minha cara toda e pintou com cara de cocô [sic].”

A parlamentar ainda argumenta que o procedimento de harmonização facial é feito em um único dia, dependendo da quantidade de aplicações, levando em torno de 30 a 60 minutos, o que, na verdade, é apenas uma estimativa, que varia de acordo com cada paciente e necessidade específica.

A defesa da deputada também Silvia Waiãpi alega que Maite teria um ciúmes “doentio” da então candidata e teria desenvolvido um relacionamento conflituoso com ela. “A realidade fática é que a denunciante começou a se enciumar e ter atritos com a candidata, começou a apresentar um comportamento incompatível da normalidade.”

Caso de polícia

A relação conflituosa entre candidata e coordenadora de campanha virou até caso de polícia. Em 10 de setembro de 2022, Silvia Waiãpi alegou ter tido a casa invadida por Maite, após a funcionária pedir demissão por “divergência de agendas”, na versão da política. A suposta violação de domicílio teria sido motivada pela busca de documentações no local.

“E, ato contínuo, [Maitê] dirigiu-se para o consultório do dentista, solicitando o recibo, que foi apresentado como prova, em nome da denunciada, dolosamente. Maite se dirigiu, em seguida, ao MP e sugeriu que a candidata havia usado os valores do fundo eleitoral ilicitamente”, afirmou a defesa da agora deputada, no processo.

Silvia Waiãpi fez um boletim de ocorrência em 20 de setembro, quando disse ter voltado para casa e analisado as câmeras de segurança. Na data, ela postou vídeo em frente à delegacia denunciando ser vítima de “espionagem político-partidária” de Maite, que teria levado números de apoiadores para prestar serviços a outro candidato.

Já a coordenadora de campanha também levou sua versão para a polícia. Em 14 de outubro, Maite foi até a 2ª Delegacia de Polícia de Macapá e registrou boletim de ocorrência como vítima de calúnia.

Metrópoles procurou as defesas de Silvia Waiãpi e Maite Martins, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.

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