No fim de maio, Marcelo Serrado, 57 anos, contou nas redes sociais que havia sofrido uma crise de ansiedade e pânico durante um voo entre Rio e Orlando, nos EUA, durante uma viagem de férias com a família – a mulher Roberta Fernandes, os gêmeos Felipe e Guilherme, 10, e a filha mais velha, Catarina, 19, do casamento com a atriz Rafaela Mandelli.
Segundo ele relatou, a crise começou quando as portas do avião se fecharam. O ator sentiu um pressentimento ruim e, das oito horas de voo, quatro delas passou em crise. Marcelo não estava com o remédio que o salva nessas horas. Contou com a ajuda de um rapaz ao seu lado que lhe deu acolhimento. O momento de desespero lhe despertou a fé:
“Rezei muito e fiquei quatro horas conversando comigo. Me apeguei a Deus mesmo. Alguma fé dentro de mim me trouxe de novo e me ajudou”, contou.
Marcelo teve a primeira crise de pânico e ansiedade em dezembro de 2020. Ele estava em um hotel gravando para a Globo e era o ano da Covid. O ator havia perdido um amigo com o vírus e não podia voltar para casa porque sua mulher também estava doente.
“Acabei tendo uma crise de pânico e ansiedade, e não sabia o que era. Achei que fosse morrer e que estava tendo um troço. A gente nunca sabe o que é. Por isso que muita gente se mata, se joga…”
Marcelo Serrado relata síndrome do pânico durante voo
Um amigo acolheu o ator e o levou para sua casa, onde lhe ministrou uma medicação. Serrado procurou ajuda médica e passou dois anos em tratamento. Tomou remédio e mudou seus hábitos. Virou adepto da meditação transcendental com Klebér Tani – o mesmo “guru” de Angélica -, começou a fazer exercícios e mudou a alimentação.
“Fiz o tratamento por dois anos e de uma certa maneira me curei. Nunca mais tive crise. O que tive foi a síndrome do pânico, a crise de ansiedade e o burnout. Os três juntos. O cansaço de trabalho e a ansiedade contribuíram.”
A leitura do livro “O Poder do Subconsciente”, de Joseph Murphy, também o ajudou, pois, de acordo com ele, explica o problema de maneira profunda.
Ainda na fase do tratamento, Marcelo lembra que estava na cama com a família quando começou a ter uma de suas crises.
“Aí falei: ‘Não, você não vai entrar dentro de mim. Você não vai me dominar. Sou Marcelo Serrado, sou mais forte que você e vai passar. E ela (a crise) foi embora. É importante você detectar mecanismos que te ajudem.”
Em outra ocasião, ele havia viajado para Curitiba, no Paraná, para trabalhar. A crise começou dentro do hotel. Como a primeira também foi em um hotel, todo o lugar que o ator dormisse fora de casa lhe despertava um gatilho.
“Foi bem duro. Eram 5h da manhã e tinha que trabalhar às 7h. Fiquei dando 10 voltas em torno do hotel, caminhando para me acalmar. Foi desesperador. Depois melhorei”, lembra.
Quando pisou nos parques da Disney com os filhos no fim de maio, Marcelo sentiu muito medo de entrar no brinquedo “Pandora – The Word of Avatar”. Só conseguiu com o apoio da mulher e, ao deixar a atração, caiu no choro:
“Entrei e saí de lá aos prantos. Não só pela beleza, mas por constatar que havia conseguido! Não é um tabu. Meus filhos sabem o que o pai tem e está tentando se curar. Aqui na viagem, quando não tive coragem de ir algum brinquedo nos parques, ele me entenderam e me apoiaram. Como digo, só quem tem ou já teve sabe o que se passa nas estranhas do nosso ser mais profundo.”
Além do excesso de trabalho, Serrado aponta algumas causas como as responsáveis em detonar as crises. Para ele, o mundo da internet, as redes sociais e o afastamento da natureza contribuem para o problema:
“Quem está conectado com a natureza dificilmente terá o que eu tive. É preciso se reconectar com você mesmo. Isso em qualquer profissão. É ter fé e acreditar que vai melhorar. A explosão de adrenalina no corpo dura 15 minutos. Depois ela passa e vai embora.”
Nesse período das férias, o ator, além de se exercitar, também vem fazendo sessões de hipnose com o mestre em neurociências e comportamento Tiago Garcia. São exercícios de respiração com áudios sugestivos que provocam calma e equilíbrio para enfrentar os momentos de crise.
Nesta quarta-feira (5) e no próximo dia 25, o ator dará uma palestra no Teatro Marte Hall, em São Paulo, relatando tudo que passou até aqui. Falar, para ele, é uma forma de cura:
“O que está acontecendo comigo é uma epifania. Quero que os outros ouçam a minha história e quero ouvir as histórias dos outros. Isso vai me ajudar na cura e na das outras pessoas também.”