São Paulo — A criança de 8 anos que foi atingida por estilhaços de uma granada durante uma confusão entre a Polícia Militar (PM) e moradores do Jardim União, em Bebedouro, no interior de São Paulo, passou por uma cirurgia para a retirada do olho direito na manhã desta sexta-feira (7/6), no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.
O estado de saúde foi informado pela mãe do menino, Quézia Benedita Machado, em entrevista à EPTV.
A mulher contou que o filho é autista e que a abordagem aconteceu na porta de sua casa. A família estava saindo de casa para comprar pizza quando foi surpreendida pela granada.
“Foi muito rápido, foi o tempo de abrir o portão, eles jogaram a bomba na porta da minha casa”, afirmou a mulher à emissora.
O depoimento da mãe vai contra a versão da Secretaria da Segurança Pública (SSP) divulgada em nota na última quinta-feira (6/6). Nela, a pasta diz que o menino se aproximou da granada.
Quézia ainda disse que os policiais envolvidos na confusão não a deixaram acompanhar o filho até o hospital e a balearam com um tiro, à queima roupa, de bala de borracha. No boletim de ocorrência, os policiais dizem que a mulher teria atirado pedra nos policiais após a explosão da bomba. A mãe nega.
Confusão entre PMs e moradores
Moradores registraram a confusão por meio de um vídeo (veja abaixo). Por ele, é possível ver uma mulher algemada e sentada na calçada, na frente de um policial. Ao fundo, o grito de uma criança é escutado, acompanhado de questionamentos da população a respeito da abordagem dos PMs.
Em um segundo corte, disparos de bala de borracha e uma explosão de granada são escutados. O vídeo ainda mostra um homem com uma criança no colo. Segundo Quézia, trata-se do companheiro e do filho dela.
No final do vídeo, os moradores gritam para jogar pedra nos agentes e na viatura.
De acordo com a SSP, os agentes foram hostilizados pela população e reagiram com uso de “munições de menor potencial ofensivo”. Além de Quézia e seu filho, outras duas pessoas ficaram feridas na ocorrência.
Um inquérito policial militar foi aberto para investigar o ocorrido.
O caso foi registrado como dano, resistência, desobediência e lesão corporal decorrente de intervenção policial no plantão de Bebedouro. Uma perícia foi solicitada ao local e as investigações estão sob responsabilidade do 3°DP da cidade.