O Atlas da Violência 2024, lançado na manhã desta terça-feira (18), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), traz também um histórico detalhado da situação de violência no Acre em 2017 e como as autoridades em segurança pública conseguiram amenizar a grave situação nos anos seguintes.
A análise dos dados feitos pelo Ipea, numa parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, menciona que o estado já teve a maior taxa de homicídios estimados por 100 mil habitantes da região Norte, no ano de 2017 (61,5). Mas em 2022, apresentou o menor resultado: 26,7.
“Trata-se de uma redução expressiva de 56,6% no período, voltando aos patamares observados no estado entre 2012 e 2015”, explica o Atlas da Violência 2024.
Segundo o levantamento, em meados de 2016, houve uma intensificação da guerra de facções, com um racha entre as organizações Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC), “gerando um ambiente de tensão nos presídios e promovendo confrontos em diversos estados”.
“A partir de 2018, foram tomadas várias ações que justificaram não só a estabilização de territórios das facções criminosas, mas também a consequente inversão de tendência do número de mortes”, diz o levantamento.
O Atlas da Violência cita como fatores positivos para a redução de homicídios a criação do Programa Acre Pela Vida, do Observatório de Análise Criminal no Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), da integração dos setores de inteligência da Polícia Civil e do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado, do MPAC. “[Tal cenário aumentou] significativamente o número de denunciados por organização criminosa”, diz o documento.
O Atlas do Ipea destaca ainda “a criação de delegacia especializada em homicídios, da Vara de Delitos de Organizações Criminosas e a implantação do Regime Disciplinar Diferenciado no presídio de segurança máxima do estado”.
Maiores taxas de homicídio estão na fronteira e em cidades próximas a Rio Branco
Ainda conforme o Atlas da Violência, a maior taxa municipal do Acre foi de 69,2, no município de Brasiléia, no Vale do Acre, ao leste do estado. “Na região, que é a mesma da capital Rio Branco (25,8), também ficaram acima da média Xapuri (54,8) e Sena Madureira (36,3)”. Já na parte oeste, no Vale do Juruá, as maiores taxas em 2022 foram encontradas em Feijó (45,2) e Tarauacá (25,3).
Guerra por espaços do tráfico de drogas ao largo da lei
Segundo o Ipea, no Acre, PCC, Bonde dos 13 e Ifara são as facções que fazem frente ao CV, além do grupo Los Quispe-Palamino, na fronteira com o Peru. Também foram identificados grupos próximos aos rios Negro e Solimões, uma das principais rotas usadas pelo tráfico. Já na fronteira com a Bolívia, há forte atuação do Clã Dourado.
“Os conflitos entre esses grupos causaram noites de violência na capital. Segundo a Secretaria Estadual de Segurança e Justiça, as ordens dos confrontos partiam de presídios do estado e da Bolívia. Naquele ano, chegou a ser instalado um gabinete de crise para lidar com a situação”, relata o Atlas da Violência 2024.
Mas, a divisão dos presos por facção dentro das cadeias, e a cooperação técnica com o governo boliviano e com os estados do Amazonas e Rondônia, possibilitaram a atuação integrada na faixa de fronteira e a troca de informações sobre a atuação do narcotráfico na região, aponta o Atlas.