Para John Vidale, professor-reitor de Ciências da Terra na Faculdade de Letras, Artes e Ciências da USC Dornsife, essa lentidão no movimento nuclear pode alterar a duração de um dia em frações de segundo, mas isso pode ser imperceptível.
“É muito difícil notar, na ordem de um milésimo de segundo, quase perdido no barulho dos oceanos agitados e da atmosfera”, afirma.
O que é o núcleo interno da Terra e como ele se movimenta?
O núcleo interno da Terra é uma esfera sólida composta por ferro-níquel e é cercada por um núcleo externo líquido, também de ferro-níquel. Ele tem, aproximadamente, o tamanho da Lua e está localizado a mais de 4.800 quilômetros dos nossos pés e representa um desafio para os cientistas, já que não pode ser visitado ou visualizado. Por isso, os cientistas usam a onda sísmica de terremotos para criar representações do movimento do núcleo interno.
Nas últimas décadas, os pesquisadores estudaram diversos abalos sísmicos, incluindo terremotos repetidos — eventos sísmicos que ocorrem no mesmo local. Essa análise é importante para produzir sismogramas (registros dos movimentos do solo) idênticos.
Para este estudo, os cientistas compilaram e analisaram dados sísmicos registrados em torno das Ilhas Sandwich do Sul de 121 terremotos repetidos que ocorreram entre 1991 e 2023. Eles também utilizaram dados de testes nucleares soviéticos que ocorreram entre 1971 e 1974, além de testes nucleares franceses e americanos, e testes analisados por outros estudos.
De acordo com Vidale, a desaceleração da velocidade do núcleo interno foi causada pela agitação do núcleo externo que rodeia o núcleo interno. Isso gera o campo magnético da Terra, bem como os “puxões” gravitacionais das regiões densas do manto rochoso sobreposto.
“Quando vi pela primeira vez os sismogramas que sugeriam esta mudança [desaceleração], fiquei perplexo”, afirma Vidale. “Mas quando encontramos mais duas dúzias de observações sinalizando o mesmo padrão, o resultado foi inevitável. O núcleo interno desacelerou pela primeira vez em muitas décadas. Outros cientistas defenderam recentemente modelos semelhantes e diferentes, mas o nosso estudo mais recente fornece a resolução mais convincente.”