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Projeto monitora ataques de onças e pode gerar mais de meio milhão de dólares em créditos de carbono

Por Vitor Paiva, ContilNet

Um projeto intitulado Hiwi, da empresa Carbonext, faz parte da iniciativa de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD+), surgindo inicialmente para observar áreas de desmatamento, ganhou uma aplicação diferente, sendo utilizado para o monitoramento de ataques de onças ao gado no Acre.

O monitoramento dos ataques é importante, pois as onças são alvo de caça na região, devido às ofensivas feitas por elas aos animais dos donos das propriedades rurais, entretanto, elas são consideradas como  “espécies guarda-chuva”, que impactam de maneira direta ou indireta o ecossistema do local caso não sejam protegidas.

Através do Hiwi é possível monitorar, diretamente do telefone celular, que identifica alguns padrões nos ataques feitos pelos felinos, gerando assim informações prévias ao utilizador, sem que ele precise realizar o deslocamento até onde ocorreu o fato.

A coordenadora do Projeto Hiwi, Larissa Albino, explicou ao G1 como é realizado este monitoramento, e diz que o aplicativo é capaz de dizer se “o ataque foi feito provavelmente de dia ou de noite, se foi macho ou fêmea, aonde que o animal foi atacado e onde o animal foi consumido. Então, todas essas informações são informações substanciais para a gente avaliar qual é o padrão de ataque que o rebanho sofre no pasto”.

Já foram registrados 14 ataques de onça apenas em 2024/Foto:ICMBio

Em uma das quatro propriedades observadas no Bujari, onde todas estão localizadas, uma câmera foi instalada, para que seja possível identificar a espécie que mais está realizando as investidas e em qual período anual eles acontecem com maior frequência.

Apenas no ano de 2024, já foram catalogados 14 ataques realizados por onças nas quatro propriedades monitoradas, o que leva à caça do animal. Também em entrevista ao G1, a bióloga Marina Lusvardi, explica como funciona a proteção de animais considerados espécies guarda-chuvas.

“O território, a qualidade da água, outros animais, outros predadores, herbívoros. Então, proteger a onça é você proteger uma área muito grande com muitas outras espécies junto”, explica ela sobre o efeito cascata que se tem ao proteger estes felinos.

A coordenadora do Hiwi diz que mais dados são necessários para que uma avaliação mais precisa seja feita, mas sugere que cercas, luzes próximas aos limites da propriedade e melhor localização dos berçários de bezerros.

A câmera do projeto Hiwi ajudam a monitorar o comportamento dos animais/Foto: Arquivo pessoal/Projeto Hiwi

“Mas primeiro a gente precisa aumentar nosso banco de dados para ter exatamente a melhor forma para poder evitar esses ataques”, enfatiza ela.

Atualmente, pouco mais de 20 mil hectares são monitorados pelo projeto e que através deste monitoramento e do incentivo ao uso sustentável do local sejam preservados mais de 5 mil hectares, evitando seu desmatamento, em um período de 30 anos, equivalente 2,64 de toneladas de CO². Anualmente, devem ser feriados 60 mil créditos de carbono, podendo chegar até os 80 mil anuais até o fim desta década.

Os valores relativos a esses créditos podem chegar, considerando a média anual de 2023, que ficou entre U$11 e U$14, o montante anual de 60 mil créditos, que poderia ser comercializado por valores entre U$660 mil e U$840.

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