Quem é Kamala Harris, a vice que pode assumir a candidatura de Biden caso ele desista

Vice-presidente é a preferida entre os democratas para entrar na disputa nas eleições, após debate desastroso entre Biden e Donald Trump

Kamala Harris, vice-presidente dos EUA, está entre os nomes favoritos para a corrida presidencial, caso Joe Biden deixe a disputa. A possibilidade de substituição é aventada após o debate entre o presidente e Donald Trump, na quinta-feira (28), ter sido considerado um desastre para o Partido Democrata.

Vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, fez seu primeiro discurso nas Nações Unidas em 16 de março de 2021 — Foto: Jonathan Ernst/Reuters

De acordo com o instituto de pesquisa Morning Consult, 30% dos democratas apoiam o nome de Kamala caso Biden seja substituído. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, aparece em seguida, com 20%.

A vice-presidente passou boa parte do seu mandato tentando se destacar em seu papel e naturalmente se tornar a titular para a corrida à Casa Branca em 2024. No entanto, sua popularidade é relativamente baixa e seu nível de aprovação é muito próximo de Biden.

Quem é Kamala Harris

Kamala, de 59 anos, é a primeira mulher a se tornar vice-presidente dos EUA. Formada em Direito e Ciências Polícias, ela foi procuradora da cidade de São Francisco e depois do estado da Califórnia. Kamala também foi senadora pelo estado entre 2017 e 2020.

Ela chegou a se apresentar como pré-candidata à Casa Branca para as eleições de 2020 e liderou em algumas pesquisas dentro do Partido Democrata, mas perdeu apoio e desistiu da corrida por falta recursos financeiros.

Filha de mãe indiana e pai jamaicano, ela foi escolhida para integrar a chapa democrata para atrair minorias, sendo ela mulher, negra e filha de imigrantes.

A opção por Harris foi fundamental para a eleição de Biden porque funcionou como um chamariz para convencer eleitores negros a votar no pleito de 2020 e alçada a mulher politicamente mais poderosa do país.

Vice-presidente

Existia uma expectativa em relação ao seu papel no mandato de Biden. Ela era considerada a sucessora natural de Biden para as eleições de 2024, porém, seu desempenho foi abaixo do esperado e as pesquisas indicaram fraca popularidade.

Antes mesmo de completar um ano no cargo, Kamala foi considerada a vice-presidente americana mais impopular da história em 50 anos. Na ocasião, apenas 28% dos americanos aprovavam seu desempenho, tornando-a praticamente invisível.

Foram poucos os momentos que Kamala conseguiu chamar atenção para si. Ainda em 2021, a vice-presidente foi designada para ficar à frente na diplomacia com o México e países da América Central, para encontrar uma forma de diminuir o gargalo migratório na fronteira.

Em sua primeira viagem oficial para a região, durante um encontro com o presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, ela pediu que os migrantes “não venham” ao seu país de forma ilegal. Na ocasião, sua performance foi considerada desastrosa.

Direito ao aborto e Gaza

Ainda que com baixa popularidade, Kamala conseguiu dobrar alguns de seus críticos. Em 2022, ela se colocou como a voz da Casa Branca em defesa ao direito ao aborto.

No ano passado, durante a Conferência de Segurança de Munique, foi Kamala quem subiu o tom contra a Rússia, na guerra da Ucrânia. Foi a primeira vez que os EUA acusou abertamente a Rússia de ter cometido crimes contra a humanidade.

Em maio deste ano, a vice-presidente fez as declarações mais incisivas da liderança dos EUA ao criticar o governo de Israel. Ela direcionou sua fala a Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, para o cessar-fogo e impedir uma “catástrofe humanitária.”

Baixa popularidade

Durante seu período no cargo, Kamala não conseguiu a projeção suficiente para se alçar candidata em 2024. Uma pesquisa publicada em junho pela Redfield & Wilton Strategies indicou que a vice-presidente era desaprovada por 44% dos americanos e aprovada por 39%.

A base do Partido Democrata ainda tem resistência em relação ao seu nome por causa de seus números fracos, de acordo com o site Politico.

O partido considera qualquer um dos outros governadores para uma possível substituição, como Gavin Newsom, da Califórnia, e Gretchen Whitmer, de Michigan, mais populares que Kamala.

O que diz os sites estrangeiros

De acordo com a revista britânica “The Economist”, Kamala seria a escolha óbvia para substituir Biden. “Infelizmente, ela não inspira confiança nos grandes democratas, e os eleitores sentem isso”.

Ainda segundo a publicação, uma sondagem recente da The Economist/YouGov sugere que ela é apenas uma opção ligeiramente mais favorável do que o presidente.

“Apenas Harris, por exemplo, teria acesso aos cofres da campanha da qual já faz parte. Qualquer outro candidato enfrentaria a difícil tarefa de construir uma infraestrutura em questão de meses.”

“The Washington Post” também coloca a vice-presidente como a substituta natural. “Harris é o vice-presidente, a pessoa já escolhida pelo partido para ser o próximo na linha de sucessão à presidência. A menos que ela também tenha optado por não ser presidente, ela é a pessoa a quem a nomeação iria.”

A crise na campanha de Biden, diz o “The New York Times”, renovou o foco na vice-presidente, enquanto ela tenta acalmar os ânimos entre os democratas, defendendo o presidente.

Segundo a publicação, seu discurso de sexta-feira (28), se colocando ao lado de Biden, era “exatamente o que eles queriam ver no debate em Atlanta”, disseram democratas ao jornal.

Mudança de estratégia

Desde o início do ano, Kamala tem viajado em campanha para fortalecer a chapa e mobilizar principalmente eleitores negros, base essencial para os democratas.

Segundo o site Politico, aliados e assessores de Kamala acreditam que ela conseguiu demonstrar mais habilidade e confiança nestes últimos meses e, com isso, revigorar seu perfil.

Após o debate de quinta, Kamala fez uma defesa enfática de Biden, em uma viagem por Nevada, que chamou atenção e a colocou novamente como alternativa ao posto de candidato.

Não há planos, de acordo com seus assessores, para a vice-presidente fazer uma campanha para defender Biden.

Ela estaria focada na captação de recursos nos próximos dias, em áreas onde estará em contato com doadores, o que não deixa de ser uma oportunidade para causar boa impressão e se colocar à disposição como substituta à vaga de Biden.

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