Poucas semanas após completar 70 anos, Rita Cadillac abriu o coração e revelou ter sofrido abusos e assédios ao longo da vida. Criada em uma família politicamente progressiva, mas conservadora nos costumes, Rita lembra que foi incentivada pela avó a casar virgem.
“Eu me casei virgem, aos 16 anos, e só consegui transar uma semana depois. Como não queria ter relações sexuais, meu ex-marido me deu vinho, devo ter ficado bem louca. Na manhã seguinte, minha avó, com quem morávamos, veio me falar que gritei por socorro. Dei-me conta de que fui estuprada“, disse Rita Cadillac ao O Globo.
Dois anos depois, já mãe de Carlos César, seu único filho, ela decidiu se separar. “Quando falei que ia embora, ele disse que me mataria. Falei para ele me matar naquele momento porque não teria uma segunda chance”, contou.
Logo em seguida, Rita conheceu Abelardo Barbosa (1917-1988), o Chacrinha e se tornou a chacrete mais conhecida do Brasil. Mas apesar do sucesso ao lado do apresentador e, depois, na carreira solo, Rita não conseguiu se esquivar do assédio sexual.
“Antigamente, não se falava essa palavra, mas as mulheres da minha geração passaram muito por isso. Também fui vítima. Quando me ofereciam grana, respondia: ‘Não é por aí que você vai me ganhar’. A minha vantagem é que tenho um ouvido ótimo, que ligo e desligo, mas olho de cara feia. Como fiquei sozinha no mundo muito cedo, precisei me impor. Coloquei uma carcaça que me salva de muitas coisas, até hoje. Sou brava”
A atriz também disse que se arrepente de ter trabalhado na indústria de filmes adultos. “Apaguei tudo da minha memória. Não foi bom. Fiz apenas por dinheiro e pronto, acabou. Gravei 20 cenas que rendem filmes até os dias de hoje. Eles (os produtores), por serem os ‘donos’ do filme, colocam as imagens de trás para frente e de frente para trás, e anunciam de novo.”
Feminista, Rita ainda revelou que está solteira, mas que “não vive sem sexo”. “Não estou namorando, e está bom assim. Gosto de ser livre, acordar e viajar para onde quiser. Assusto os homens por causa da minha independência. Nunca me submeti a nenhum deles. Não vivo sem sexo, mas existem tantos brinquedinhos. Não preciso de namorado para isso.”