O boletim epidemiológico publicado no dia 27 de junho mostra que Acre é o segundo estado com mais acidentes envolvendo lagartas da região norte, proporcionalmente falando. O documento é produzido pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde.
O Acre teve uma marca, a cada 100 mil habitantes, de 2,89 casos em 2023, acima da média regional, que foi de 2,67 na mesma métrica. O único estado com mais casos foi Tocantins, que registrou 16,74 por 100 mil habitantes.
A nível nacional, o estado do Acre ficou na nona posição, com o seguintes estados marcando mais casos a cada 100 mil habitantes: São Paulo, 3,13; Distrito Federal, 3,34; Rio Grande do Sul, 4,48; Espírito Santo, 4,54; Paraná, 6,72; Santa Catarina, 6,72; Minas Gerais, 10,12 e Tocantins, 16,74.
O local dos acidentes se caracteriza, principalmente nos membros superiores, com 66,96% dos casos atingindo mãos e braços. O perfil social traçado entre pessoas que se envolveram nos incidentes é o seguinte: homens (52,44%), brancos (48,56%), até nove anos (20,47%), moradores da área urbana (63,07%) e que foram atendidos em até uma hora após o incidente (49,23%).
“Devido ao potencial de causar casos graves, e mesmo óbitos, é importante que o setor saúde esteja preparado para atender a crescente demanda de casos, deixando o soro antilonômico em áreas estratégicas de alta incidência de casos confirmados” diz trecho do documento, apontando para a periculosidade dos animais, que levaram 12 pessoas a óbito entre 2019 e 2023.
Acidentes por lagartas
Acidentes por lagartas, ou erucismo, é o quadro clínico de envenenamento decorrente do contato com cerdas urticantes de lagartas, locais onde ficam armazenadas a peçonha. A lagarta (taturana, marandová, mandorová, mondrová, ruga, oruga, bicho-peludo) é uma das fases do ciclo biológico de mariposas e borboletas (lepidóptero). Somente a fase larval de mariposas é capaz de produzir efeitos sobre o organismo; as demais (pupa, ovo e adulto) e larvas de borboletas são inofensivas. A única exceção é a mariposa fêmea adulta do gênero Hylesia, que apresenta cerdas urticantes no abdômen. Em contato com a pele, essas cerdas podem causar dermatite papulopruriginosa. Os acidentes provocados pelas lagartas, popularmente chamados de “queimaduras”, têm evolução benigna na maioria dos casos.
As lagartas do gênero Lonomia são as únicas que têm maior relevância para a saúde pública, pois podem ocasionar acidentes graves ou mortes, pela inoculação do veneno no organismo, que se dá por meio do contato das cerdas urticantes com a pele. Estas as lagartas que mais causam acidentes no Brasil, destacam-se às pertencentes a duas Famílias:
- Família Megalopygidae (lagartas “cabeludas”) – São geralmente solitárias e não-agressivas, de 1 a 8 cm de comprimento. Possuem “pelos” dorsais inofensivos longos e sedosos, de colorido variado (castanho, branco, negro, róseo) e que camuflam as verdadeiras cerdas pontiagudas e urticantes, que contém glândulas de venenos.
- Família Saturniidae (lagartas “espinhudas”) – Vivem em grupos. Possuem cerdas urticantes em forma de espinhos, semelhantes a pequenos pinheiros verdes, distribuídos no dorso da lagarta, não possuindo pelos sedosos. Estes “espinhos” mimetizam muitas vezes as plantas que as lagartas habitam. Nesta família se inclui o gênero Lonomia, com ampla distribuição em todo o País, e causador de acidentes hemorrágicos.
O Brasil é o único país produtor do Soro Antilonômico (SALon), específico para o tratamento dos envenenamentos moderados e graves causados por lagartas do Gênero Lonomia.
Com informações do Ministério da Saúde.