São Paulo — O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiu que o adolescente de 16 anos acusado de matar os pais e a irmã na Vila Jaguara, na zona oeste de São Paulo, ficará recluso por três anos na Fundação Casa.
O período de internação estabelecido pelo juiz Victor Garms Gonçalves é o máximo que permite o Estatuto da Criança e do Adolescente a pessoas menores de 18 anos que cometem crimes.
O menor infrator afirmou ter matado os familiares no dia 17 de maio, uma sexta-feira, e contou ter convivido com os cadáveres dentro de casa durante todo o final de semana. Fez refeições ao lados dos corpos e manteve sua rotina de treinos na academia. Ele disse que só decidiu avisar a polícia sobre o ocorrido, na noite do domingo (19/5), porque ficou incomodado com a grande quantidade de moscas na casa, atraídas pela decomposição dos corpos.
Segundo o relato do garoto, a decisão de matar os pais foi tomada após eles “confiscarem” seu aparelho celular. A arma usada foi uma pistola Taurus 9mm do pai, que era guarda municipal de Jundiaí. Na sexta-feira (17/5), o adolescente esperou o pai chegar em casa, por volta das 13h e, quando ele estava debruçado sobre a pia da cozinha, deu um tiro em sua nuca.
A irmã, que estava no andar de cima, ouviu o disparo e, após perguntar o que estava acontecendo, foi baleada no rosto. A ideia inicial, segundo o adolescente, não envolvia matar a irmã. Ela acabou sendo morta, segundo ele, porque estava na casa e perguntou sobre o tiro.
A mãe chegou em casa por volta das 19h do mesmo dia. Assim que entrou na cozinha, se deparou com o corpo do marido e deu um grito. Na sequência, foi baleada pelo menor. No sábado (18/5), dia seguinte às mortes, o garoto pegou uma faca e cravou nas costas da mãe. Ele diz que fez isso porque “ainda estava com raiva”.
Adolescente faz compras após o crime
Imagens de câmeras de segurança mostram que o adolescente de 16 anos que matou os pais adotivos e a irmã foi até uma padaria fazer compras no dia seguinte ao crime, ocorrido na última sexta-feira (17/5), na zona oeste de São Paulo.
No sábado (18/5), às 15h24, o jovem entrou calmamente no estabelecimento, no bairro da Vila Jaguara, vai até o atendimento, faz um pedido e depois anda até o caixa para realizar o pagamento. Toda a ação dura cerca de dois minutos.
Em depoimento informal à Polícia Civil, o garoto demonstrou frieza e falou com naturalidade sobre como teria atacado os familiares. Questionado, ele disse não estar arrependido e afirmou que, se fosse possível, faria de novo.
Fingiu ser o pai
Após o crime, o adolescente mandou mensagem fingindo ser o pai para justificar a ausência dele no trabalho na Guarda Municipal de Jundiaí, no interior paulista, no dia seguinte ao crime, no sábado (18/5).
Um print de uma conversa, obtido pelo portal G1, mostra que um colega de GM de Jundiaí ligou para Isac Tavares Santos, de 57 anos, na manhã do sábado. Isac estava escalado para trabalhar naquele dia.
Como não foi atendido, o colega mandou mensagem às 7h35 perguntando se ele estava de folga naquele dia. Pouco mais de de 3 horas depois, às 10h43, o adolescente responde fingindo ser o pai: “Eu estou doente”. Em seguida, o colega responde “Se precisar de alguma coisa, dá um alô para gente”.
Isac atuava como guarda municipal desde 2012 e atualmente estava na Divisão Florestal da corporação.