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Aluno da Ufac é acusado de plagiar trabalhos de artista plástico de Curitiba e caso vira polêmica

Por Vitor Paiva, ContilNet

O estudante universitário, artista e um dos fundadores do coletivo de arte Errantes, Diego Fontenele está no centro de uma polêmica no meio artístico do Acre, após ser acusado de plágio por Ezekiel Moura, artista plástico que acumula 212 mil seguidores nas redes sociais, hoje radicado em Curitiba.

Moura, que fez a denúncia através das redes sociais, destaca que é injusto com ele, e principalmente com os artistas locais, que deixam de ter espaços com seus trabalhos originais.

Além disso, o artista plástico afirma que vende seus trabalhos a preços mais baixos do que valores já recebidos por Fontenele. “Estamos falando de um corpo docente que acreditou nesse aluno, que deram apoio e compraram artes dele”, desabafou ele em seu perfil no Instagram.

As falas referenciando professores se dá pelo fato de Fontenele ter recebido apoio da Universidade Federal do Acre (Ufac), através da Associação dos Docentes da UFAC (Adufac), para realizar exposições dentro da instituição, em conjunto com seu coletivo.

Diego tem estilo artístico muito próximo ao de Ezekiel Moura/Foto: Reprodução

Além do apoio universitário, o grupo também realizou exposição no Museu dos Povos Acreanos, com o apoio do Governo do Estado, através da Fundação Elias Mansour (FEM).

O dono das artes afirma ainda que tentou contato com o acreano anteriormente, mas diz que estava bloqueado nas redes sociais, não tendo acesso ao perfil do jovem.

Moura também fala que sua maior revolta com a situação foi o fato de Fontenele estar tomando espaços de outras pessoas, e que ele entende como é difícil se destacar no cenário local.

“O que me dói mais é ele tomar espaço de artistas mulheres. Porque uma das pessoas que vieram falar comigo foi uma artista mulher e ela tava falando, indignada, por ela me conhecer, conhecer meu trabalho. Ela relatou o que estava  acontecendo, com ela como artista, não tendo o espaço e nem a relevância que esse cara tá tendo. Ela com trabalho original com algo que ela tá fazendo que ela tá produzindo”, expõe.

Ezekiel Moura é artista plástico e reside atualmente em Curitiba/Foto: Cedida

“Conseguir reconhecimento entre seus iguais, olharam para o seu trabalho, ver alguma qualidade é muito difícil. Para conseguir esse espaço dentro dos lugares é difícil. Eu não tenho essa atenção aqui em Curitiba, por exemplo”, ressalta.

Moura diz ainda que o auxílio recebido pelas instituições públicas são outro potencializador que o acreano vem recebendo. “Eu imagino que lá no Acre, em Rio Branco, a faculdade seja mais generosa com as pessoas, ela está mais preocupada em absorver o que tá surgindo por lá”.

Em entrevista exclusiva ao ContilNet, Ezekiel Moura destaca que os maiores incômodos não são com os ganhos financeiros. “Quando você usa a poética, o trabalho de alguém, coloca na sua página, você se coloca como o autor daquelas ideias”, diz.

O artista ressalta, sobretudo, o capital social que vem junto com essa exposição. “Ele teve isso, ele teve esse ganho, esse espaço, sem referenciar de onde vieram essas ideias. Ele é um universitário, ele sabe das coisas, ele sabia que era errado, sabia que muitas pessoas prestaram atenção nele por causa disso”.

A situação toma contornos maiores por Fontenele ter recebido apoio público durante a carreira, junto ao coletivo/Foto:Reprodução

Posição de Fontenele

Ao ser procurado pela equipe do ContilNet, Fontenele diz que fez releituras de Ezekiel Moura entre os anos de 2020 e 2021, mas que nunca lucrou com as produções feitas neste período.

Sobre as vendas e lucros obtidos através da arte, ele faz questão de explicar de onde veio o principal lucro. “Eu nunca fiz um produto disso, nunca lucrei com isso, nunca, nada. Ele chegou a comentar comigo que existe uma certa padronização da forma que eu desenho o velho”.

O personagem seria um senhor melancólico criado por Ezekiel Moura, que é figurinha recorrente nas obras do artista. “A maneira como ele desenha é como eu representei em muitos e muitos dos meus trabalhos. Esse personagem, meio melancólico e contemplativo, é a maneira que eu fazia”, ressalta Ezekiel Moura.

Fontenele pontua também que não recebeu dinheiro público durante sua trajetória, entretanto é importante destacar que devido a notoriedade que conquistou no cenário local, ele, em conjunto com o coletivo Errantes, realizaram exposições em locais públicos como a Universidade Federal do Acre e o Museu dos Povos Acreanos.

O velho melancólico seria uma das marcas cooptadas por Fontenele, segundo Moura/Foto: Reprodução

Ele ainda diz que desde o surgimento do coletivo não faz mais uso de artes de terceiros e que todos os quadros são autorais.

Por fim, Fontenele diz que não tinha conhecimento do que seria considerado plágio e de como funcionava o processo criativo para o desenvolvimento da arte de maneira geral.

“Eu achava que o processo criativo era eu pegar um desenho que era em preto e branco e pintar, achava que o processo criativo era isso. Ninguém explica essas coisas quando começamos a desenhar. Peço desculpas ao Ezequiel, é isso”, diz Fontenele.

Ele reforça que não usa nada relativo ao trabalho de Moura nas exposições, mesmo mantendo o personagem do velho amargurado em suas produções, que teria sido inspirado pela criação do outro artista.

E os errantes? 

Em comum acordo entre os membro e curador, o coletivo de artistas Errantes decidiu por afastar Diego Fontenele, um de seus fundadores, após a polêmica envolvendo as acusações de plágio contra ele, referente as obras de Ezekiel Moura. Os outros artistas afirmaram não terem conhecimento, à época, das atitudes tomadas por Fontenele. É importante reforçar que o coletivo não tem responsabilidade quanto as ações individuais de seus participantes, por isso optaram pela exclusão de Fontenele.

Para aqueles que desejam acompanhar as obras de Ezekiel Moura, basta acessar seu perfil do Instagram @ezekiel.moura

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