O jovem brasileiro Murilo Lopes Santos, de 26 anos, morreu em combate na Guerra da Ucrânia, na cidade de Zaporizhzhia. Ele lutava no país europeu há quase dois anos. A morte do jovem foi confirmada na manhã da última sexta-feira (5/7).
Natural de Castro, nos Campos Gerais (PR), ele se alistou voluntariamente e chegou na Ucrânia no dia 3 de novembro de 2022. De acordo com a mãe dele, Rosângela Pavin Santos, Santos foi motivado pelo desejo de lutar ao lado das forças armadas ucranianas contra a invasão russa.
“Ele falava: ‘É muito covarde o que fizeram com a Ucrânia e eu quero defender’. E aquilo ficou na cabeça, no coração dele. Era o ideal que ele tinha”, disse a mãe, em entrevista ao G1.
A guerra da Ucrânia começou em 24 de fevereiro de 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia e fez ataques pela terra, pelo ar e pelo mar. O conflito não tem previsão de acabar. Murilo é o segundo paranaense morto no combate. Em agosto de 2023, outro homem do Paraná, de Curitiba, foi vítima da batalha.
Arquivo pessoal
Sonho de seguir carreira militar
De acordo com Rosângela, ela foi contra a decisão do filho, mas não conseguiu impedir que o rapaz cruzasse o mundo para luta pela Ucrânia. Segundo ela, isso refletia a essência de Murilo.
No Brasil, o jovem serviu o Exército no munícipio de Castro por cerca de um ano e meio e saiu apenas porque a instituição lhe deu baixa após ele ter prestado o tempo de serviço militar. A mãe lembra que ele tinha o sonho de seguir na carreira militar.
“Desde que ele saiu, ele nunca se desligou completamente. Ele fazia cursos online, aprendeu a língua, ele falava várias línguas. Ele fez o itinerário, comprou as passagens, foi sozinho, organizou tudo”, contou ela.
De acordo com a família, Murilo desembarcou em Cracóvia, na Polônia, e pegou um ônibus até a divisa com a Ucrânia. Depois, ficou cerca de um mês na cidade ucraniana Ternopil.
Em conversas com a mãe, o jovem relatava que não queria mais voltar a morar no Brasil e que tinha escolhido a Ucrânia como país para viver.
Segundo ela, Murilo era um homem reservado, de poucas palavras. O contato com ele era através de aplicativo de mensagens, que aos poucos foi ficando cada vez mais escasso. “Quando ele foi, mais no início, ele ligava até chamada de vídeo. Mas ultimamente estava bem mais complicado, era só mensagem sem áudio. Fazia uns dois meses e pouco que eu não ouvia a voz dele”, contou.
Morte informada por rede social
Rosângela teve o último contato com o filho na terça-feira (2/7), antes de ele ir para uma nova missão.
A notícia da morte chegou por meio de um colega de combate de Murilo, que mandou mensagem para o pai dele nas redes sociais na sexta, por volta das 11 horas.
“Ele falou que eles estavam sendo invadidos lá, que estavam sem luz. Disse que está bem complicado lá e que ia perder o contato […] Ele disse que não poderia me dar muita esperança”, relatou.
Ninguém da Ucrânia ou de embaixadas fez contato com a família, segundo Rosângela.
A família tem apenas um contato de outro brasileiro que também está lutando no conflito. Esse homem é natural do Rio Grande do Sul, segundo eles.
A angústia agora é tentar trazer o corpo do filho para o Brasil. A família diz não saber como e com quem falar.
“O que está sendo bem difícil é essa espera, porque a gente não sabe quanto tempo vai levar, quantos dias… Então, a gente fica de mãos atadas, sem poder fazer nada. Tô me sentindo muito impotente, a gente está bem perdido”, lamenta a mãe.