Com 15 anos e fã de Taylor Swift, estudante acreana é mestre nacional de xadrez; conheça

O Dia Internacional do Xadrez é comemorado anualmente em 20 de julho, marcando a fundação da Federação Internacional de Xadrez (FIDE) em 1924. A UNESCO propôs esta data, e a celebração começou em 1966, estabelecida pela FIDE. 

A estudante acreana Maria Alice Damásio Ricarte, de 15 anos, foi campeã do II Torneio Panamazônico Amador de Xadrez na categoria feminina em maio. No universo de reis, rainhas e torres, a garota se tornou mestre nacional feminina de xadrez, norma dada pela Confederação Nacional de Xadrez.

A estudante e jogadora de xadrez fala ao ContilNet neste sábado (20) sobre como começou sua relação com o xadrez:

“Eu não lembro o nome certo, mas foi quando eu ainda estava no ensino fundamental. Minha escola, que eu amo, incluiu o xadrez como atividade obrigatória, e a gente começou a tê-lo toda semana. Então, eu comecei a gostar. Tinha algo que me chamava atenção especial no xadrez”, revela.

Alice deixa claro que o esporte sempre chamou a sua atenção pela complexidade e pela necessidade de pensar em várias jogadas à frente. “Achei fascinante”, diz.

Ela destaca o papel de seu professor  Francisco Jonas e como ele a auxiliou nesse início de carreira. Com muito entusiasmo e uma partida no esporte brilhante, Maria Alice estava muito confiante em entrar em sua primeira competição escolar, em 2021, como os heróis medievais que inspiraram a criação do esporte. Pena que ela perdeu:

“Eu não consegui a vaga e lembro que fiquei muito triste. Minha mãe percebeu que eu realmente gostava de xadrez e falou: ‘Não, agora eu vou atrás de um professor para você, e você vai começar a ter aulas’. Minha rotina começou assim, porque eu perdi uma vez e ela queria que eu não perdesse mais”, detalha a entrevistada.

Maria Alice tem aula de xadrez uma vez por semana, normalmente aos sábados. Quando há um campeonato importante se aproximando, ela aumenta a frequência das aulas. Durante a semana, ela joga online, vê vídeos no YouTube e faz muitos exercícios de tática.

Rotina de competições

“Eu participo do que me mandam. Em algumas competições, eu sei que não tenho uma chance tão grande, principalmente aqui, onde não há muitas oportunidades. Quando jogamos com os meninos, geralmente jogamos contra os mesmos adversários. Porém, quando competimos, por exemplo, com os adultos, a situação é diferente”, diz a estudante sobre como funcionam suas competições.

Maria Alice foi a estudante do Acre com a melhor participação da história no xadrez nos Jogos Escolares Brasileiros.

Mas nem tudo é fácil para a pequena prodígio, assim como toda heroína, ela tem suas dificuldades:

“Eu tenho um grande problema com relação à ansiedade. Fico muito ansiosa e nervosa antes das partidas, mas preciso me controlar”, conta sobre o que passa em sua cabeça em alguns momentos nas partidas.

Panamazônico

A jogadora foi participar do Pan-Amazônico como preparação para os Jogos Escolares Brasileiros. Seu treinador de Minas Gerais a recomendou, dizendo que jogar com adultos a prepararia melhor. Ela estava sem expectativas, o que ajudou, afirmou:

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“Eu lembro nas duas primeiras partidas, eu acabei perdendo e esse tipo me deixou bem triste […] eu joguei contra duas pessoas muito fortes, que também ganharam o título de mestre nacional nesse torneio. Depois, joguei as outras três partidas e acabei ganhando. Na verdade, eu estava jogando sem muitas expectativas até a última partida, quando percebi que tinha uma chance”, detalha.

E acabou ganhando mesmo. Alice conta que, apesar de não ganhar um dinheiro ou algo físico, esta vitória trouxe algo mais importante para ela: acreditar mais em si mesma. 

Para além da mestre

Maria Alice gosta muito de assistir filmes e séries, e escutar música. Ela é fã da cantora estadunidense Taylor Swift e também de outros artistas de pop e indie. Ela fala quais seus filmes e séries favoritos:

“Eu acho que o meu filme favorito é ‘Little Women’ ou ‘Interstellar’, é um dos dois. E de série, é uma série tipo da Disney, que assistia quando eu era menor, mas eu tenho um carinho especial por ela, que se chama ‘Garota Conhece o Mundo”, conta.

Sobre seu gosto musical, Alice fala que não sabe se tem muita relação, mas acha que quem joga xadrez geralmente é mais calmo e gosta de ficar na sua. Ela gosta de “viver no seu mundinho”, tanto no xadrez quanto ouvindo Taylor Swift. Sobre seu futuro, a estudante fala que pretende cursar engenharia aeroespacial na Universidade Federal de Minas Gerais:

“E eu gostaria de levar o xadrez como uma profissão, mas hoje em dia no Brasil é muito complicado. Então, eu não sei. Eu não coloco essa como a minha primeira opção”, conta.

Maria Alice, apesar de falar sobre as complicações, reflete e comenta como pretende continuar jogando. Afinal é algo, que primeiramente, que lhe faz bem.