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Conheça a 1ª mulher a assumir o subcomando da PMAC após 100 anos de corporação

Por Maria Fernanda Arival, ContilNet

“Ser a primeira mulher a alcançar esse cargo me deixa honrada, pois além de ser uma coroação na carreira é uma quebra de paradigmas na instituição militar”, disse a coronel Marta Renata, primeira mulher a assumir o subcomando da Polícia Militar do Acre (MPAC). A oficialização da coronel aconteceu nesta semana, no dia 17 de julho, quando o governador Gladson Cameli publicou no Diário Oficial do Estado (DOE) a nomeação da coronel para a função e exonerou o coronel Emílio Virgílio do cargo.

SAIBA MAIS: Gladson troca subcomando da PM e oficializa coronel Marta Renata como 1ª mulher a assumir o cargo

Em 108 anos de Polícia Militar do Acre, nunca uma mulher assumiu a função de subcomandante. Para conhecer mais a história da primeira mulher nesse cargo, o ContilNet conversou com a coronel Marta Renata, de 44 anos.

Marta é formada em Letras e Direito pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e natural de Rio Branco. “Aos 22 anos e logo passei em concurso público para o magistério, inclusive como professora substituta da Ufac. No final de 2003 tive desejo de fazer vestibular para Direito, pois desde a adolescência era meu desejo. Porém, venho de uma família humilde e pensei muito em conseguir logo uma renda quando de minha escolha da primeira faculdade”, explicou.

Coronel da Polícia Militar, Marta Renata/Foto: Dhárcules Pinheiro/Sejusp

Apesar de chegar no último posto do oficialato, Marta Renata nunca sonhou em ser militar, mas foi uma escolha que avaliou seguir pela estabilidade funcional. A coronel contou que fez o concurso para oficial junto com o vestibular para Direito e passou nos dois.

“Iniciei a segunda faculdade no início de 2004, mas o curso de formação da PM demorou um pouco mais, só iniciando em 2005. Quando fui chamada para o curso de formação observei os cenários do mercado de trabalho e avaliei que seria uma boa oportunidade, então resolvi me matricular”, contou.

Marta explicou que o curso durou dois anos e foi o primeiro da PMAC que se exigia nível superior para oficial. “A rotina era muita intensa, só tínhamos hora para entrar, mas fui me adaptando bem às exigências militares”, ressaltou.

Marta Renata, foi diretora operacional da PM/Foto: Dhárcules Pinheiro

Primeira mulher no subcomando da PMAC

Com a oficialização no Diário Oficial do Estado, a coronel foi nomeada para um cargo jamais assumido por uma mulher no Acre. Ao ContilNet, Marta Renata lembrou da promoção à coronel que aconteceu em 2023.

“Me fez voltar ao curso de formação em 2005, fiz várias reflexões e não tive dúvidas: foi uma escolha maravilhosa, me sinto realizada profissionalmente, chegar ao último posto do oficialato é para poucos”, disse.

“Ser nomeada como sub-comandante geral da corporação me encheu de alegria e gratidão, mas também me vi diante de um grande desafio, que pretendo exercer com muita dedicação e zelo. Ser a primeira mulher a alcançar esse cargo me deixa honrada, pois além de ser uma coroação na carreira e uma quebra de paradigmas na instituição militar”, ressaltou.

Apesar de explicar que nunca sonhou em ser militar, a coronel relembrou que sempre recebeu apoio dos pais e do incentivo que recebeu, além de todo apoio que recebe da família. “Meus pais têm pouco estudo, sequer concluíram o ensino médio, mas sempre me incentivaram a estudar e conquistar o melhor que eu pudesse”, disse.

A coronel relembrou o apoio que recebeu dos pais e do orgulho que a família tem da profissional que ela é/Foto: Reprodução

Evangélica, casada e mãe de dois filhos, Marta disse que se considera uma vencedora, visto que rompeu muitos obstáculos por meio dos estudos e sempre acreditou nela mesma. “Nenhuma dificuldade fez com que eu me olhasse incapaz. Então, a mensagem que deixo para outras mulheres é que busquem o melhor para si, estudem, avancem e não permitam que ninguém as diminua por ser mulher. A carreira militar é muito desafiadora para as mulheres, mas nós podemos sim, conquistar nosso espaço”, afirmou.

Expectativas e projetos

Questionada sobre quais projetos a nova sub-comandante tem, ela respondeu que pretende dar continuidade às atividades que já desenvolvia na Diretoria Operacional, cargo que ocupou antes do sub-comando.

“Quero continuar fortalecendo o policiamento comunitário, com ações preventivas e que envolvam a comunidade, de modo que cada cidadão se sinta parte do processo de construção de uma cultura de paz. Nosso policiamento ostensivo, do ponto de vista da repressão, já é muito atuante e tem sempre uma resposta rápida em suas ações, mas certamente, sempre podemos avançar, sobretudo na capacitação da tropa”, finalizou.

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