Apesar da sigla curta, porém extensa, a prática BDSM – Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo – envolve, basicamente, jogos de hierarquia e obediência.
Celebrado mundialmente neste 24 de julho, o fetiche ganhou popularidade nas últimas décadas junto com a ascensão da internet e, hoje, pode ser trend e ter seus símbolos ocupando espaços nas passarelas e no guarda-roupa de muita gente.
24/7
A data foi criada pelo suíço Kurt Walter Fisher, fundador da primeira casa noturna europeia voltada para as pessoas que adotam o BDSM como estilo de vida: o clube Rosas 5, localizado em Barcelona, na Espanha. Fisher escolheu o dia, especificamente, para fazer referência ao termo 24/7, que identifica a vivência do BDSM 24 horas por dia, sete dias por semana.
Desde então, a data passou a ser mais comemorada, e, hoje, eventos acontecem em vários países. Esse universo, contudo, mesmo depois de ser popularizado, principalmente, pela trilogia Cinquenta tons de cinza, continua intrigando muitas pessoas.
Para desmistificar o tema, Marina Rotty e Marcio Wolf, um casal não-monogâmico consensual especializado em sexualidade e universo liberal, contaram como foram suas vivências no universo do BDSM.
“Eu tinha muita dificuldade na questão de entrega e submissão e, um dia, no nosso aniversário de casamento, eu comprei uma corda e dei de presente para ele. Foi um dos melhores presentes, não era só a corda, ele entendeu que o presente era eu por inteira”, explicou Marina. “Para eu me colocar nessa posição de me deixar ser amarrada, de me deixar submeter era um sinal de extrema confiança”, complementa.
Dor e prazer
A prática, sempre envolta por uma aura de curiosidade, é alvo de tabus e equívocos sociais. Isso porque há quem acredite que a união entre dor e prazer é insustentável.
Mas, antes de deslegitimar o fetiche, é necessário entendê-lo, compreendendo o que faz milhares de pessoas trocarem os buquês de flores por correntes e chicotes.
Segundo Marina e Marcio, um dos principais mitos é a associação automática entre BDSM e dor. “Muitas pessoas acreditam que o BDSM é sempre sobre dor e violência, mas isso está longe da realidade”, afirma Marina.
Para entender melhor a dinâmica, o casal explica que os pilares do BDSM incluem o SSC (Seguro, São e Consensual) e o RACK (Risco Assumido, Consensual e Conhecido).
“Isso significa que todas as atividades devem ser realizadas de maneira segura, com sanidade mental e com o consentimento informado de todos os envolvidos”, esclarece Márcio.
Além disso, eles detalham que os participantes estabelecem palavras de segurança para interromper a atividade a qualquer momento, e o aftercare garante que todos se sintam seguros e apoiados emocionalmente.
Para quem quer iniciar na prática, Marina e Marcio indicam que as pessoas comecem com jogos leves até sentirem vontade de aprofundar em algum caminho. Também é válido buscar informação em espaços e com profissionais dedicados ao BDSM.