ContilNet Notícias

Dragon Ball: Sparking Zero é fiel aos clássicos na medida certa; testamos

Por Tech Tudo

Dragon Ball: Sparking Zero é um novo jogo de luta tridimensional inspirado na obra de Akira Toriyama, que faleceu em março deste ano. O título busca resgatar a fórmula do clássico Budokai Tenkaichi, conhecido simplesmente como Sparking no Japão e que fez muito sucesso na geração do PlayStation 2 (PS2), em meados dos anos 2000. Os pontos de destaque dos jogos eram a quantidade de personagens jogáveis, incluindo aqueles mais obscuros e desconhecidos, e a liberdade para sobrevoar arenas, que sofriam dano conforme o andamento das batalhas. O lançamento está previsto para 11 de outubro com versões para PC (Steam), PlayStation 5 (PS5), Xbox Series X e Xbox Series S.

Dragon Ball: Sparking Zero é o Budokai Tenkaichi 4 que os fãs tanto pediram nos últimos anos — Foto: Divulgação/Bandai Namco

Em teste a portas fechadas na Gamescom Latam, em São Paulo, o TechTudo teve a oportunidade de conferir mais de perto como a desenvolvedora Spike Chunsoft, conhecida também por Jump Force, está resgatando a essência dos títulos originais. A jogabilidade é muito familiar e até mesmo replica o esquema de controles, embora esteja banhada por uma apresentação visual de última geração e com animações caprichadas, que prestam homenagem a acontecimentos importantes do anime. Confira, nas linhas a seguir, as primeiras impressões de Dragon Ball: Sparking Zero.

Dragon Ball: Sparking Zero promete o maior elenco de personagens da franquia e chega em outubro para PC e consoles — Foto: Divulgação/Bandai Namco

O maior elenco de personagens da franquia

Quando pensamos em Dragon Ball Z: Budokai Tenkaichi, logo vêm à mente as telas de seleção comicamente imensas. Isso também acontece em Sparking Zero, que promete o maior elenco de personagens da história da franquia — cerca de 160 já no lançamento. É claro que isso significa que teremos múltiplas versões de lutadores como Goku, Vegeta, Gohan e outros com suas respectivas transformações e técnicas, mas a atenção que o título dá para personagens que nunca teriam uma chance em um jogo de luta mais tradicional é bastante notória.

Entre os mais inusitados, presentes na versão de testes, estava Bergamo, que aparece no arco do Torneio do Poder de Dragon Ball Super. Também tinha espaço para Burter, das Forças Especiais Ginyu, e que denota a possível presença dos seus colegas de equipe, assim como acontecia nos jogos originais. Ainda não está claro se o jogo incluirá personagens da saga GT já no lançamento ou como DLCs, ainda que o time de desenvolvimento tenha intenção de adicioná-los.

Dragon Ball: Sparking Zero terá personagens até a temporada de Dragon Ball Super — Foto: Divulgação/Bandai Namco

Vale notar que a interface dos menus ainda parecia bastante crua, sem contar que demorava para selecionar todos os personagens desejados na equipe, pois era preciso aguardar uma animação até liberar o seletor novamente. Realmente senti a falta de uma interface de usuário mais estilizada e criativa, como acontecia nos jogos de PS2. Ainda assim, vale notar que se trata de uma versão ainda em desenvolvimento e que pode passar por alterações nos próximos meses.

Em contrapartida, o jogo chamou bastante atenção pela rapidez para iniciar as partidas. Assim que os personagens estavam definidos e o campo de batalha era selecionado, não demorava mais do que dois segundos para que a ação começasse a desenrolar.

Diversão à moda antiga

Os primeiros minutos de Dragon Ball: Sparking Zero já funcionam como uma viagem no tempo. Isso porque o jogo dá a opção de selecionar o esquema de controles: um modernizado, pensado para uma nova audiência; e o clássico, que simula os controles dos títulos originais. O jogo rapidamente ativou a memória muscular que ainda restava em mim e controlar os personagens livremente pelas arenas foi bastante satisfatório.

Por ser um jogo de luta em arena, é possível se divertir despretensiosamente ao apertar o mesmo botão repetidas vezes para desferir combos. No entanto, há um nível de profundidade que jogadores mais dedicados podem explorar. Por exemplo, existe uma mecânica que permite aparar golpes do adversário para impedir investidas ou até mesmo combos. Se executado no momento certo, isso pode garantir muita vantagem. A movimentação livre também é fundamental para desvencilhar de técnicas de longo alcance e encurtar a distância do adversário.

Assim como os clássicos, Dragon Ball: Sparking Zero traz uma movimentação livre e grande ênfase na destruição de cenários — Foto: Divulgação/Bandai Namco

Os jogadores podem segurar o gatilho para carregar a barra de Ki, que dá acesso a técnicas-assinatura e que são mais danosas. Também existe uma segunda barra, que se enche conforme o andamento da batalha, que permite o acesso a transformações e trocas de personagem durante o combate. Essa também é outra característica marcante da série, já que é possível até mesmo realizar fusões caso os personagens necessários estejam na equipe e cumpram os requisitos.

Com tudo isso dito, não é exagero dizer que Sparking Zero se trata, de fato, de um Budokai Tenkaichi 4. O jogo não está interessado em oferecer uma experiência balanceada e pensada para o competitivo, até porque isso seria impossível com um elenco tão robusto de personagens. Em vez disso, ele está focado na diversão e em homenagear momentos marcantes da obra original, com suas animações de altíssima qualidade.

Salto visual e performance

A Spike Chunsoft teve muita dificuldade para acertar a direção artística dos seus jogos após a época de ouro do PlayStation 2. No entanto, Dragon Ball: Sparking Zero mostra que a empresa aprendeu bastante com seus últimos erros e entrega um espetáculo visual. Os cenários, que são destrutíveis, têm um aspecto um pouco mais realista, mas os personagens chamam a atenção com seus contornos típicos de desenho animado e modelos caprichados.

Os especiais cinematográficos, que são uma presença constante nas partidas, têm animações que não devem em nada a sucessos como Dragon Ball FighterZ, ainda que as técnicas aplicadas sejam diferentes. É como assistir ao anime, e isso com certeza deve agradar os fãs que prezam pela fidelidade dos seus personagens e situações. Tudo fica ainda melhor com a localização em português do Brasil, embora infelizmente o jogo não tenha dublagem no nosso idioma.

Também chama a atenção a quantidade de efeitos nas telas. Por sinal, todos os efeitos de destruição, energia e faíscas são estilizados, como se saltassem dos painéis dos mangás, e acrescentam bastante valor à direção artística. Também há cenários bastante detalhados, como por exemplo uma metrópole futurista.

Dragon Ball: Sparking Zero chama a atenção com seus visuais — Foto: Divulgação/Bandai Namco

Foi possível notar algumas inconsistências, em especial com relação ao posicionamento da câmera. Não eram raros os momentos em que era possível enxergar através do chão, por exemplo. Também havia momentos em que a câmera se distanciava de repente da batalha, perdendo o foco dos personagens. Para aqueles que sofrem de cinetose, também vale notar que a câmera tem um efeito de tremulação e instabilidade constante. Com sorte, será possível desativar isso nas opções de acessibilidade.

Com relação à trilha sonora, não foi possível ter uma impressão muito positiva. As lutas aconteciam com apenas uma música, que se repetia exaustivamente. Ela já tinha ficado enjoativa já na segunda batalha, e isso definitivamente não é um bom sinal. Resta torcer para que as músicas da versão completa sejam interessantes e incluam, quem sabe, algumas das mais icônicas do anime.

Empolgou?

Dragon Ball: Sparking Zero é o jogo que os fãs da série pediam há muito tempo. E isso pode servir tanto para o bem quanto para o mal, já que Budokai Tenkaichi é fruto de uma geração que estava habituada com o multiplayer local. O novo jogo também traz a opção, mas com limitações que podem ser um banho de água fria: apenas o cenário da Sala do Tempo estará disponível devido a limitações técnicas.

Além disso, a Spike Chunsoft é uma empresa que, tradicionalmente, não acerta a mão na funcionalidade online dos seus jogos. Até o momento, não há detalhes sobre o jogo incluir suporte a netcode de rollback e crossplay para partidas mais estáveis e que não dividam a sua base de jogadores em diferentes plataformas.

Ainda assim, a experiência com o jogo foi bastante satisfatória e despertou a curiosidade para conferir seu elenco completo e modos de jogo, que inclui revisitar eventos canônicos em cenários hipotéticos, dependendo das escolhas do jogador. A impressão que fica é a de que Sparking Zero será o melhor jogo de luta em arena da Spike Chunsoft em décadas, com potencial para resgatar o interesse pela fórmula entre o público casual.

Sair da versão mobile