“Inferno”: personal diz que stalker ainda o persegue, mesmo internada

Mesmo internada em uma clínica, empresária continua perseguindo personal trainer por meio de calúnias endossadas por outras pessoas

personal trainer que teve a rotina virada de cabeça para baixo após ser alvo de stalking por uma empresária, conforme denúncia feita ao Metrópoles, disse que sua vida continua “um inferno”, mesmo depois de a acusada ter sido internada em uma clínica de reabilitação.

A vítima, que pediu para não ter o nome publicado, afirma ser perseguida pela empresária Lilian Mohamad Atiê, de 35 anos, desde março, por meio de ataques racistas, feitos mediante mensagens de textos em depósitos de R$ 0,01 via Pix (veja galeria abaixo). Atualmente, os ataques, segundo o personal, vêm sob a forma de falsas acusações de dívidas e calotes.

Ofensas via Pix

As primeiras ofensas contra a vítima foram feitas em março no campo destinado a mensagens do sistema Pix. Injúrias raciais como “macaco” e “gorila” tinham como origem a conta bancária da empresária, dona de uma loja de acessórios de celular no centro de São Paulo.

Ela foi procurada pelo Metrópoles em junho, quando a primeira reportagem sobre o caso foi publicada, mas não se manifestou. Após a repercussão do caso, a família de Lilian a internou em uma clínica, cuja localização não foi informada.

Os ataques ao personal trainer não são um caso isolado. A empresária já havia sido internada em outra ocasião por perseguir outra pessoa — fato admitido pela própria Lilian à vítima, que era seu professor de academia. A esta altura, os dois mantinham um caso amoroso. Quando soube disso, o personal decidiu interromper “o rolo”. A partir daí, segundo seu relato, os ataques racistas começaram e sua vida “virou um caos“. O caso é investigado pela Polícia Civil.

Reprodução

Perseguição continua

Mesmo internada, Lilian conseguiu acessar a comunidade fechada de uma rede social, onde teria lançado injúrias contra o personal. Se fazendo passar por uma garota de programa, ela disse ter tomado “um calote” dele.

No mesmo grupo, ela divulgou o número de telefone do professor de academia, que desde então recebe mensagens com ataques e ameaças. “Recebi até a ameaça de um cara, que se diz agiota, que falou que assumiu a dívida dela e começou a me cobrar. Mas isso é mentira, não existe dívida.”

O início do “caos”

O personal disse que conheceu Lilian após marcarem um encontro pela internet, no início do ano. Ela era aluna na academia onde ele dá aula. Ambos, porém, frequentavam o local em horários diferentes. “Nos encontramos, ficamos, trocamos contato e conversamos por mensagens”, contou. Depois, segundo, começaram a se ver, “sem compromisso, aos fins de semana”.

O “rolo” teria durado dois meses, segundo a vítima de stalking. Após Lilian contar que tinha sido internada duas vezes em clínicas de reabilitação, uma delas por ter perseguido outro homem, ele ficou alerta. “Eu nem sabia que existia internação por causa de comportamento, desse jeito, fiquei surpreso.”

Depois disso, ele decidiu pôr um fim à relação, “para evitar problemas futuros”.

“Daí em diante, foi o caos. Ela não aceitou. Eu não tinha prometido nada para ela, sobre a gente se relacionar seriamente. Só disse que não queria mais que a gente ficasse.”

Até aí, segundo o professor de academia, Lilian não tinha apresentado um comportamento estranho. “Ela conversava numa boa, não mostrava essa psicopatia toda.”

Ataques via Pix

Lilian teria começado a perseguir o professor em redes sociais e, por isso, ele a bloqueou. A partir daí, ela começou a enviar depósitos de R$ 0,01, via Pix, com mensagens de teor racista, chamando o personal de “macaco”, “gorila” e “neguinho”.

Um dos ataques, segundo print enviado à reportagem pela vítima, ocorreu às 13h14 de 17 de junho, pouco antes de a empresária ser novamente internada. No assunto do depósito, de R$ 0,01, ela escreveu: “Macaco do caralho kkkk”. Ainda no período da tarde, ela compartilhou, no Instagram, uma foto de biquíni ao lado de uma piscina.

O professor disse ao Metrópoles que, somente em um dia, chegou a receber R$ 2 de depósitos com mensagens ofensivas e racistas. “Imagina, receber 200 mensagens, desconexas. Isso em apenas um dia.”

Falso programa

Além das injúrias por escrito, a empresária também fez postagens expondo o professor. Em uma delas, está ao lado dele, sorrindo. Na legenda da foto, Lilian escreveu que ele havia “feito um programa” com ela e não pagou.

“Ela fez isso para me queimar. Ela também espalhou que eu sou gordofóbico, que não dou aula para pessoas obesas, é tudo mentira.”

A empresária, acrescentou o professor, também espalhou que ele seria “caloteiro”, supostamente recebendo o pagamento por aulas que não ministrava.

O personal trainer afirmou ter tentado, amigavelmente, fazer com que a empresária parasse com os ataques racistas e a difamação. Porém, ele chegou ao limite e, na primeira metade de junho, decidiu registrar um boletim de ocorrência. Ele tomou a decisão após assistir à série Bebê Rena, da Netflix, e se identificar com o protagonista.

No documento, o rapaz afirma que, além de ser chamado de “orangotango”, “gorila” e “macaco”, a empresária teria pulado o muro do condomínio onde ele mora e ameaçado quebrar o carro do personal. Ela chegou a fazer fotos perto do veículo e as enviado, via WhatsApp, à vítima.

O advogado Reinalds Klemps está dando suporte jurídico ao personal. Ele afirmou ter tomado “todas as providências” nas esferas criminal e cível. “Aguardamos ansiosamente a punição da infratora.”

Polícia não ouviu empresária

A Polícia Civil recebeu todas as provas dos ataques racistas contra o professor, há quase um mês e, até o momento, não procurou a empresária para colher o depoimento dela. O personal afirmou sentir que seu caso não é levado a sério pelas autoridades.

Secretaria da Segurança Pública (SSP) foi questionada sobre a situação. Em nota, enviada nessa quarta-feira, a pasta afirmou que as investigações “seguem em andamento” pelo 8º DP (Brás).

A SSP confirmou que, em 12 de junho, quando a vítima registrou o boletim de ocorrência, as “provas de sua alegação [crime de racismo]” foram apresentadas no distrito policial. A suspeita, disse ainda, seria “intimada para depor”.

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