A mineira Carolina Arruda Leite, de 27 anos, está fazendo uma vaquinha para morrer. Ela deseja arrecadar dinheiro para realizar uma eutanásia na Suíça, onde o procedimento é legalizado. A jovem tem uma doença chamada de neuralgia do trigêmeo, que é conhecida por provocar o que seria “a pior dor do mundo”.
Quando está em crise, a estudante de veterinária sente dores tão intensas que chega a vomitar. Carolina convive com “a pior dor do mundo” há 11 anos e já passou por diversos tratamentos, incluindo quatro cirurgias e diferentes tipos de medicação, mas, até aqui, nada proporcionou alívio à condição e, os médicos consultados por ela disseram que não há outras opções de terapia.
“A dor é tão intensa que torna impossível realizar tarefas diárias simples, manter relacionamentos ou mesmo encontrar prazer em atividades que antes eram parte da minha rotina. Cada dia é uma batalha constante e exaustiva. A esperança de uma vida sem dor tem se tornado cada vez mais distante, e a qualidade de vida, praticamente inexistente”, explicou Carolina em seu pedido de arrecadação de dinheiro para fazer o suicídio assistido. Até quinta-feira (4/6), ela tinha arrecadado cerca de 30% do valor necessário para a viagem.
O que é a neuralgia do trigêmeo?
A anestesista e especialista em dor Cristina Flávia, da Clínica AcolheDOR, em Brasília, esclarece que as dores decorrentes da neuralgia do trigêmeo são realmente muito intensas e incapacitantes. “Essa dor é uma das mais fortes que conseguimos experimentar. Ela pode ocorrer pro vários motivos, especialmente com a compressão vascular do nervo dentro do crânio”, afirma a médica. No caso de Carolina, ela tem o problema dos dois lados do rosto.
A dor é semelhante a um choque elétrico ou a fortes pontadas. A condição é bastante confundida com uma dor de dente intensa e prolongada, mas é descrita pelos pacientes como a pior dor imaginável.
A condição geralmente é causada por um bloqueio de uma artéria intracraniana, principalmente na saída do nervo no tronco cerebral. Existem tumores e cirurgias que podem levar a compressões semelhantes.
“O tratamento dos pacientes deve ser individualizado conforme a causa da compressão dos nervos, contudo existem casos de neuralgia onde não se pode determinar a causa”, diz Cristina Flávia. A maioria responde bem a tratamentos medicamentosos, com o uso de anticonvulsionantes ou com a resolução daquilo que está provocando a compressão dos nervos, mas os casos devem ser tratados individualmente.
No caso de Carolina, porém, ela afirma que nenhum tratamento foi eficiente e que as dores crônicas a fizeram entrar em uma depressão profunda.