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Kamala ataca Trump em 1º comício como pré-candidata: ‘Sei lidar com criminosos’

Por G1

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, disse que pretende obter a indicação do partido democrata para assumir a candidatura do partido nas eleições presidenciais e vencer a eleição contra Donald Trump.

A fala aconteceu durante seu primeiro comício eleitoral em Willimgton, Delaware, na noite desta segunda-feira (22).

Kamala Harris faz pronunciamento em comício em Delaware em 22 de julho de 2024. — Foto: Reprodução/Globonews

O presidente dos EUA, Joe Biden, participou do comício por telefone e fez um breve discurso antes de Kamala tomar o microfone. Biden disse que ‘tomou a decisão certa’ ao desistir da corrida eleitoral. O discurso ocorreu de forma animada e houve trocas de elogios entre Kamala e Biden ao longo do discurso da vice.

A vice-presidente cutucou o candidato republicano Donald Trump e disse que “sabe quem é Donald Trump” e que “sabe lidar com criminosos”.

“Kamala vai com tudo para cima do Trump de forma bem enérgica. Ela mudou a dinâmica da campanha”, disse o comentarista da GloboNews Guga Chacra.

Kamala também tocou em assuntos como o aborto, um dos temas polêmicos que dividem as campanhas, e prometeu colocar o direito ao aborto na lei dos EUA caso seja eleita

Kamala também prometeu fortalecer a classe média dos EUA. Criticou o Projeto 2025, atribuído pelos democratas à campanha de Trump, dizendo que a classe média será enfraquecida caso o republicano vença o pleito.

‘Legado de Biden é incomparável’

Kamala Harris disse que “o legado de Biden é incomparável” em primeiro discurso nesta segunda (22) após a desistência de Biden e apoio do presidente na campanha à presidência no domingo. Kamala é atualmente a favorita para assumir a candidatura democrata.

Em breve discurso, no contexto de um evento da Associação Atlética Universitária Nacional na Casa Branca, em Washington, Kamala agradeceu Joe Biden pelo apoio e elogiou seu legado como presidente.

Kamala recebeu o apoio de Joe Biden para a indicação democrata nas eleições após o presidente ter desistido da corrida eleitoral no domingo (21).

A vice-presidente se tornou uma das favoritas dentro do partido para assumir a candidatura e enfrentar Donald Trump, mas não foi oficializada ainda. Diversos outros políticos democratas declararam apoio público à vice-presidente, inclusive a maioria dos principais nomes do partido que poderiam disputar a indicação com ela.

Logo antes de subir ao palco, Kamala postou em suas redes sociais que “juntos, vamos vencer” e que fará sua primeira viagem de campanha na condição de candidata ainda nesta segunda (22). Seu primeiro evento público ocorrerá enquanto ela se esforça para se definir rapidamente para os eleitores democratas.

“Este é o primeiro dia completo da nossa campanha, então estou indo para Wilmington, Delaware, mais tarde para dizer “olá” à nossa equipe na sede. Um dia se passou. Faltam 105. Juntos, vamos vencer isso”, disse a vice-presidente.

Apoio de Biden

Logo após desistir da corrida eleitoral no domingo (21), Joe Biden declarou seu apoio a Kamala Harris na disputa pela indicação democrata. Kamala disse que está honrada com o apoio do presidente e que vai fazer de tudo para unir o Partido Democrata e os EUA para derrotar Donald Trump nas eleições em novembro.

“Em nome do povo americano, agradeço a Joe Biden por sua liderança extraordinária como Presidente dos Estados Unidos e por suas décadas de serviço ao nosso país. Estou honrada por ter o apoio do presidente e minha intenção é merecer e ganhar esta nomeação. Farei tudo ao meu alcance para unir o Partido Democrata — e unir nossa nação — para derrotar Donald Trump e sua extrema agenda Projeto 2025. Se você está comigo, faça uma doação agora mesmo”, disse Kamala.

O nome de Harris ainda não foi confirmado oficialmente para assumir a candidatura democrata, mas diversos nomes do partido já estão manifestando apoio a ela. A vice-presidente pode enfrentar concorrência de outros nomes fortes no partido.

O candidato republicano Donald Trump disse após a renúncia de Biden que crê ser mais fácil de derrotar Kamala na disputa do que Joe Biden. O comentário do candidato republicano foi feito à rede americana “CNN” logo após o anúncio da desistência de Biden.

Quem é Kamala Harris

Kamala, de 59 anos, é a primeira mulher a se tornar vice-presidente dos EUA. Formada em Direito e Ciências Políticas, ela foi procuradora da cidade de São Francisco e, depois, do estado da Califórnia. Kamala também foi senadora pelo estado entre 2017 e 2020.

Ela chegou a se apresentar como pré-candidata à Casa Branca para as eleições de 2020 e liderou algumas pesquisas dentro do Partido Democrata. No entanto, perdeu apoio e desistiu da corrida por falta recursos financeiros.

Filha de mãe indiana e pai jamaicano, ela foi escolhida para integrar a chapa democrata para atrair minorias, sendo ela mulher, negra e filha de imigrantes.

A opção por Harris foi fundamental para a eleição de Biden, já que funcionou como um chamariz para convencer eleitores negros a votar no pleito de 2020.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (21) que desistiu de concorrer à reeleição e disse apoiar a vice-presidente Kamala Harris para liderar chapa democrata. Em um comunicado no X, Biden disse que cumprirá o seu mandato até janeiro de 2025 (leia a íntegra mais abaixo).

“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, escreveu Biden.

Logo após saber da desistência, Donald Trump, candidato republicano, disse em sua conta no Truth Social que Biden “não estava apto para concorrer à presidência”.

O ex-presidente Barack Obama também se manifestou sobre o caso. Em um comunicado publicado na plataforma Medium, o democrata classificou Biden como “um patriota da mais alta ordem”. Biden foi vice-presidente na gestão Obama entre 2009 e 2017.

A desistência ocorre após pressões do partido e de parte do eleitorado democrata. A crise na campanha de Biden começou no fim de junho, quando ele teve um mau desempenho em um debate contra Donald Trump. À época, a capacidade cognitiva do presidente foi colocada em dúvida.

Até o momento, o presidente resistia à pressão de diversas maneiras. Ele deu entrevistas, fez uma reunião com governadores democratas e negou alegações de que sofria um declínio cognitivo e físico. Biden afirmou várias vezes que não iria desistir e que venceria a eleição.

No entanto, nos últimos dias, os rumores de desistência aumentaram. O ex-presidente Barack Obama e a ex-líder da Câmara Nancy Pelosi, duas fortes vozes no Partido Democrata, demonstraram insegurança com o atual presidente.

Biden foi diagnosticado Covid-19 na quarta-feira (17) e teve de suspender eventos de campanha. Desde então, ele está em isolamento em sua casa em Delaware. Segundo a imprensa norte-americana, diante da pressão, ele começou a ficar mais reflexivo sobre a candidatura.

Uma fonte disse à Reuters que a decisão ocorreu neste domingo. “Na noite passada, a mensagem foi para seguir em frente com tudo, a todo vapor. Por volta das 13h45 de hoje, o presidente disse à sua equipe sênior que havia mudado de ideia”. A decisão pegou muitos funcionários da Casa Branca de surpresa.

O Partido Democrata ainda não anunciou quem vai ser o novo candidato para disputar a eleição contra Trump.

Debate

Durante a disputa televisionada no final de junho, Biden apresentou voz rouca — atribuída a um resfriado —, pouco entusiasmo e hesitou em diversos momentos. Trump, por outro lado, despejou uma série de mentiras com calma e de forma assertiva, sem ser corrigido por Biden.

O debate foi o “início do fim” para Biden, de 81 anos. Dúvidas relacionadas à idade e aptidão do presidente para um mandato de mais quatro anos desencadearam uma crise no partido democrata. Dentro do partido, começou a surgir a ideia de substituição.

As eleições dos EUA acontecem em 5 de novembro. A Convenção Nacional Democrata, que vai oficializar o candidato do partido que vai disputar a Casa Branca, será entre 19 de agosto e 22 de agosto.

O ‘início do fim’

Após a má performance de Biden no debate, a imprensa norte-americana citou o estado de pânico de entre os democratas. Colegas de partido se preocuparam com a capacidade do presidente para mais um mandato.

Em evento de campanha no dia seguinte ao encontro com Trump, Biden reconheceu a questão da idade e disse que não debate como antes, mas afirmou que sabe “dizer a verdade” e que pretendia vencer a eleição.

Ainda no dia seguinte, diversos veículos americanos como os jornais “The New York Times”, “The Wall Street Journal” e a revista “The Economist” — que apoiavam o presidente — publicaram editoriais pedindo para que Biden desistisse da candidatura à presidência.

Mesmo com relatos da mídia americana e de agências de notícias de que os democratas consideravam sua substituição no pleito, o apoio de políticos e figuras democratas a Biden permaneceu unânime durante alguns dias.

A pressão, no entanto, cresceu com declarações de políticos democratas em exercício e figuras importantes do partido, como Nancy Pelosi.

Veja a íntegra do comunicado

Meus queridos americanos,

Nos últimos três anos e meio, fizemos grandes progressos como nação.

Hoje, a América tem a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução de nossa nação, na redução dos custos de medicamentos prescritos para idosos e na expansão do atendimento de saúde acessível para um número recorde de americanos. Prestamos cuidados extremamente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovamos a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeamos a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. E aprovamos a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve melhor posicionada para liderar do que estamos hoje.

Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, superamos uma pandemia de uma vez por século e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças ao redor do mundo.

Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre apenas em cumprir meus deveres como presidente pelo resto do meu mandato.

Falarei à nação mais detalhadamente sobre minha decisão ainda esta semana.

Por enquanto, permitam-me expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tão duro para me ver reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo esse trabalho. E permitam-me expressar minha sincera gratidão ao povo americano pela fé e confiança que vocês depositaram em mim.

Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer quando fazemos juntos. Só temos que lembrar que somos os Estados Unidos da América.

Comunicado de Joe Biden — Foto: Reprodução/X

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