Mariana Xavier, que se tornou militante do movimento corpos livres, contou como foi seu processo de aceitação. A atriz, que assume ser uma mulher gorda, lamentou ter sido vítima da ditadura da magreza, buscando medicamentos para emagrecer, enquanto tentava se encaixar no padrão que a sociedade exige.
“Não fui sempre uma pessoa gorda e nem era militante da causa. Aos 18 anos, quando meu corpo começou a oscilar e não respondia da mesma maneira, comecei a tomar a tomar remédio porque ouvia que ser mulher e gorda era o fim do mundo, ter 5 kg a mais era um crime”, disse para a Marie Claire.
Mariana explicou que, durante esse processo, acabou tendo efeito rebote: “Sou o típico caso do que não fazer quando quer ser magra: tomava remédio, parava e engordava o dobro e assim essa margem foi aumentando até que, no último, engordei 25 kg em um ano”.
A Marcelina, do filme Minha Mãe é Uma Peça, esclareceu que o uso de substâncias para reduzir o peso acabaram por prejudicar sua saúde. “Eu tomei muito remédio para emagrecer, todos os que puder imaginar. Meus hormônios começaram a ficar zoneados, não respondiam mais à alimentação e aos exercícios. Me tornei gorda tentando emagrecer e posso dizer que fui vítima desta ditadura da magreza”, frisou.
Xavier reforçou que decidiu divulgar sua história como forma de ajudar outras pessoas que passaram pela mesma situação que ela: “Passei a ser alguém que escolheu compartilhar as próprias histórias para evitar as violências que eu cometi contra meu corpo e minha cabeça”.
Mariana Xavier encerrou a entrevista lembrando que é preciso ter senso para falar da estética alheia, uma vez que é algo muito deliciado para julgar. “As pessoas esquecem que saúde mental é importante e não têm noção do quanto é grave usar a palavra ‘magra’ como um elogio. Quantos transtornos de imagem são estimulados fazendo esta associação! A gente não sabe a que preço ela tem este corpo. É uma loucura ter de se privar de tudo para se encaixar em um padrão. É algo que não quero mais”, finalizou.