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“Médico das Estrelas”: veja fotos de mulher com necrose após lipo

Por Metrópoles

A empresária Sayara Karyta de Sousa Rego, 29 anos, sofreu uma reviravolta na vida após se submeter a um procedimento de lipoaspiração, conhecida como Lipo HD (“High Definition”) ou Lipo LAD – Lipoaspiração de Alta Definição, na barriga e nas costas. Ela sofreu necrose e queloides severas e processou o cirurgião plástico Wilian Pires, 37 anos.

O procedimento ocorreu em setembro de 2020. Desde então, a vítima tenta se recuperar do trauma e das marcas que ficaram marcadas na pele.

Na época, a empresária procurou o cirurgião para remover a gordura localizada que a incomodava na região da barriga e costas.

Na consulta pré-operatória, o médico afirmou que conseguiria definir melhor os músculos de Sayara. Segundo ele, os cortes seriam pequenos, com cerca de um centímetro, e o resultado final poderia ser observado somente após algumas semanas, por conta de possíveis edemas e inchaço.

Feridas no corpo

Após desembolsar R$ 15 mil, a empresária passou pelo procedimento conduzido por Wilian Pires, em Goiânia. No entanto, já nos primeiros dias após a cirurgia, Sayara estranhou as feridas que surgiram pelo corpo, e suspeitou que não eram hematomas comuns de uma lipoaspiração.

Ao procurar o médico, ele teria afirmado à paciente que, apesar de raras, realmente poderiam ocorrer complicações pós-cirurgia, como necrose e queimaduras, mas que nenhuma paciente que ele havia operado até aquele momento havia apresentado lesões semelhantes às da brasiliense.

Em 12 de setembro de 2020, a empresária procurou a emergência de um hospital particular, com suspeita de trombose. Exames médicos confirmaram o diagnóstico e ela precisou ser internada. Como não tinha plano de saúde nem recursos financeiros para arcar com as despesas da internação, a empresária pediu a ajuda ao médico para transferi-la para um hospital público. Contudo, no dia seguinte, após ser medicada e apresentar melhora do quadro, teve alta médica, antes mesmo da transferência ocorrer.

Necrose avançada

Insegura com relação às complicações do pós-operatório, a empresária procurou outro cirurgião plástico para examinar suas lesões. O médico descobriu que havia necrose de grau elevado em grande área no dorso, na altura da cintura e necrose de menor intensidade na região espinha ilíaca esquerda e supra umbilical.

O profissional atestou que as lesões apresentavam afundamento característico de “lipo muito superficial”. Em fevereiro de 2020, cerca de cinco meses após o procedimento estético, a empresária retornou ao médico que fez sua segunda avaliação. Ele indicou tratamento com fisioterapia voltado para recuperação da ferida por 12 meses, e a orientou a iniciar novas condutas apenas quando a pele da região estivesse com “consistência normalizada”.

Segundo o cirurgião, a “necrose pode ter sido ocasionada por infiltração de solução com vasopressor muito concentrada ou muito superficial, ou, lipoaspiração muito superficial”, indicando, assim, a existência de erro médico.

Quem é Wilian Pires

O médico goiano Wilian Pires é formado pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), fez residência em cirurgia geral no Hospital das Forças Armadas do Distrito Federal (HFA) e cursos nos Estados Unidos, na Colômbia e República Dominicana. O médico é especialista em lipo de alta definição (LipoHD), mamoplastia e mastopexia.

“Comecei a faculdade no Tocantins, depois consegui transferência para Brasília e por lá fiquei em torno de 10 anos até me tornar cirurgião plástico. Fiz e continuo correndo atrás de cursos no Brasil e fora do país a fim de aprimorar as técnicas da cirurgia plástica, trazer, de todos os cantos do mundo, o que temos de melhor na área e na experiência do paciente, para nossas estrelas”, diz ele nas redes sociais.

Entre as celebridades atendidas pelo médico, estão a ex-BBB Paula Freitas e a influencer Paula Carolyne.

Condenação

No último dia 27, Wilian foi condenado a dois anos de prisão e 10 dias-multa, calculados em cima de um trigésimo do salário mínimo vigente à época dos crimes, segundo decisão a qual o Metrópoles teve acesso. Ao médico, contudo, foi ofertada pena restritiva de direitos no lugar da pena restritiva de liberdade. Além disso, ele poderá recorrer ao processo em liberdade.

“O denunciado foi condenado pela prática de associação criminosa e estelionato. As penas de reclusão devem ser somadas na forma do artigo 69 do Código Penal. Assim, procedo à cumulação das penas, resultando a pena, definitivamente, em dois anos de reclusão e 10 dias-multa, calculados à razão de 1/30 do salário mínimo vigente à época do fato”, disse o juiz responsável pelo caso.

Navio fantasma

Em 2020, Wilian Pires se tornou alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos no âmbito da Operação Navio Fantasma, desencadeada pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) da PCDF.

O médico, segundo as investigações, forjou o incêndio que destruiu um barco de luxo de 50 pés. A lancha foi incendiada em 11 de dezembro de 2019, por volta das 20h, às margens do Lago Corumbá, em Caldas Novas (GO).

O cirurgião teria assinado o seguro do barco e se intitulou dono do bem. Em seguida, com ajuda de comparsas, simulou o incêndio para receber o dinheiro do seguro. Os valores chegariam a quase R$ 800 mil.

Os investigadores da DRF foram ao apartamento do médico, na 403 Norte, em Brasília, mas não o encontraram. À época, ele estaria em Goiânia, onde atendia pacientes interessados em passar por procedimentos estéticos.

O outro lado

Procurado pela coluna, o médico informou, por meio de nota, que “ainda não foi notificado oficialmente da decisão judicial que o condena por prática de associação criminosa e estelionato, no caso do incêndio de uma lancha em 2019 no Lago Corumbá, em Caldas Novas. A equipe jurídica do médico deve recorrer e prestar todos os esclarecimentos à Justiça. Apaixonado por viagens, Wilian Pires está em viagem com os pais no Canadá, onde também aproveita pra trocar experiências com outros cirurgiões plásticos”, diz o texto.

Leonardo Nascimento e Raquel Alves, advogados de Sayara, dizem que, embora o recurso tenha sido parcialmente provido para aumentar a indenização, o valor fixado pelo TJDFT ainda não é suficiente para compensar o dano moral e estético que a empresária sofreu. “Além disso, não leva em conta a capacidade econômica do réu, evidenciada por uma vida de luxo que ostenta em suas redes sociais”, dizem, em nota.

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