Microchipado e 40 kg mais gordo: a nova vida do cavalo Caramelo; vídeo

Cavalo que comoveu o país e virou símbolo da tragédia ambiental no Rio Grande do Sul recupera saúde e segue em observação pelos veterinários

Dois meses e meio após ser resgatado de cima de um telhado, o cavalo Caramelo, que comoveu o país no ápice das enchentes no Rio Grande do Sul, vive hoje uma situação bem diferente. Ele superou o quadro de desidratação severa, encontra-se saudável e recuperou a composição corporal. O animal engordou 40 kg e, desde então, recebeu um microchip para ser rastreado.

As cenas atuais de Caramelo são o oposto daquela imagem dele isolado, há dias sem comer, rodeado de água e à espera do resgate. O cavalo segue em observação no Hospital Veterinário da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas (RS), mas com um quadro de saúde considerado estável e em evolução.

Marcelo Eberhardt/Ulbra

O animal foi levado direto para o local em 9 de maio, após ser retirado de cima do telhado. A operação de resgate mobilizou mais de uma dezena de profissionais e foi televisionada ao vivo. “Ele estava tão debilitado quando chegou ao hospital que não conseguia esboçar reações”, conta o professor Jean Soares, coordenador do curso de medicina veterinária da Ulbra.

Os veterinários perceberam, de início, que o animal não estava machucado. O quadro de desnutrição, no entanto, era o que desafiava a recuperação. Desde o primeiro dia, o foco do tratamento foi sujeitá-lo a um regime de engorda.

Caramelo, nome oficializado após a repercussão nacional, chegou ao hospital da Ulbra com cerca de 320 kg. Hoje, ele está próximo de superar os 360 kg, peso considerado bom para o porte dele, mas que ainda pode melhorar. Além disso, os veterinários identificaram que o bicho tem cerca de sete anos, ou seja, é jovem.

Implantação de microchip para rastreá-lo

Para manter o acompanhamento do animal, independentemente do futuro, os veterinários implantaram um microchip para facilitar a identificação e o rastreio de Caramelo aonde quer que ele esteja. Jean Soares conta que o chip ficará atrelado ao CPF da pessoa que ficar responsável pelo cavalo.

“Se ele ficar na Ulbra ou sair daqui, poderemos acompanhá-lo, independentemente da situação. O microchip ajuda, porque, em caso de fuga, acidente ou qualquer outra coisa, será fácil rastreá-lo. Nós, do hospital, estamos na torcida para que o destino dele seja o melhor possível. Temos uma fazenda-escola aqui e nos prontificamos a ficar com o animal, mas quem vai decidir isso é a universidade”, conta o professor.

Desde o princípio, a adaptação de Caramelo ao tratamento foi tranquila. A veterinária Louise Maciel, residente do setor de Grandes Animais do hospital da Ulbra, conta que ele é bastante manso e pacífico. Talvez por ter convivido com pessoas na casa onde morava antes das enchentes.

“Essa passividade dele, de certa forma, ajudou no tratamento. A gente tinha outros cavalos a mais no hospital. O Caramelo ficou numa baia especial, mas soube se adaptar e conviver bem com os demais animais. Ele está saudável, mas ainda segue em recuperação”, detalha Louise.

Rotina de cuidados e símbolo de superação

A rotina do animal no Hospital Veterinário da Ulbra não é nada ruim, pelo contrário. Todos os dias, ele passa pelos mesmos cuidados: acorda cedo, os profissionais escovam os dentes e a pelagem dele, depois ele é alimentado e fica solto no gramado. Além do microchip e do regime de engorda, o cavalo recebeu todas as vacinas e está com os exames de sangue em dia.

O Caramelo virou um dos ícones não só do desastre ambiental, mas também da superação gaúcha. Jean Soares explica que o cavalo em si tem um simbolismo muito forte para a cultura do Rio Grande do Sul e faz parte da vida de milhares de gaúchos.

“A história dele gerou um sentimento de força e superação em todos aqueles que estavam e estão em situação difícil no estado”, diz o professor.

Veja o antes e depois do Caramelo:

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