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O labirinto das expectativas: reflexões sobre a vida real e a ilusão; confira o artigo de Maysa Bezerra

Por Maysa Bezerra, ContilNet

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Evitar a armadilha da idealização é um desafio que requer autoconhecimento e uma constante reavaliação de nossas expectativas. Primeiramente, é fundamental reconhecer que todos somos suscetíveis a idealizar situações, pessoas ou resultados. A consciência desse fato já é um passo importante para evitar cair nessa armadilha.

Em nossa jornada pela vida, frequentemente nos deparamos com a expectativa frustrada, aquela sensação de esperar algo do outro que, no fundo, é um reflexo dos nossos próprios desejos e anseios. Como Maysa Bezerra, escritora, eu também vivenciei essa realidade de maneira intensa. Lembro-me de uma época em que a idealização me cegava, onde eu projetava em outras pessoas as qualidades que eu mais desejava para mim mesma, sem perceber que cada ser é um universo único e incomparável.

Certa vez, me vi em uma situação trivial, algo cotidiano que me fez questionar minhas resistências. Por que eu estava tão relutante em abrir mão de algo que claramente não me servia mais? A resposta veio como um sopro de clareza, e com ela, a compreensão de que eu estava presa em um ciclo de idealização e expectativas. Eu estava vivendo uma vida fictícia, uma narrativa que eu mesma havia criado, distante da realidade palpável e verdadeira.

Refleti sobre isso por dias, conversando com familiares, e percebi que a idealização é um ciclo vicioso: movimento, expectativa, esperança e, inevitavelmente, frustração. É um looping contínuo que nos mantém presos em um mundo que não existe, impedindo-nos de apreciar o que realmente temos. A vida real, com suas imperfeições e surpresas, é o verdadeiro palco onde devemos atuar.

A experiência que mais me ensinou foi precisamente essa: a necessidade de viver a vida real e abandonar as ilusões. No passado, eu não compreendia o que era a vida fictícia, mas hoje, vejo claramente. Tudo poderia ter sido diferente se eu tivesse aceitado a realidade como ela é, sem tentar moldá-la aos meus desejos infundados. Aprendi que a resistência à mudança é um sinal de que estamos agarrados a uma idealização que não corresponde à verdade.

Viver a vida real é aceitar que não podemos controlar tudo, é entender que as pessoas não existem para satisfazer nossas expectativas. É um convite para apreciar cada momento como ele é, único e irrepetível. A vida real é desprovida de roteiros pré-escritos, ela é espontânea, imprevisível e, acima de tudo, verdadeira. E é nessa verdade que encontramos a liberdade para sermos quem realmente somos, sem máscaras ou fantasias. É um aprendizado contínuo, um processo de desapego e aceitação que nos liberta e nos permite viver plenamente.

Na dança da vida, muitas vezes nos pegamos em um balé de expectativas e idealizações.

Como Maysa Bezerra, percebo que a jornada humana é repleta de movimentos em busca de algo ou alguém que nos complete, que nos transforme. Mas, nessa busca, criamos uma narrativa fictícia, onde o outro se molda perfeitamente aos nossos desejos e anseios. Contudo, a realidade é outra, e é nesse confronto que aprendemos as lições mais valiosas.

Lembro-me de uma história que exemplifica bem esse contexto. Era uma vez uma mulher que projetava no parceiro todas as suas expectativas de felicidade. Ela esperava que ele adivinhasse seus pensamentos, que atendesse a todas as suas necessidades sem que ela precisasse verbalizar. Mas, com o tempo, essa expectativa se tornou uma frustração constante, pois ninguém é capaz de viver à sombra dos sonhos de outra pessoa.

Essa história pode ser parecida com a sua. Mas, ela pode ser mudada, como mudou a minha.

Reflita bem, “Insistir em uma idealização é como tentar segurar areia entre os dedos, quanto mais apertamos, mais ela escapa”. Foi uma resistência em abrir mão de um simples hábito que me fez questionar: por que insistimos tanto em algo que sabemos que não funciona?

Refletindo sobre isso, percebi que a vida fictícia é aquela que construímos em nossa mente, onde tudo é perfeito e nada sai do controle. Mas a vida real é imprevisível, desafiadora e, acima de tudo, verdadeira. Filósofos como Sartre e psicólogos como Carl Rogers nos ensinam que a autenticidade é a chave para uma vida plena. Eles defendem que devemos encarar a realidade como ela é, não como gostaríamos que fosse. Leia novamente essa frase.

Hoje, entendo que a vida fictícia é uma armadilha da mente, que nos impede de viver o presente. Tudo poderia ter sido diferente se eu tivesse aprendido antes a valorizar a vida real, com suas imperfeições e surpresas. Aquele momento trivial me ensinou que devemos soltar as amarras das expectativas e abraçar a liberdade de simplesmente ser.

Portanto, convido você a refletir sobre suas próprias idealizações. Será que não estamos todos resistindo a abrir mão de algo que, no fundo, sabemos que não nos serve mais? Que tal fazer um novo movimento, um que nos leve ao encontro da nossa verdadeira essência e não de uma ilusão? A vida é um ciclo, sim, mas cabe a nós decidir se será um ciclo de crescimento ou de constante frustração. Viver a vida real é aceitar que nem tudo é como desejamos, mas é justamente isso que a torna tão extraordinariamente única.

Que possamos reconhecer e valorizar a vida que temos, e não a que idealizamos, pois é nessa aceitação que reside a verdadeira transformação.

Maysa Bezerra

Coach e escritora

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