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O que está por trás do aparecimento de indígenas do maior grupo isolado do mundo, na fronteira do Acre

Por Vitor Paiva, ContilNet

A maior comunidade de indígenas que vive em isolamento no mundo foi avistada recentemente, com as imagens sendo divulgadas pela Organização Não Governamental (ONG) Survival International, na última quinta-feira (18). 

Entretanto, o que liga o sinal de alerta não foi o avistamento, e sim a forma como ele ocorreu e a quantidade, que levantam possibilidades que podem ser preocupantes.

A porta-voz da ONG, que divulgou as imagens dos homens do povo Mashco Piro, Teresa Maya, explica que as dezenas de homens andando nas margens do Rio Las Piedras, no Peru, pode indicar que as atividades madeireiras da região podem estar afetando o ecossistema na região onde habitam, dificultando assim sua alimentação.

“Eles são caçadores-coletores e precisam de grandes áreas de mata para conseguir seu alimento. Portanto, essa reunião de vários grupos pode ser uma forma extrema de procura de alimentos devido ao impacto que isso (extração de madeira) está causando no território”, explicou ela à BBC.

Os Mashco Piro vivem próximo a bacia de diversos rios, entre eles o Rio Acre/Foto:Reprodução

Entretanto, as atividades madeireiras não são a única ameaça ao estilo de vida recluso dos Mashco Piro, já que traficantes de drogas também estão invadindo suas terras, como rotas para o transporte de entorpecentes.

O grupo habita a região fronteiriça entre Peru e Brasil, com o estado do Acre também fazendo parte de seu território, já que entre as bacias de rios ocupadas por eles, está o rio que dá nome a unidade federativa. De acordo com os dados do Ministério da Cultura do Peru, são aproximadamente 750 indivíduos que fazem parte deste grupo, que é um dos maiores em isolamento voluntário do mundo.

Dentre suas características mais marcantes estão o fato de serem categorizados como caçadores-coletores e também por serem muito territorialistas, por isso casos de pequenos conflitos são relativamente comuns.

Em 2011, um grupo de turistas foi atacado por flechas enquanto adentravam um dos territórios dos Mashco Piro, no mesmo ano, Nicolás “Shaco” Flores morreu devido às ações dos indígenas.

Em 2015, Leonardo Pérez também foi morto, devido a complicações após ferimento com flecha. Os casos listados servem apenas para que se entenda que é necessário preservar o espaço dos Mashco Piro e a principal parte disso está na preservação do ambiente em que vivem.

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