Produtos genuinamente acreanos e que compõem a dieta alimentar da população regional serão expostos, juntos com outros produtos de uso pessoal com artesanatos e à base de borracha, entre os dias 24 e 26 de setembro deste ano, em Dubai, nos Emirados Árabes, durante 1º pavilhão do Brasil numa das maiores feiras de alimentos e bebidas do Oriente Médio. Será uma feira com versão sustentável, buscando promover sistemas de alimentação mais saudáveis e nutritivos, com tecnologias que previnem perdas e desperdícios.
Trata-se de uma promoção da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), empresa brasileira sob administração do politico petista e acreano Jorge Viana, ex-senador e ex-governador do Acre. A agência estará à frente da participação brasileira no evento, chamado de “Gulfood Green”. As inscrições para a participação de interessados em participação no evento foram encerradas no último dia 31 de maio.
A Gulfood Green é uma feira que pretende reunir os grandes produtores do setor de alimentos e bebidas com diferenciais de qualidade, saudabilidade, biodiversidade e sustentabilidade. O foco é a exposição de produtores de alimentos naturais, com uma composição que provém majoritariamente de ingredientes de origem natural, derivados de plantas, animais, minerais ou microrganismos, com poucos ou nenhum elemento sintético ou artificial.
A delegação organizada pela ApexBrasil será composta por 15 empresas brasileiras que se encaixam nos critérios de seleção. Em alinhamento às diretrizes da Agência, empresas lideradas por mulheres terão vantagem na classificação.
As empresas selecionadas terão direito a reunião pré-feira (webinar); reserva de espaço no pavilhão brasileiro; montagem de estande; aplicação de logotipo da empresa no estande; espaços de networking e sala de reunião de uso coletivo, catálogo digital da delegação brasileira; ente outros benefícios. De acordo com a Apex-Brasil, “a feira é uma grande oportunidade para empresários brasileiros que acreditam em uma nova economia – mais sustentável e saudável – se encontrarem com os maiores players do setor e expandirem suas exportações”.
Ao promover a participação da Agência no evento, o diretor-presidente Jorge Viana disse, por meio de assessoria, que a cada ano, o eixo comercial do Brasil se desloca um pouco mais em direção ao Oriente, onde está a China, “país já consolidado como o maior parceiro de negócios do governo brasileiro”. Segundo a Apex, isso se reflete na atuação da Agência conforme deixa claro o presidente da agência, Jorge Viana.
De acordo com ele, a agência tem atuado para reposicionar o Brasil no comércio exterior e estimular a venda de produtos com maior valor agregado. Isso, porém, não significa que o país deve colocar a exportação de commodities em segundo plano. “O que estamos tentando é estar presentes com produtos com manufatura, produtos com tecnologia, produtos que trabalhem a transição energética. É isso o que a gente está trabalhando”, disse o acreano em entrevista à série Grandes Temas, Grandes Nomes do Direito. Nela, a revista eletrônica Consultor Jurídico ouve alguns dos principais nomes do Direito e da política sobre os temas mais relevantes da atualidade.
Ex-governador do Acre e ex-senador, Viana defende que, em sua gestão à frente da agência, o Brasil voltou a “disputar o mundo”. E uma das principais iniciativas resultantes dessa nova postura são os “mapas de atração de investimentos” apresentados pela Apex.
“Fizemos um com os Estados Unidos, que está sendo lançado e no qual há quase mil oportunidades. Fizemos um com a China, estamos fazendo com a Índia. Fizemos um com a União Europeia”, relatou ele.
O projeto referente à China requer uma atenção especial. Isso porque, se comparado com as relações mantidas com os Estados Unidos, o comércio do Brasil com o gigante asiático ainda está distante da estratégia elaborada pela ApexBrasil.
“Os Estados Unidos são o segundo maior comprador nosso, mas eles compram manufaturas, produtos com agregação de valor, gerando emprego no país. A China compra commodities, é o grande comprador. Quase mais do que duas vezes o que a gente vende para os Estados Unidos, mas compra matéria-prima e nos vende produto com alto valor agregado.”
Jorge Viana também reconheceu a importância da presença chinesa para o desenvolvimento da infraestrutura comercial da América do Sul. Nesse sentido, ele lembra que foi graças aos chineses que os produtos brasileiros passaram a contar com uma nova rota de chegada ao mercado asiático.
“Próximo de Lima, no Peru, há um investimento chinês no porto de Chancay, que recebeu mais de US$ 3 bilhões. Porque, na visão da China, ter uma ferrovia atravessando o Brasil, do Atlântico até o Pacífico, passando pelo Acre, tendo mais saídas para o Pacífico, significa alternativa ao canal do Panamá, que é único e que já enfrenta problemas como consequência das mudanças climáticas”, disse Viana.
Segundo ele, uma paralisação no Canal do Panamá elevaria o custo da logística e, consequentemente, o custo de produtos. Já o escoamento da produção por dentro do território brasileiro, com embarque no Peru, torna tudo mais rápido e econômico.
“A viagem é encurtada em 23 dias quando se pensa em portos que saem do Atlântico brasileiro na comparação com portos que saem do Peru, por exemplo, como o de Chancay, e fazendo a travessia pela Amazônia Ocidental, passando pelo Acre.”
Além da nova mentalidade de trabalho na ApexBrasil — que é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços —, Viana observou que a agência contou com um reforço decisivo em sua estratégia de diversificar a vitrine comercial do país: a participação frequente do presidente da República nos eventos que o órgão promove no exterior.
“O Brasil estava sem a diplomacia presidencial nos últimos tempos. E, agora, com o atual governo do presidente Lula, ele trouxe fortemente isso. Nós já fizemos mais de 11 encontros empresariais, em 11 países diferentes, com a presença do próprio presidente. Quem vende o país, quem promove um país, é a sua liderança maior. E é isso o que gente está retomando agora.”
Viana destacou que, atualmente, o Brasil tem um fluxo de comércio exterior de US$ 600 bilhões. Além disso, o país figura entre os que mais recebem investimentos no mundo. Diante disso, ele projetou um futuro ainda mais positivo para o comércio exterior brasileiro.
“Muito provavelmente, se a gente seguir trabalhando assim por mais alguns anos, podemos alcançar um fluxo de US$ 1 trilhão. E isso significa muito emprego dentro do Brasil e presença das empresas brasileiras no mundo todo.”
A participaçao do Acre no evento será coma exposição de uma autêntica cesta de composta de castanha, café, palmito, polpa de frutas, borracha e biscoitos artesanais. A Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre (Cooperacre) partivipar[a do evento e prepara o seu portifólio, com castanha-da-Amazônia desidratada, café, palmito, polpa de frutas e borracha procedentes das 14 cooperativas e 22 associações parceiras no programa de fortalecimento das cadeias produtivas da bioeconomia.
A Cooperacre é responsável por gerar cerca de 260 empregos diretos no beneficiamento da Castanha-da-Amazônia e borracha, comercialização de sacas de café beneficiado, palmito e polpa da fruticultura amazônica. A empresa movimenta mais de 38 milhões de reais na bioeconomia, o que garantiu renda para quatro mil famílias extrativistas no interior do Acre.
A colheita da castanha garantiu um retorno de R$ 24,5 milhões com a comercialização de 350 mil latas. A aquisição de seis mil sacas de café no ano passado garantiu uma receita de R$ 650 mil reais e o beneficiamento do látex com produção de 720 toneladas, que gerou uma receita de R$ 8,6 milhões