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Seca compromete rota comercial entre Acre e Amazonas e viagem de barco chega a durar 7 dias

Por Vitor Paiva, ContilNet

A seca de 2024 já vem sendo um problema que preocupa a população e os governantes, que têm mais um grande gargalo para lidar, poucos meses após uma das maiores enchentes da história. O chefe da Defesa Civil de Envira, Ismael Dutra, no estado vizinho do Amazonas, explica que a seca vem prejudicando o comércio entre os dois estados, que tinham como uma de suas rotas comerciais os rios.

“O normal são os barcos saírem de Feijó (AC) de manhã e chegarem aqui pela noite ou na manhã seguinte. Hoje, barcos com 10, 15 toneladas estão demorando dez dias para fazer esse trajeto”, revela ele ao g1 Amazonas

Devido ao baixo nível do rio, diversas embarcações encalham, tornando o deslocamento na região mais dificultoso do que o habitual, o que pode levar a região no município do Amazonas a ficar desabastecida de alguns produtos de consumo diário.

O baixo nível do rio tem prejudicado o comércio entre Feijó e Envira/Foto: Divulgação/Defesa Civil Municipal

“70% da mercadoria que chega a Envira vem de Feijó. Para chegar gás e outros alimentos está complicado. Também estão faltando algumas verduras, como o tomate. Do jeito que o rio está baixando diariamente vamos ter muitas outras comunidades isoladas em breve”, explica a Defesa Civil de Envira.

Entretanto, os alimentos e bens de consumo corriqueiros não são os únicos afetados, já que o transporte de diversos desses itens é feito através do rio. Aqueles que dependem dele para conseguir se sustentar já sentem as diferenças.

Elvis Melo mora no município de Envira, é barqueiro e trabalha com transporte entre Feijó, no Acre, e sua cidade.

O barqueiro explica que precisou mudar para um barco menor, para encurtar o tempo da viagem, já que com o seu transporte antigo, o trecho que antes era feito em apenas um dia, estava durando entre seis e sete dias para ser finalizado.

A vegetação que antes ficava no fundo dos rios pode ser vista devido a seca/Foto: Divulgação/Defesa Civil Municipal

Melo alerta ainda que os baixos níveis das água podem acarretar a uma falta de energia na região, pois não é possível fazer o transporte do petróleo nos barcos pequenos utilizados atualmente pelos barqueiros.

“Não é normal. A situação que estamos vivendo hoje parece a que vivíamos no final da seca do ano passado. Se continuar assim, vai faltar energia, porque não tem como trazer combustível. Com as verduras, conseguimos passar de pouquinho em pouquinho, mas não tem como fazer isso com o petróleo. Logo, sem combustível, podemos ficar sem energia”, elucida o barqueiro.

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