Há duas décadas, chegar em casa e sentar em frente à TV era praticamente um ritual para as famílias brasileiras. Com o advento do streaming e espectadores cada vez mais inclinados a acessar notícias e entretenimento on-line, o eletrodoméstico caiu em desuso e os canais registram números mais baixos ano após ano, sobretudo após a pandemia de Covid-19.
Dados do Kantar Ibope indicam que em junho de 2020, por exemplo, a TV Globo registrou 12,33 pontos — 14,48% mais do que no mesmo período deste ano, cuja audiência foi de 10,77 pontos. O mesmo aconteceu com outras emissoras: o SBT, que em 2020 havia marcado 4,35 caiu para 2,43 pontos quatro anos depois.
A Record TV foi de 4,35 pontos para 3,34 e a Band de 1,30 para 0,84, índice que já pode ser considerado “traço”. O jargão da TV faz referência números extremamente baixos, característicos de canais que não possuem grande visibilidade.
Na Rede TV, que já tinha audiência traço em 2020, com 0,55, a queda foi superior a 50%, indo para 0,24 pontos.
Nem tão fantástico
Outro indicativo de que a televisão está ficando obsoleta é o desempenho da programação. O Fantástico, que é uma das principais âncoras da TV Globo, da registrou um recorde negativo no dia 7 de julho, primeiro domingo deste mês.
Números da Kantar Ibope divulgados pelo Notícias da TV apontam que o jornalístico ficou com média de 14,4 pontos na Grande São Paulo, 2,1 pontos abaixo da semana anterior.
O registro é o menor de 2024 e o terceiro pior dos últimos quatro anos. Ficou à frente apenas das edições dos dois últimos domingos do ano passado, que foram ao ar em 24 e 31 de dezembro — dias tradicionamente ruins no quesito audiência.
A nova TV é a internet
Dados recentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram que quase metade dos clientes abandonou a TV por assinatura nos últimos 10 anos. Desde 2014, quando atingiu o ápice, com 19,6 milhões de assinantes, o serviço só perde clientes. De lá para cá, a queda foi de quase 50%, um total de 9,5 milhões consumidores a menos na década.
A cifra atual, registrada em fevereiro de 2024, é a mais baixa em 14 anos de medição, segundo os dados da própria Anatel. O total se aproxima do mais baixo do período, registrado em 2010, quando o serviço contava com 9,6 milhões de assinantes.
Enquanto isso, o principal concorrente tem conquistado expressivo crescimento. A Kantar Ibope revelou que, em fevereiro de 2024, o consumo de vídeos sob demanda representou 30,7% do mercado brasileiro. Os números mostram que o streaming já supera a TV por assinatura, que representa 8,1% da fatia de mercado.
De acordo cos dados mais atuais no Brasil, coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2022, cerca de 43,4% (ou 31, 1 milhões,) de lares brasileiros possuem, ao menos, um serviço de streaming assinado.