A oito dias para a abertura das Olimpíadas, a Vila Olímpica de Paris abriu as portas nesta quinta-feira. E o Brasil, já marca presença no bairro dos atletas. A seleção de ginástica artística foi a primeira delegação a se instalar no prédio brasileiro com Rebeca Andrade & Cia. Entre atletas e integrantes de comissão técnica, vão ser 14 mil pessoas alojadas na residência oficial dos Jogos.
– A gente fica muito realizado por esse momento. Entrar na Vila, estrear, ver a felicidade do pessoal do Time Brasil estampada… Eu acho que é um momento que só o esporte proporciona, né? São poucos dias, passam rápido, são dias que são muito esperados. Então chegar à Vila, ver o seu quarto, ver que o sonho está se tornando realidade – disse Jade Barbosa.
Os 82 prédios da Vila Olímpica estão espalhados por 53 hectares (cerca de 330m²), construídos em uma antiga zona industrial entre as cidades de Saint-Denis, Saint-Ouen e L’Île-Saint-Denis, no subúrbio de Paris, sete quilômetros ao norte do centro da capital francesa, seguindo as margens do Rio Sena. O Time Brasil está alojado no prédio 3, que fica no fundo do bairro. A escolha do COB foi estratégica. Ficou longe do agito da área internacional da Vila, onde há mais circulação de pessoas. Ficou mais perto do restaurante, mais perto do setor de transportes e mais perto da saída de Saint Ouen. O COB montou uma base na cidade, no Chateau de St. Ouen.
Brasil aluga 130 aparelhos climatizadores
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) engrossou o coro dos países que reclamaram por ar-condicionado na Vila Olímpica. O COB chegou a prever o aluguel de 180 climatizadores, mas alugou no fim 130 unidades – a delegação brasileira tinha estimativa de 330 atletas e vai contar com 277. Assim, o investimento do COB vai ser de 39 mil euros (pouco mais de R$ 230 mil).
Com foco na sustentabilidade, o Comitê Organizador dos Jogos projetou a Vila Olímpica para ser um bairro com menor emissão de carbono. A ausência de ar-condicionado faz parte desse plano para diminuir o consumo de energia e da pegada de carbono.
A Vila Olímpica tem prédios em blocos separados, permitindo a circulação de correntes de vento. O bairro é ligado à rede de refrigeração urbana, um sistema que bombeia água do rio Sena para tubulações subterrâneas, conseguindo reduzir a temperatura em até 6ºC em relação ao ambiente exterior. Mais de 700 prédios de Paris são resfriados por esse sistema, incluindo o museu do Louvre e a Assembleia Nacional.
No entanto muitas delegações acreditam que a geotermia não vai ser o suficiente para garantir o bem-estar dos atletas, uma vez que as temperaturas no último verão chegaram a ultrapassar os 40ºC – 5 mil pessoas morreram na França por causa do calor no último verão. O estudo científico “Rings of Fire” (Anéis de Fogo), divulgado em junho, alertou para os riscos de ondas de calor durante as Olimpíadas. O relatório afirmou que competir em condições climáticas extremas, incluindo desidratação, exaustão, insolação e até a morte.