Durante a participação no festival de Gramado, no Rio Grande do Sul, a atriz Cristina Pereira se emocionou ao relembrar o estupro que sofreu quando tinha apenas 12 anos e estava a caminho da escola. O relato veio em meio a discussão de uma das cenas do filme “O clube das mulheres de negócios”, de Anna Muylaert, previsto para estrear em novembro deste ano.
“Cheguei no colégio com o uniforme aberto e ninguém se preocupou, só queriam saber porque eu estava chegando atrasada. Quando o Candinho (personagem do filme vítima de assédio) chora, sou eu que choro e são muitas meninas de 12 anos, com aquela menina que estava a caminho do colégio e mataram aquela menina. É a primeira vez que falo publicamente sobre isso. Aconteceu comigo, mas está acontecendo agora com muitas meninas. Estava entrando na puberdade, nem tinha ficado menstruada. Eu não sabia nada sobre sexo, não sabia o que aquele homem tinha feito comigo, uma coisa horrível. Na minha época não tinha educação sexual nas escolhas. E essa turma do boi, da bíblia e da bala não querem que as crianças saibam”, disse Cristina.
A fala no evento ainda repercute. Nas redes sociais da atriz de “Família é tudo”, fãs mandaram mensagens de apoio e carinho.
“Cristina, receba meu abraço! Obrigada pelo depoimento. Só quem já passou sabe. Você é gigante”, comentou uma fã. “Querida Cristina, receba o meu abraço cheio de carinho. Nenhuma mulher deveria viver uma dor dessas. Você é incrível, seja como atriz ou pessoa. Um beijo”, escreveu outra internauta.
O espaço também se tornou plataforma para outra mulheres compartilharem dores semelhantes.
“Seu depoimento doeu em mim e dói em muitas mulheres! Meu carinho e apoio, porque pode passar o tempo que for, sabemos que não passa e nem cura tamanha brutalidade! Meu carinho e respeito”, disse uma seguidora. “O seu relato doeu em mim. Eu sofri uma tentativa de abuso, dentro da minha própria família. Um primo tentou abusar de mim e só não conseguiu porque fui salva a tempo por uma vizinha da minha avó. Porém, as coisas que passei nas mãos dele nesse dia, ele mostrando aquela parte do corpo e mandando eu pegar naquilo… meu mecanismo de defesa foi gritar e gritar. Eu estava na casa da minha avó e uma vizinha da minha avó achou os gritos estranhos e foi averiguar. Ela me levou pra casa dela até a minha avó chegar em casa. Eu tinha oito anos de idade, mas carrego esse trauma até hoje. Inclusive, desenvolvi culpa e ansiedade a partir desse capítulo triste e dolorido da minha vida. Quanto a esse primo, vem pagando e muito com a vida quem tem”, relembrou uma seguidora.