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Após escândalo, padre Robson cria nova associação para receber doações

Por Metrópoles

Depois de ser apontado como suspeito de desviar o dinheiro doado por fiéis em Goiás, o padre Robson de Oliveira Pereira, que se transferiu para São Paulo após o escândalo e arquivamento do processo, criou uma nova associação para angariar doações.

Chamada Associação Obra de Cristo e localizada em Mogi das Cruzes (SP), a instituição informa em seu site que as doações serão destinadas aos pagamentos dos custos da própria manutenção e ao apoio à instituições carentes, cujos nomes não são informados.

O formato é semelhante ao da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), criada por padre Robson em Goiás. Assim como na experiência anterior, ele aparece como fundador e presidente da nova associação.

De acordo com o site da Obra de Cristo, a associação existe “para levar a Palavra, o amor e os ensinamentos de Jesus aos cristãos. Esse trabalho é feito por meio de cartas evangelizadoras e pelos meios de comunicação”.

Reprodução – Redes Sociais

“Escolha o valor”

No site, consta a aba “doações”. Ao clicar nela, a pessoa é levada para uma outra página onde aparece a mensagem “escolha o valor”. As opções são: R$ 10, R$ 20, R$ 40, R$ 60 e Outro valor.

As doações podem ser feitas via Pix, cuja chave é o número do CNPJ da associação, pelo site, transferência bancária, por telefone e boleto bancário. “Não há um valor fixo mínimo ou máximo para as doações. Você pode contribuir com qualquer quantia”, informa o site.

Em outra seção, é dito que após a doação, a pessoa recebe um recibo de confirmação e que a Associação Obra de Cristo “oferece transparência e presta contas” sobre o uso do dinheiro em seus projetos. Tais ações, no entanto, não são especificadas no site.

A reportagem do Metrópoles tentou contato pelo telefone da Obra de Cristo e, por mais de 20 minutos, aguardou na linha por algum atendente, sem sucesso. “Enquanto você aguarda, tenho uma sugestão: siga o padre Robson nas redes sociais e reze diariamente com ele”, diz a mensagem de espera.

Figura do padre em evidência

Assim como ocorreu na Afipe, nos anos em que padre Robson esteve à frente da associação, desta vez a figura dele também é amplamente associada. Os links de redes sociais disponíveis no site da Obra de Cristo levam diretamente para os perfis dele no YouTube, Instagram e Facebook.

Esse tom pessoalizado caracterizou o período em que ele esteve em Goiás. O padre fez fama e ficou nacionalmente conhecido, após liderar a Festa do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO), uma das maiores festividades religiosas do Brasil, e também capitanear um projeto megalomaníaco de construção de um Santuário Basílica, cuja obra segue em andamento.

À época da Operação Vendilhões, deflagrada em 2020 pelo Ministério Publico de Goiás (MPGO) e que levantou suspeitas de desvio do dinheiro doado pelos fiéis, apenas 17% do projeto havia sido concluído.

Padre Robson chegou a dizer no passado que essa era a “obra de sua vida”. Ela se tornou, inclusive, a justificativa principal para angariar doações. A construção, de custo bilionário, foi iniciada em 2012, com previsão de término em 2022. O avanço, após a saída do padre da Afipe, é nítido, mas ainda falta muito a ser feito.

O que o padre quer desta vez?

No próximo dia 13 de agosto, completa um ano da volta de padre Robson às celebrações. Durante o período de investigação e tramitação do processo, ele foi afastado das atividades e viveu recolhido na Casa dos Redentoristas, em Goiânia.

Antes desse retorno, no entanto, ele já havia registrado o CNPJ da nova associação. Os dados indicam que o padre fez o registro no dia 14 de junho do ano passado, e já com endereço de Mogi das Cruzes.

Pelo certificado de inscrição na Receita Federal, é possível identificar um pouco quais são as intenções dele. A Obra de Cristo pode executar as seguintes atividades:

A reportagem tentou contato com a Associação por telefone e e-mail, mas não obteve retorno.

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