O bloqueio no sistema de transportes no interior da Bolívia, que já perdura há 12 dias e é executado por camponeses apoiadores do ex-presidente Evo Morales, já ameaça as relações econômicas e sociais com o Brasil através do Acre, que faz fronteira com o país andino. Internamente, o bloqueio já causa escassez de combustíveis, aumento de preços e outros problemas econômicos, além das relações com os vizinhos.
Há 11 dias a principal estrada da Bolívia, que conecta a capital administrativa, La Paz, à região de Santa Cruz de la Sierra, onde vivem milhares de brasileiros, a maioria formada por estudantes de medicina, está bloqueada e intensificou-se nesta quinta-feira (1) e passou a afetar o fluxo de veículos bolivianos no transporte para os municípios de Brasiléia e Epitaciolândia, no Acre.
O bloqueio é questionado por dirigentes do Transporte Livre e da Federação dos Gremiais de Pando, que tem sede em Cobija, capital do Departamento boliviano e que faz fronteira com o chamado Alto Acre. O bloqueio, no entanto, é apoiado pela Federação do Autotransporte Departamental, que apoia os camponeses aliados de Morales, a Federação de Transporte do Departamento de Pando.
Os apoiadores do bloqueio reclamam por demandas relacionadas ao atraso na construção do Corredor Bioceânico de via dupla e problemas causados pela escassez de dólares no país, além da falta de óleo diesel. Já as organizações urbanas de Pando, em Cobija, criticam bloqueio anunciado e solicitam medidas alternativas. Em resposta, essas organizações estão apelando aos transportadores para que reconsiderem suas ações, destacando a importância de não prejudicar a economia local e nacional.
Smithker Coelho, secretário de Resíduos Sólidos de Cobija manifestou preocupação com expressou preocupação com a possível escassez de combustível na capital de Pado. Ele alertou que, se a situação não for resolvida, a redução nas rotas de coleta de lixo poderá ser inevitável. A coleta de lixo requer pelo menos 1.200 litros de combustível diários para manter as 14 rotas de coleta em funcionamento nos diversos bairros da cidade.
Omar Palma, chefe da área comercial da YPFB em Cobija, assegurou que a venda de combustível nas diversas estações de serviço do departamento está garantida. Palma informou que os postos funcionarão normalmente das 06h às 22h. Em meio aos anúncios de fechamento de fronteiras e bloqueios rodoviários programados para esta quinta-feira pelo setor camponês e de transportes, ele fez um apelo à população para manter a calma.
Miguel Ângelo Antelo, representante do Sindicato de Mototaxis de Cobija “Germán Busch”, anunciou que sua categoria não participará do bloqueio nacional convocado pelos transportadores e nem do bloqueio da fronteira para esta quinta-feira. Antelo explicou que, diante da escassez de dólares e diesel, os moto-taxistas enfrentam uma severa crise econômica em Pando e que aderir à medida de pressão apenas agravaria ainda mais a situação dos filiados na fronteira com Brasiléia e Epitaciolândia.