Caso Daniel Mastral: afinal um satanista adora Satã? Entenda religião

Conheça as origens, vertentes e práticas do satanismo, além do impacto da morte de um de seus ex-seguidores, Daniel Mastral

A religião satanista ganhou destaque após a morte de Daniel Mastral, um autor ex-satanista que se tornou conhecido por compartilhar suas experiências na religião e sua subsequente conversão ao cristianismo.

Mastral, de 57 anos, foi encontrado morto no domingo (4/8), na Aldeia da Serra, em Barueri, região metropolitana de São Paulo. O corpo estava caído em uma área de mata, com ferimento na cabeça.

A morte do ex-satanista reacendeu discussões sobre os fundamentos e práticas da religião, um tema que ele abordava de forma polêmica e detalhada em seus livros e palestras.

Mas, afinal, o que é o satanismo?

O satanismo, como religião e filosofia, possui várias vertentes, sendo as mais conhecidas o satanismo laveyano, o satanismo teísta e o satanismo espiritualista.

Vertente mais estabelecida, o satanismo laveyano foi fundado por Anton LaVey, em 1966, com a criação da Igreja de Satã.

LaVey também é autor de “A Bíblia Satânica”, publicada em 1969, que se tornou um texto central para essa filosofia.

Diferente do que muitos podem imaginar, o satanismo laveyano não envolve a adoração literal de Satanás. Em vez disso, utiliza a figura de Satanás como um símbolo de individualismo, auto expressão e desafio às normas sociais e religiosas.

Vertentes do satanismo

Enquanto o satanismo laveyano é essencialmente ateísta e materialista, o satanismo teísta, também conhecido como satanismo tradicional, acredita na existência literal de Satanás como uma entidade sobrenatural.

Os adeptos dessa vertente podem venerar Satanás como uma figura de poder, buscando uma conexão espiritual direta através de rituais e práticas místicas.

Já o satanismo espiritualista combina elementos de diversas crenças, incluindo paganismo e ocultismo, e pode envolver uma hierarquia de demônios e seres espirituais.

Filosofia e práticas

A filosofia satanista valoriza a autonomia individual e o autoaprimoramento. Os praticantes são incentivados a buscar conhecimento e realizar seus desejos sem a imposição de dogmas externos.

O ceticismo e o questionamento das normas sociais e religiosas são comuns entre os adeptos, que frequentemente criticam instituições religiosas tradicionais.

As práticas ritualísticas variam de acordo com a vertente, podendo ir desde cerimônias simbólicas e psicodramas no satanismo laveyano até invocações e rituais espirituais no satanismo teísta e espiritualista.

Rituais

A vertente laveyana do satanismo contém dogmas e rituais. Estes objetivam chegar a uma catarse. Os rituais adotam práticas da magia e não têm relação com crenças ao sobrenatural.

Um dos rituais conhecidos é o “desbatismo”. A prática consiste em rejeitar simbolicamente declarações de aceitação, de cunho religioso, feitas durante a infância.

Símbolos ligados a Satanás fazem parte dos rituais. Na celebração de um casamento, por exemplo, um cruz de neon é colocada de ponta a cabeça e gritos de “Salve Satanás” podem compor os atos.

O aborto também é uma temática de ritual. Neste caso, o ato visa a confortar pessoas que tenham retirado uma gravidez. O satanismo também prega a objeção da consciência religiosa contra as normas que proíbem a prática do aborto.

Daniel Mastral e o satanismo

Daniel Mastral, cujo nome verdadeiro é Marcelo Agostinho Ferreira, passou a ser conhecido devido aos seus relatos sobre uma suposta vida dedicada ao satanismo antes de sua conversão ao cristianismo.

Ele alegava ter sido parte de uma organização satânica secreta, onde teria alcançado altos graus de hierarquia. Seus livros, como “Filho do Fogo” e “Guerreiros da Luz”, detalham suas experiências, incluindo rituais, doutrinas e a estrutura de poder que ele afirmava existir dentro dessa organização.

Mastral descreveu a filosofia que ele chamava de “luciferiana” como sendo voltada para o culto ao poder e à influência, com práticas ocultas e uma estrutura semelhante a uma seita.

Após sua conversão ao cristianismo, Mastral tornou-se um fervoroso crítico do satanismo, dedicando sua vida a escrever e falar sobre os perigos que, segundo ele, esse caminho representava.

David Ramos/Getty Images

Em fevereiro deste ano, afirmou, em entrevista, que abandonou o satanismo porque o instruíram a fazer um sacrifício humano. Ele, no entanto, disse que não tinha sangue frio nem coragem para concluir o objetivo, que o levaria a aumentar seu grau de poder e sua hierarquia na seita.

Daniel Mastral acabou se tornando um defensor da fé cristã, utilizando sua história pessoal como um testemunho de redenção e salvação. Além de seus livros, Mastral participou de inúmeras palestras e podcasts, nos quais discutia suas experiências e alertava sobre o que ele via como uma ameaça espiritual e moral.

Sua narrativa chamou a atenção de muitas pessoas. Algumas delas expressavam fascinações, enquanto outros criticavam e questionavam a veracidade de suas alegações. Mastral mantinha um canal no YouTube com mais de 780 mil inscritos.

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