O Acre terá três atletas nas Paralimpíadas de Paris deste ano, que começam no próximo dia 28 de agosto.
Entre eles, o multicampeão e medalhista mundial, Edson Pinheiro Cavalcante. Aos 45 anos, ele compete na classe T37 (para atletas com paralisia cerebral) e tem entre suas conquistas ouro nos Jogos Parapan-Americanos em Lima 2019, bronze nos 100m no Mundial de Londres em 2017 e bronze nos 100m nos Jogos Paralímpicos do Rio em 2016.
Nascido em um seringal no Cruzeiro do Sul, interior do Acre, ele teve uma paralisia cerebral logo ao nascer por falta de oxigênio no cérebro, o que prejudicou os movimentos do braço direito. Seu início no paradesporto foi no tênis de mesa, mas logo depois migrou para o atletismo.
Em uma entrevista concedida ao portal do Governo Federal, ele revelou as suas origens no Acre e as dificuldades no início da vida esportiva.
“Eu vim de uma cidade do interior do Acre, bem distante, um lugar em que a gente não tem muitas expectativas. Eu fazia trabalho braçal desde os dez anos, para ajudar a família. Já capinei quintal, trabalhei na roça, quebrei tijolo. Não me arrependo de nada, foi muito gratificante poder chegar até aqui. Fui crescendo, mudei para Rondônia, lá comecei a praticar o tênis de mesa, depois mudei para o atletismo. Eu não consigo pensar o que eu faria se não fosse o atletismo hoje”, contou.
“Meu pai trabalhava desde cedo no seringal, minha mãe trabalhava em casa. A gente nasceu em um lugar muito difícil para a criação, mas meus pais souberam me educar, me dar uma boa índole e ensinar a respeitar o próximo. Isso contou para cada passo da minha vida e, se eu estou aqui hoje, é mérito deles também”, completou.
Ainda durante a entrevista, ela comentou quais as maiores dificuldades enfrentadas no atletismo.
“A maior dificuldade é ficar longe da família. Eu tenho dois filhos, o menor nasceu em um dia e eu viajei logo no outro, então fiquei 15 dias longe dele. Para mim, é um dos maiores obstáculos, mas o atletismo representa minha vida. Hoje vivo atletismo, durmo atletismo, acordo atletismo, meus amigos são do atletismo, meus filhos nasceram do atletismo”, disse.
Edson é beneficiado pela bolsa atleta, do Ministério do Esporte. Ele é uma das apostas do atletismo brasileiro nas Paralimpíadas de Paris deste ano.