Dia do solteiro: Especialistas apontam possíveis motivos para a escolha de não ter um relacionamento sério

Segundo dados do IBGE, há 81 milhões de solteiros no Brasil, frente a 63 milhões de casados

O dia nacional dos solteiros é celebrado nesta quinta-feira, 15 de agosto. Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicado em 2023, são 63 milhões de casados frente a 81 milhões de pessoas sem companheiros registrados. E, de acordo com a Euromonitor Internacional, a taxa deve crescer mais de 20% no mundo até 2040.

Mas, quais os possíveis motivos por trás dessa tendência? As psicólogas Daniela de Oliveira e Gisele Aleluia, a psicanalista Regina Navarro Lins e a educadora sexual Julianna Santos elencaram hipóteses que explicam a escolha, ou a falta dela, pela solteirice.

Dia do solteiro — Foto: Shutterstock

Veja abaixo:

Poder de escolha digno

De acordo com Regina Navarro Lins, a opção pela solteirice tem se dado em função de um modelo de relacionamento calcado na possessividade, no ciúme e no desrespeito à individualidade do outro. “Isso pesa muito, o que reflete em um número alto de pessoas casadas profundamente insatisfeitas e decepcionadas”, comenta a psicanalista, autora do livro “Novas formas de amar”.

A partir disso, Gisele Aleluia também salienta que, hoje, ser solteiro é visto como um opção digna, que não significa mais uma incompletude, fracasso e um fama de “encalhado”, apesar de não ser uma condição completamente isenta de pressões internas e externas. “Há pessoas que simplesmente se bastam dessa maneira”, diz a psicóloga.

Traumas

Daniela de Oliveira recorre à ideia do autor húngaro-canadense Gabor Maté sobre traumas com “T grande e com T pequeno”. Os maiores fazem referências a violências na infância, casos de vícios na família, de abusos físicos, sexuais e psicológicos. Os menores, por sua vez, são aqueles “repercutidos na forma como organizamos a vida”, podendo, sim, atrapalhar na criação de laços e relações. “São os responsáveis por essa delimitação de intimidade, no quanto a gente se aproxima ou se distancia do outro e da gente mesmo”, explica a psicóloga.

Crescimento das redes sociais e aplicativos de relacionamento

O crescimento dos aplicativos de namoro e das redes sociais também foi elencado pelas especialistas como uma possível causa. Segundo a sexóloga Lu Angelo, a internet mudou muito a forma como as pessoas se relacionam, alguns até privilegiando esse contato virtual do que o real. “Aqui entra o leque de opções. Antes, você terminava um relacionamento e ficava meses sem alguém. Hoje, é só instalar o app que as chances, pelo menos de um date, se multiplicam com várias pessoas, sem o desejo de firmar um compromisso”, comenta a sexóloga.

Gisele Aleluia também chama a atenção para o acúmulo de opções de perfis. “Acho forte essa coisa das redes sociais. As pessoas podem estar com muitas pessoas ao mesmo tempo, isso dificulta a possibilidade de engatar num relacionamento mais sério com alguém, pelo menos com quem opta pela monogamia”, diz a psicóloga.

Aumento da oferta de sextoys

De acordo com a educadora sexual Julianna Santos, a maior oferta de brinquedos eróticos — com variedade em tipos, funções e tamanhos — contribuiu para o autoconhecimento físico e mental das pessoas, em especial as mulheres. “Algumas preferem permanecer solteiras porque descobrem que podem se satisfazer sexualmente sozinhas e constroem uma afetividade mais autônoma da necessidade de se ter uma parceria”, comenta a educadora sexual.

A observação também é reiterada por Lu Angelo. “As mulheres descobriram o poder de um vibrador e de um gin tônica numa sexta à noite. Às vezes, é melhor do que sair com uma pessoa que não vai te fazer se sentir bem”, pondera.

Priorização do trabalho

Lu Angelo avalia que o mercado de trabalho tem aumentado as exigências sobre os profissionais, o que pode distanciá-los da decisão de dividir o tempo com potenciais problemas de um namoro. “A valorização da solteirice é também reflexo de outros interesses na vida. As pessoas têm priorizado se aprimorar profissionalmente por mais tempo, e quando sobra um momento, procuram por diversão fugaz. O solteiro não está sozinho, ele consegue encontra alguém para bons momentos”, conclui.

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