Estratégia do capital chinês para influenciar a América do Sul tem o Acre no caminho

Para chegar ao Porto de Chancay, na costa do Pacífico, produtos brasileiros terão que passar pelo Acre, que poderá ser beneficiado com um ferrovia ligando a Amazônia aos Andes

O Estado brasileiro do Acre, na fronteira com o Brasil e a Bolívia, está exatamente no caminho da disputa comercial entre as superpotências comerciais China e Estados Unidos, apontam analistas internacionais citados pela rede de TV norte-americana CNN. De acordo com o noticiário internacional, Washington, capital dos EUA, está sob estado de alerta em relação a investimentos bilionários do gigante capital chinês no Brasil em busca de eliminar intermediários e conectar a América do Sul ao maior mercado do mundo.

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Entre os investimentos da China na América do Sul está a construção da ferrovia transoceânica e o megaporto de Chancay que unirá o Brasil ao maior mercado do mundo, passando por todo o Brasil e atingindo o Oceano Pacífico, no Peru, num mega-porto projetado para receber navios gigantes de até 18 mil contêineres. Quando inaugurado, até o final deste ano, passará a ser peça-chave na consolidação da influência chinesa na região. Isso, de acordo coma CNN, abala domínio dos EUA no mercado sul-americano.

Megaporto de Chancay, na costa do Oceano Pacífico, recebeu investimento de 1,3 bilhão de dólares e tem capacidade para ser o mais movimentado da América do Sul/Foto: Marcos Vicentti/Secom

De acordo com os analistas, a China está prestes a redefinir, com isso, o cenário geopolítico da América do Sul com os investimentos surpreendentes e cada vez mais gigantescos e que serão capazes de impactar toda a região. O megaporto em Chancay está situado estrategicamente na costa do Pacífico. O porto gigantesco não só transformará a logística continental, mas também poderá redesenhar as alianças globais ao desafiar diretamente a hegemonia dos Estados Unidos no hemisfério ocidental, disse a CNN.

Mas os investimentos chinês não se limita ao Peru. A China também está desenvolvendo uma ferrovia transoceânica no Brasil, que conectará diretamente os portos brasileiros ao de Chancay, criando uma rota alternativa às tradicionais rotas marítimas, como o Canal do Panamá. Essa ferrovia promete reduzir custos e tempo de transporte, beneficiando tanto o Brasil quanto o Peru e impulsionando o desenvolvimento econômico da América do Sul.

Enquanto Washington observa com cautela, a China avança com uma infraestrutura colossal que promete conectar o Brasil e outros países sul-americanos ao mundo, alterando para sempre o equilíbrio de poder na região. São investimentos estratégicos de expansão global.

Essa construção estratégica da China visa não apenas melhorar o fluxo de mercadorias, mas também desafiar a hegemonia dos Estados Unidos na América do Sul, uma área historicamente considerada dentro da esfera de influência de Washington. Chancay é uma cidade pacata a 60 km de Lima e agora será o centro das atenções, tornando-se um dos maiores hubs logísticos do continente. O projeto é uma parceria entre a empresa peruana Volcan e o porto Costco, da China, trazendo uma infraestrutura muito superior à existente no país.

Entre os investimentos da China na América do Sul está a construção da ferrovia transoceânica e o megaporto de Chancay/Foto: Reprodução

Além disso, a capacidade de receber navios de até 18 mil contêineres coloca o Peru em uma posição privilegiada. Até agora, apenas dois portos nas Américas – Long Beach, nos Estados Unidos, e Manzanillo, no México – possuem tal capacidade. Com esse novo porto, o Peru se conectará diretamente ao maior mercado do mundo, eliminando intermediários e reduzindo significativamente custos e tempo de transporte.

Mas nem tudo são flores na grandiosidade desse projeto, que traz desafios à altura. A China precisará investir em uma infraestrutura de suporte robusta, incluindo estradas e ferrovias, para garantir que o fluxo de mercadorias seja eficiente. Sem essas melhorias, o megaporto corre o risco de se tornar um gargalo logístico, prejudicando sua eficácia. Como criticam alguns analistas, uma infraestrutura sem suporte adequado seria como um corpo sem veias.

A influência crescente da China na América do Sul tem despertado preocupação em Washington. Esse megaporto é mais uma peça no tabuleiro geopolítico, onde a China busca fortalecer sua presença, enquanto os Estados Unidos veem sua influência ser desafiada. Em um mundo onde a competição global só aumenta, essa obra pode redefinir alianças e elevar as tensões internacionais.

A previsão é que o megaporto de Chancay esteja operacional já em 2024, coincidindo com a cúpula da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacifico). Nesse evento, o presidente chinês e outros líderes globais estarão presentes para a inauguração oficial, marcando um momento histórico não apenas para o Peru, mas para toda a América do Sul. A China, mais uma vez, se posiciona no centro das atenções globais, reafirmando seu papel como uma potência mundial.

Com previsão de inauguração em novembro, obras no porto seguem durante 24 horas, com a força de trabalho de 3 mil operários peruanos e chineses/Foto: Marcos Vicentti/Secom

Mas a influência chinesa não se limita ao Peru. A China também está desenvolvendo uma ferrovia transoceânica no Brasil, que conectará diretamente os portos brasileiros ao de Chancay, criando uma rota alternativa às tradicionais rotas marítimas, como o Canal do Panamá. Essa ferrovia promete reduzir custos e tempo de transporte, beneficiando tanto o Brasil quanto o Peru e impulsionando o desenvolvimento econômico da América do Sul.

Por outro lado, a construção dessa ferrovia enfrenta desafios significativos, principalmente em relação ao difícil terreno da Floresta Amazônica e da Cordilheira dos Andes. As negociações entre Brasil e Peru sobre a melhor rota também podem causar atrasos. No entanto, esses obstáculos são oportunidades para inovação, exigindo tecnologias avançadas e cooperação entre governos e empresas para garantir a sustentabilidade do projeto.

Com essa ferrovia, a China facilitará o acesso aos recursos naturais da América do Sul e também abrirá novos mercados e oportunidades de crescimento para os países envolvidos. Esse projeto promete transformar a logística regional e fortalecer a integração econômica na América do Sul.

Em termos geopolíticos, a crescente influência da China na América do Sul sinaliza uma mudança significativa no equilíbrio de poder na região. Com investimentos estratégicos como a construção do megaporto de Chancay e da ferrovia transoceânica, a China se posiciona como um parceiro essencial para o desenvolvimento econômico sul-americano. Isso pode alterar as dinâmicas de poder, enfraquecendo a posição dos Estados Unidos, tradicionalmente o principal parceiro da América Latina.

É evidente que a ascensão da China na América do Sul tem implicações profundas, tanto econômicas quanto geopolíticas com Washington. A construção desse megaporto e da ferrovia transoceânica são apenas dois exemplos de como a China está expandindo sua presença global. Com isso, o país se afirma cada vez mais como uma potência indispensável no cenário internacional, moldando o futuro da América do Sul e redefinindo as relações de poder na região.

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