Ex-médico acusado de queimar a mãe viva em vira réu; veja o caso

Justiça recebeu denúncia do MPDFT contra o ex-médico Lauro Estevão Vaz, 64, acusado pelo assassinato da mãe em Águas Claras, em maio de 2024

Acusado de provocar o incêndio no apartamento da própria mãe, Zely Alves Curvo, 94 anos, o ex-médico Lauro Estevão Vaz, 64, virou réu e teve a prisão temporária convertida em preventiva pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). A Corte acolheu denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra ele, com base em inquérito da Polícia Civil (PCDF) entregue na sexta-feira (26/7).

A decisão que tornou réu o ex-médico partiu do juiz André Silva Ribeiro, da 1ª Vara Criminal e do Tribunal do Júri de Águas Claras. “Os fatos imputados ao denunciado são graves, uma vez que [o caso] se trata de um suposto crime de homicídio, tendo como vítima pessoa idosa e hipervulnerável, com 94 anos de idade, genitora do denunciado, mediante emprego de fogo, em contexto de violência doméstica e familiar”, destacou o magistrado.

Material obtido pelo Metrópoles

O incêndio que matou Zely, que morava no Residencial Monet em Águas Claras, foi provocado por Lauro em 31 de maio de 2024. Declarações de testemunhas e o laudo pericial criminal elaborado pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF) revelaram que as chamas iniciaram no quarto em que a idosa estava acamada.

Além disso, a acusação também apresentou no interior do veículo de propriedade do denunciado substância inflamável, conhecida como thinner, a qual será submetida à perícia. O magistrado frisou que o laudo pericial criminal do Instituto de Medicina Legal (IML) concluiu que a causa da morte seria ” asfixia devido a instalação de gases provenientes de combustão”.

“Não é demais lembrar que o denunciado teria saído do apartamento e, logo a seguir, começaram os relatos de incêndio. Ademais, até o momento, o acusado não apresentou versão defensiva capaz de afastá-lo da autoria, sendo que há elementos que indicam que teria atuado obstando os trabalhos de investigação, pois compareceu por diversas vezes ao local do crime, pegando objetos, mesmo com a proibição de comparecer à cena do delito, que deveria permanecer isolada até a conclusão das perícias”, ressaltou o juiz.

O juiz ressaltou que o ex-médico também foi alvo de denúncias por outros crimes. Segundo o magistrado, o eventual retorno do convívio social do réu poderia resultar em “enorme perplexidade e fomentar o sentimento de impunidade”. O juiz também destacou a possibilidade de fuga do réu.

O caso

Segundo inquérito da PCDF, produzido pela equipe de investigação da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), o ex-médico foi responsável por matar a própria mãe em Águas Claras e teria iniciado o incêndio criminoso ao atear fogo na maca em que a idosa de 94 anos estava deitada.

O inquérito foi divulgado na sexta-feira (26/7). Exames periciais feitos no apartamento da família, no Residencial Monet, em Águas Claras, revelaram que o incêndio que matou Zely Alves Curvo, teve início no móvel. As investigações ainda descartaram outras hipóteses, como acidentes elétricos ou ação natural – em caso de incidência de raios. Assim, restou apenas a possibilidade de que o incêndio tivesse sido causado por ação humana.

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As investigações também revelaram que Lauro morava sozinho com a mãe e que ele saiu do apartamento no momento que as chamas começaram a se proliferar pelo imóvel.

Assim que chegou ao local, CBMDF verificou que havia muita fumaça no endereço e que as chamas ainda eram visíveis. O incêndio ficou confinado, restrito ao quarto, devido à ação rápida de combate. Dentro do cômodo, a equipe de socorro encontrou o corpo da idosa carbonizado.

Lauro, que estava preso temporariamente desde 14 de junho, teve a prisão preventiva pedida pela PCDF e foi indiciado por feminicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, além de uso de fogo e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima – e por fraude processual. Os crimes podem levar a penas de 12 a 30 anos de prisão.

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