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Fluminense vive noite mágica e exorciza último fantasma de Libertadores que faltava

Por Ge

Fluminense x Grêmio - Fabio pega pênalti decisivo — Foto: Alexandre Durão

Há feridas que demoram a ser cicatrizadas. O Fluminense tinha uma — daquelas grandes — com a Conmebol Libertadores. O vice-campeonato de 2008 doía em cada tricolor e demorou 15 anos para ser curado. Mas o título conquistado em 2023 não exorcizou tudo. Faltava uma disputa de pênaltis. Dentro do Maracanã, assim como foi naquele 2 de julho. Nesta terça-feira, a classificação diante do Grêmio aconteceu como tinha que ser para lavar a alma.

A vaga vem das mãos de Fábio, que viveu uma montanha-russa nesta eliminatória. Caso o Fluminense fosse eliminado, dificilmente ele não sairia como vilão. Falhou num gol na ida e errou em dois na volta — um foi anulado por impedimento. Mas isso não seria digno com um goleiro de sua história. Nas penalidades, fez valer o status de pegador para defender duas. Foi herói e ovacionado por um Maracanã lotado. Futebol é isso.

A noite também foi mágica para Thiago Silva. Se falamos dos traumas a serem deixados para trás, este 20 de agosto é simbólico para ele. Ele não cobrou contra a LDU em 2008, mas converteu a sua cobrança contra o Grêmio. E isso só foi possível porque ele abriu o caminho com um belo gol de cabeça. Foi o líder que se espera no momento certo.

Por fim, o Fluminense consegue a sua vitória épica. Daquelas para mudar a mentalidade de um time que não merece estar na situação em que está. Mano Menezes faz um bom trabalho, arranca bem para fugir da zona de rebaixamento do Brasileirão, mas faltava aquele momento grande onde todos, de forma unânime — de torcedores a jogadores —, compram o barulho do treinador. Contra o Grêmio, nesta terça-feira, a vitória veio.

Fluminense x Grêmio - Fabio pega pênalti decisivo — Foto: Alexandre Durão

Fluminense x Grêmio – Fabio pega pênalti decisivo — Foto: Alexandre Durão

O placar de 2 a 1 foi justo para um confronto de dois gigantes em Libertadores. Mas não diz perfeitamente o que foi a partida. A estratégia do Fluminense casou perfeitamente com os erros da utilizada pelo Grêmio. Ao escalar três zagueiros, Renato Gaúcho colocou um de seus defensores para perseguir individualmente Jhon Arias. Mas o efeito foi contrário. A linha defensiva gaúcha ficou desentrosada, dando espaços onde o Fluminense é muito perigoso.

Arias, o caçado, mal foi achado na primeira etapa. Paulo Henrique Ganso, com liberdade, fez o jogo correr como quis. Eles ainda viram o Fluminense abrir o placar cedo: escanteio cobrado pelo meia colombiano e gol de Thiago Silva. A bola parada, tão criticada pela sua baixa eficiência há tempos, funcionou no momento em que mais precisava. Sinal do que viria pela frente.

A mesma bola parada, forte arma do Grêmio, foi responsável pelo segundo gol do Fluminense. Reinaldo e Soteldo se enrolaram. No contra-ataque, Arias arrancou quase o campo inteiro até chutar. Dodi impediu com o braço. Pênalti que o colombiano converteu. Dali em diante, foi uma superioridade impressionante do Tricolor carioca, que poderia ter ampliado antes do intervalo.

Thiago Silva e Arias comemoram a classificação do Fluminense — Foto: Alexandre Durão

Foi um primeiro tempo quase irretocável. Todos os 11 titulares estavam bem no jogo, mas vale destacar a atuação de Guga. Faz um 2024 com muitos problemas e atuações bem questionáveis. Porém, mais uma vez, foi bem quando entrou num jogo decisivo. Mesmo improvisado de lateral-esquerdo, não deixou margem para críticas.

Na volta para o segundo tempo, o Fluminense seguiu melhor por 15 minutos. Ganso, de cobertura, quase fez um gol que seria o fim da eliminatória devido a sua beleza e impacto dentro de campo. Bateu no travessão. Faltou capricho no último passe. O Grêmio, exposto pela necessidade do resultado, estava nas cordas. Mas quem não faz, leva.

Renato Gaúcho desfez a estratégia errada e colocou Cristaldo no jogo. O Grêmio melhorou e o Fluminense teve muita dificuldade para conter o lado esquerdo do ataque adversário. Soteldo e Monsalve subiram de produção, aproveitaram o cansaço de Kevin Serna e Martinelli para dominar o setor e encontrar formas de atacar.

Felipe Melo comemora a classificação do Fluminense — Foto: Alexandre Durão

Gustavinho desperdiçou uma chance inacreditável, dentro da pequena área. Era um sinal de que as coisas não estavam bem. O Grêmio empatou na bola parada — com falha de Fábio. Jemerson empatou, mas estava impedido no lance. Poucos minutos depois, linda jogada de Monsalve pela esquerda e cruzamento para Gustavo Nunes empatar.

Então, começou a pesar tudo. O cansaço de o Fluminense não ter poupado no fim de semana — e o Grêmio, sim. O peso de o atual campeão da América ter que disputar uma penalidade dentro de casa. O fantasma do passado do vice-campeonato diante da LDU. E da eliminação para o Olimpia, em 2022, onde vários desses jogadores estavam em campo.

Mas o Fluminense tinha Fábio. Que viveu daquelas páginas lindas do futebol. Ganso errou. Cruel. Mas o goleiro se redimiu com uma noite mágica. Dois pênaltis defendidos e classificação. O Fluminense está nas quartas de final da Libertadores.

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