Um salário 13 vezes maior do que o atual, cargo para o pós-carreira e liberdade para retornar ao futebol europeu antes mesmo de completar 30 anos. O Fundo Público de Investimentos (PIF) do governo da Arábia Saudita promete não medir esforços para ter Vini Jr. no Al-Ahli a partir da próxima temporada. E os argumentos na mesa são tentadores.
O atacante brasileiro e os responsáveis por sua carreira avaliam cuidadosamente aspectos favoráveis e contrários a uma saída do Real Madrid agora, aos 24 anos. Ao mesmo tempo, ganham tempo enquanto os sauditas não oficializam a oferta que já foi realizada verbalmente.
O clube espanhol faz jogo duro e garante que só libera pelo valor de multa de 1 bilhão de euros (R$ 6 bilhões). Do lado de Vinicius Junior, por sua vez, há um enorme ponto de interrogação sobre o que fazer do futuro. O ge lista detalhes da oferta que fazem com que o jogador reflita sem pressa na reposta.
O motivo principal, obviamente, é financeiro e pessoas próximas tratam a oferta de 1 bilhão de euros por cinco anos de contrato como “capaz de resolver a vida de gerações de familiares do jogador”, que tem como meta ampliar também o impacto de seu instituto.
Nenhum contrato na história do esporte chegou a tal valor em sua totalidade. O salário anual de Vini Jr. seria semelhante ao de Cristiano Ronaldo no Al-Nassr, 200 milhões de euros. No entanto, o craque português assinou até 2026. O vínculo esportivo de maior valor no momento é do jogador japonês de baseball Shohei Otani. Seu contrato de 10 anos com o Angeles Dodgers prevê pagamento de 700 milhões de dólares.
Principais pontos da oferta:
- € 1 bilhão (R$ 6 bilhões) por cinco anos de contrato como jogador, em salários e bônus
- Liberdade para o atacante decidir seu destino em 2029
- Papel como embaixador da Copa do Mundo de 2034 e da liga saudita
- Possibilidade de exercer algum cargo local após a aposentadoria como jogador
De forma didática, a promessa dos árabes é 13 vezes maior do que o salário atual de Vini no Real Madrid. No ano passado, ele renovou o contrato com o clube até junho de 2027 com aumento progressivo ano a ano. A projeção é de 13 milhões de euros no ano de 2024 e 45 milhões de euros (R$ 271 milhões) no somatório das três temporadas restantes até o fim do vínculo com os espanhóis.
Como comparativo, o montante recebido no mesmo período será de 600 milhões de euros (R$ 3,6 bilhões) caso aceite a proposta para defender o Al-Ahli. O contrato previsto com o fundo saudita será até junho de 2029 como jogador, totalizando mais de 1 bilhão de euros (R$ 6 bilhões) entre salários, bônus e premiações. Mas não para por aí.
Em paralelo ao contrato de jogador por cinco anos, o Governo Saudita quer Vini Jr. como embaixador da Copa do Mundo de 2034. O posto não inviabilizaria uma saída dele da liga local a partir de 2029. Ou seja, um acordo para jogar por cinco anos, outro para ser a imagem do Mundial no país por 10 anos.
Desta maneira, ainda com 29 anos, Vinicius teria a liberdade para retornar ao futebol europeu ou seguir outros rumos na carreira, se assim desejar. A brecha é tida como relevante para que o brasileiro não fique refém de ter que atuar no Oriente Médio praticamente até o fim da carreira.
O país asiático projeta ainda participação efetiva do atacante no desenvolvimento do futebol local em longo prazo. A oferta deixa aberta a possibilidade de que Vini atue na função que achar conveniente após a aposentadoria – vale ressaltar que se trata de um jogador de somente 24 anos.
A reação inicial do Real Madrid é um empecilho natural, mas os árabes entendem que há margem para negociação e não colocam limite para o investimento. Se o clube exige o 1 bilhão de euros da multa, o Fundo Saudita usa como base os 222 milhões de euros da venda de Neymar do Barcelona para o PSG como a maior venda da história do futebol. E tem capacidade de aportar um valor consideravelmente maior, caso Vini aceite a proposta.
Pesa muito contra o acordo a Bola de Ouro. A maior premiação individual do futebol mundial é inegociável para Vini e seu staff. A equipe do jogador entende que é uma oportunidade rara ser eleito após ser o melhor jogador da Champions e nenhum de seus concorrentes ter destaque na Euro.
O ponto é que nunca nenhum jogador que estivesse atuando fora da Europa levantou o prêmio, que é organizado pela revista francesa France Football. Os finalistas serão divulgados no dia 4 de setembro, quando abre a votação para a cerimônia que acontecerá no dia 28 de outubro. O mercado na Arábia Saudita fecha no dia 6 de outubro.
As partes ainda não conversaram sobre a possibilidade de o acordo ficar para a próxima temporada. Os sauditas prometem não medir esforços para levar Vini desde já. Enquanto isso, o atacante segue à disposição de Carlo Ancelotti e disputará nesta quarta-feira, em Varsóvia, na Polônia, a Supercopa da Europa, diante da Atalanta.
Contratado ao Flamengo em 2018, Vinicius Junior soma 264 jogos, 84 gols e 59 assistências pelo Real Madrid. No período, conquistou todos os títulos possíveis: dois Mundiais de Clubes, duas Champions, três La Liga, uma Copa do Rei, três Supercopas da Espanha e uma Supercopa da Europa.
A negociação acontece há cerca de um mês, e o fundo saudita se cerca de cuidados para não gerar desconforto com as partes envolvidas, tanto com Vini, quanto com o Real Madrid. Todos, por sua vez, estão cientes do projeto ambicioso, e as conversas seguem.
Vini é o grande favorito para vencer a Bola de Ouro, que será entregue no dia 28 de outubro, em Paris. Os finalistas serão revelados no dia 4 de setembro, um mês antes do fechamento da janela na Arábia Saudita: dia 6 de outubro.
A Bola de Ouro, por sinal, é um dos pontos relevantes para Vini Jr. O brasileiro avalia o quanto uma saída da Europa poderia pesar nos votos, o que abre brecha para negociações mais intensas na reta final da janela ou para 2025.
Atualmente, o Al-Ahli conta com os brasileiros Roberto Firmino e Ibañez em seu elenco, além de nomes como o argelino Mahrez (ex-Manchester City) e o goleiro senegalês Mendy (ex-Chelsea). Com Neymar no Al-Hilal, Benzama no Al-Ittihad e Cristiano Ronaldo no Al-Nassr, Vini seria a estrela que faltava no Al Ahli para fechar o quarteto de clubes pertencentes ao Fundo de Investimentos do governo saudita.