Devido ao agravamento das queimadas em Rondônia e estados vizinhos, autoridades estaduais se reuniram na tarde desta segunda-feira (19), para uma coletiva à imprensa no Auditório Jerônimo Santana, no Palácio Rio Madeira. Coordenada pelo coronel BM Nivaldo Azevedo, Comandante Geral do Corpo de Bombeiros de Rondônia, a coletiva teve a participação de representantes do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipan), Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), Polícia Militar Ambiental, Secretaria de Estado de Saúde (Sesau), e a Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa), que apresentaram as medidas emergenciais em curso e os impactos na saúde pública.
O coronel Nivaldo Azevedo destacou que o atual cenário das queimadas em Rondônia é amplificado pelo fenômeno El Niño, que trouxe uma seca severa e potencializou os focos de incêndio, tanto no estado quanto em regiões vizinhas. Ele informou que o governo do estado, através da Sedam e a Polícia Ambiental, lançou a “Operação Verde Rondônia”, que já estabeleceu seis bases avançadas e realizou mais de 12 mil ações preventivas. Além disso, 20 bombeiros militares foram enviados ao sul do Amazonas para ajudar no combate aos incêndios, e há a possibilidade de estender essa cooperação para a Bolívia, caso a situação piore.
O representante do Censipan, Luan Alves, apresentou uma análise das queimadas, explicando que a nuvem de fumaça que cobriu Porto Velho nos últimos dias se originou tanto no sul do Amazonas quanto nas áreas protegidas de Rondônia, como as Florestas Nacionais de Jacundá, Jamari e de Guajará, que foram severamente afetadas, com áreas de 230 mil hectares, o equivalentes a 88 mil campos de futebol queimadas. Esses atos criminosos em áreas de reservas florestais podem estar relacionados com grilagem de terras públicas com desmatamento e queimada praticados de forma ilegal.
Representando a Sedam, o secretário Marcos Antônio Lago destacou o suporte logístico e tecnológico que a secretaria tem oferecido aos bombeiros e Polícia Ambiental, utilizando geolocalização e imagens de satélite para identificar e combater novos focos de incêndio. A Polícia Ambiental, por sua vez, revelou que já realizou mais de 400 intervenções e aplicou mais de R$ 8 milhões em multas para tentar frear as atividades criminosas ligadas às queimadas.
No campo da saúde, o secretário da Sesau, coronel Jefferson Rocha, afirmou que o sistema de saúde estadual está preparado para lidar com o aumento de casos de doenças respiratórias causadas pela fumaça, que já começou a impactar a população. A médica Antonieta Machado, diretora do Hospital Infantil Cosme e Damião, e o médico Reginaldo Fernandes, pediatra adjunto da mesma unidade, reforçaram a necessidade de cuidados preventivos, como manter a hidratação, evitar locais de grande movimentação e proteger e higienizar os olhos e nariz das crianças. Eles alertaram que as principais doenças que devem preocupar os pais são asma, bronquite, conjuntivite e faringite em alto grau.
Por fim, o coronel Gilvander Gregório, diretor da Agevisa, recomendou que a população evite atividades físicas ao ar livre e mantenha as janelas fechadas enquanto a fumaça persistir na cidade. Ele também alertou para que a população reporte atividades ilegais relacionadas às queimadas pelo 190.