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Uninorte recebe especialista para falar sobre uso de psilocibina como tratamento inovador para depressão

Por Maria Fernanda Arival, ContilNet

Estima-se que 22 milhões de pessoas no Brasil tenham depressão e, pelo menos, 5 milhões estão em tratamento no Brasil, seja por uso de antidepressivos ou terapias. Um estudo sobre uma substância que pode auxiliar no tratamento da doença, a psilocibina.

No dia 28 de agosto, a partir das 18h, o Centro Universitário Uninorte irá receber a MD. MsC. Ph.D. Elisa Brietzke, com a palestra intitulada “Psilocibina para Depressão – Tratamento, Segurança e Perspectivas”, que acontecerá no auditório do bloco E da instituição.

Ao ContilNet, a especialista explicou que depressão é um transtorno mental extremamente comum. “Nós temos recursos para tratar, mas que não são efetivos para todos os pacientes e que demoram até a gente ter um efeito, então quando se começa um tratamento para depressão pode demorar até seis semanas para que uma medicação faça seu efeito. Nessa palestra a gente vai falar sobre a psilocibina, que é um tratamento inovador, experimental para depressão e cuja uma das principais características é o início rápido, em vez de necessitar esse tempo, que a gente pode observar uma melhora”, disse Elisa Brietzke.

Os especialistas estão no Acre pela primeira vez/Foto: ContilNet

A professora explicou ainda que a diferença da psilocibina e dos tratamentos já utilizados atualmente, é o tempo de efeito. “Hoje a gente tem basicamente um tipo de tratamento que é o uso de antidepressivos, que a pessoa toma, por exemplo, um comprimido todos os dias e as psicoterapias, que são terapias de conversa. Esse tratamento é ingerido, essa medicação que será feita é a partir de um fungo, de produto natural, e produz um efeito de alteração do estado de consciência por, aproximadamente, 4 horas durante esse período a pessoa fica acompanhada pela equipe, e esse estudo pode passar trazer uma experiência mais tranquila, que ela tem esse efeito duradouro, dura de semanas a até 6 meses. A expectativa é que esse tratamento possa ser administrado uma vez a cada seis meses, ao invés de tomar todos os dias”, ressaltou.

A professora Elisa Brietzke é MD. MsC. Ph.D/Foto: ContilNet

Parceria com a Uninorte

O médico César Câmara, ao ContilNet explicou que o projeto envolve instituições como a Uninorte, Universidade Federal de Campina Grande e outras entidades, para recrutamento e como a indústria farmo-química, também para a produção do IFA, dos lotes pilotos, sendo um ecossistema grande para que funcione. “Os estudos devem começar agora depois que a gente tiver autorização da Comissão de Ética do Acre e depois uma autorização especial específica para a condução deste tipo de estudo”, explicou.

Câmara afirmou que o estudo deve durar até 2 anos e 6 meses na primeira fase, que é o estudo maior, com material vegetal seco, que vai ser usado para tratar os pacientes e também produzir para a ciência, treinar as pessoas que vão cuidar do paciente, bem como a preparação e cuidado com as pessoas que serão voluntárias durante o uso da substância. “O segundo estudo é  para testar um medicamento mesmo, experimental, produzido na Indústria Farmacêutica. Esse estudo é feito com pessoas que não tem nenhuma condição de saúde. São só 18 pacientes. É um estudo mais curto que deve durar três meses mais ou menos para ser finalizado. Esse tipo de projeto são muito caros, que demandam muito também de pessoas, treinamentos e a gente não consegue fazer isso sem apoio de uma instituição que tenha coragem de embarcar em um tipo de projeto desse, que demanda dinheiro, investimento de pessoas e treinamentos. Quando pensamos na Uninorte, os mantenedores abriram as portas para o projeto”, disse.

Médico César Câmara/Foto: ContilNet

O médico afirmou que o projeto é inovador e talvez o maior da América Latina com esse intuito de produzir um mediamento para esse fim. “Para os estudantes, é uma oportunidade de ouro, porque eles vão estar envolvidos em um projeto inovador de verdade, eles vão passar por todas as etapas administrativas regulatórias dentro da Uninorte, desde o protocolo da Comissão de Ética e toda a burocracia”, disse.

Elisa também explicou que além dos estudantes, a palestra também tem como público-alvo psicólogos, médicos já formados, farmacêuticos e outros profissionais da saúde. “O profissional que é formado, aprendendo como o conhecimento é produzido, ele adquire uma postura crítica sobre a ciência e ele leva isso para sua vida. Então ele vai ser um profissional melhor porque no momento em que ele vai tratar o paciente dele, seja no médico como psicólogo ou biomédico, ele vai querer saber de onde determinada recomendação de tratamento saiu, como que um determinado estudo foi feito então isso melhora a qualidade do profissional”, explicou.

Os especialistas ao lado de Ricardo Leite, representante da Uninorte/Foto: ContilNet

Psilocibina

A Psilocibina é uma substância psicodélica encontrada em certos tipos de cogumelos, que vem ganhando atenção na comunidade científica pelo seu potencial no tratamento de transtornos depressivos. 

Elisa é Psiquiatra Acadêmica, e desenvolve pesquisas em neurobiologia e tratamentos inovadores de transtornos de humor. Trabalha como psiquiatra assistente na Divisão de Adultos – Psiquiatria do Kingston General Hospital, Kingston, ON, e é membro do Centro de Estudos de Neurociências da Queen’s University, onde orienta alunos de graduação e pós-graduação. 

Brietzke é ainda coautora de mais de 300 artigos revisados por pares e seu índice Scopus H é 55. Para sua produção, ocupa o cargo de professora honorária da Unidade de Neuropsiquiatria Translacional da Universidade de Aarhus, na Dinamarca.

A palestra é gratuita e aberta à comunidade em geral. As inscrições podem ser feitas através do site oficial da Uninorte. Vagas limitadas. https://eventos.uninorteac.edu.br/inscricao.

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