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Violência contra mulheres aumenta mais de 30% no Acre e estado volta a liderar ranking

Por Tião Maia, ContilNet

O Acre continua na liderança dos estados brasileiros que registram os maiores índices de violência contra as mulheres. Os dados foram revelados pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, na última quarta-feira (7) por conta da celebração dos 18 anos de implantação da Lei Maria da Penha, que visa coibir este tipo de crime. No entanto, apesar da lei e do tempo de sua implantação, os casos de violência doméstica continuam crescendo no país e o aumento, entre 2022 e 2023, foi de 9,8%.

No ano passado, 258.941 mulheres foram vítimas de lesão corporal dolosa praticada por seus parceiros, no Brasil. Isso equivale a 709 casos por dia, algo como se, a cada hora, 29 mulheres fossem agredidas por seus companheiros.

Os coordenadores do Anuário Brasileiro de Segurança Pública ainda advertem que os que esses números refletem, apenas, os casos que resultaram em registro de ocorrência. A julgar pela tendência de que muitas ocorrências deixam de ser registradas, os números, já muito cruéis, ainda são abaixo do que ocorre na realidade.

O Acre está no topo desta lista com o registro de pelo menos cinco feminicídios em 2024 até o mês de junho/Foto: Ilustrativa

Os dados revelam, também, outros contextos no que se refere à violência contra a mulher no país e mostram que a quantidade de feminicídios, por exemplo, registrou aumento de 0,8%. O Acre está no topo desta lista com o registro de pelo menos cinco feminicídios em 2024 até o mês de junho.

No comparativo entre os estados do Brasil, alguns saem na frente, seja pelo aumento percentual dos casos, entre um ano e outro, seja pela maior incidência, com taxas mais elevadas para cada 100 mil habitantes.

Quando se trata de aumento percentual, os estados que registraram as maiores variações entre 2022 e 2023 foram: Acre (35,3%), Paraná (34,4%), Alagoas (19,2%) e Paraíba (19,1%), seguidos por Roraima e São Paulo, ambos com 17,7%.

No Acre, a quantidade de casos de violência doméstica foi de 817 registros em 2022 para 1.105 em 2023. Já no Paraná, incremento de 17.777 para 23.886.

Os dois estados foram os únicos do Brasil que registraram elevação acima dos 30%. Entre os 26 estados e o Distrito Federal, apenas sete reduziram o total de casos, nos últimos anos. Quando a análise é feita a partir da taxa de incidência, ou seja, a quantidade de casos de violência doméstica para cada 100 mil habitantes, o resultado é um pouco diferente. Essa avaliação é importante, pois reflete a sensação de recorrência e velocidade dos registros, conforme a população.

Os dados também mostram que, todos os crimes contra a mulher, o que mais cresce no país é a perseguição/Foto: Reprodução

Nesse caso, os estados que lideram o ranking são: Mato Grosso (579,9), Rondônia (520,9), Roraima (474,2), Santa Catarina (441,2) e Paraná (407,1). Mato Grosso conseguiu reduzir a taxa e o número de casos de violência contra mulher, entre 2022 e 2023, mas a quantidade segue alta, a ponto de manter o estado na liderança de incidência. No ano passado, foram feitos 10.540 registros de agressão à mulher, no estado.

Entre todas as unidades da Federação, 12 ficaram acima da taxa nacional, que foi de 247,7. Entre 2022 e 2023, número de casos de agressão dolosa contra mulher aumentou 9,8% no país. Só sete estados conseguiram reduzir.

Os dados também mostram que, todos os crimes contra a mulher, o que mais cresce no país é a perseguição, também conhecida como stalking. A cada sete minutos, uma mulher é vítima de perseguição reiterada no Brasil, mostram os dados.

De 2022 para 2023, o aumento de registros de stalking foi de 34,5%, à frente, por exemplo, de violência psicológica (33,8%), ameaça (16,5%), lesão corporal (9,8%), tentativa de homicídio (9,2%), tentativa de feminicídio (7,1%), estupro (5,2%) e outros.

Essa tendência preocupa, pois, na visão de especialistas, a perseguição é o passo inicial para uma possível agressão e até um assassinado.

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