O prefeito e candidato à reeleição Tião Bocalom, da coligação “Produzir para Empregar”, foi o vencedor do primeiro debate entre os quatro candidatos em disputa pela Prefeitura de Rio Branco. Foi o primeiro confronto direto entre os postulantes, transmitido ao vivo pelo Canal TV Norte Acre (canal 22), retransmissor do SBT, na manhã desta segunda-feira (17), durante quase duas horas de debate, que foi interrompido no início por uma queda de energia elétrica nos estúdios da emissora.
Boa parte do tempo do debate foi gasto entre os candidatos Marcus Alexandre (MDB/PT/PV/PcdoB), Jenilson Leite (PSB) e Emerson Jarude (Novo) trocando acusações entre eles sobre o passado. Tião Bocalom aproveitou a discussão para lembrar aos três, ao falar sobre o transporte coletivo, que na época de Marcus Alexandre o preço das tarifas das passagens de ônibus aumentaram pelo menos cinco veze durante os seis anos de mandatos dele.
“Foi por isso que aviões foram apreendidos cheios de camisetas do PT. Era para isso que servia o dinheiro que financiavam as empresas dos ônibus na época”, disse Bocalom.
Debate com seis blocos com temas diferentes: se fosse boxe, Bocalom teria levado adversários às cordas
O debate foi dividido em seis blocos. Em cada bloco, cada candidato podia fazer uma pergunta para o adversário seguido do sorteio de temas. A produção advertiu aos candidatos e assessores para que não ocorressem agressões físicas ou verbais e que os pedidos de direitos de resposta só poderiam feitas nos intervalos. O debate transcorreu com discussões duras mas sem agressões ou ofensas e também não houve pedido de direito de resposta durante mais de uma hora de confronto de ideias.
Avaliações de analistas após o programa mostraram que, no geral, se ao debate fosse aplicado o princípio de uma luta de boxe, Bocalom teria levado seus adversários, principalmente a Marcus Alexandre, seu principal oponente, às cordas e ao chão do ringue imaginário. Um desses momentos ocorreu quando o atual prefeito obrigou o principal concorrente a dizer que os problemas nos transportes coletivos foram herdados da administração anterior. O prefeito anterior a Marcus Alexandre, eleito pela primeira vez em 2012, foi o professor Raimundo Angelim, do PT.
O debate começou com os quatro candidatos tendo cada um, um minuto para sua apresentação. Bocalom foi o último a falar, por sorteio, assim como foi o último a encerrar o programa nas considerações finais. Disse que agradecia à população pela oportunidade do primeiro mandato e pediu ao eleitor mais uma chance para continuar realizando obras por toda a cidade, incluindo cuidados coma zona rural através do programa “ Produzir para Empregar” .
Emerson Jarude acusa Marcus Alexandre de perseguir motoristas de aplicativos
Marcus Alexandre, candidato pela coligação MDB/PT/PcdoB/PV, o terceiro a se apresentar, lembrou que já foi prefeito por duas vezes e disse que pretende voltar ao cargo “para ajudar muito mais”. O primeiro a se apresentar foi o candidato do Novo, Emerson Jarude, o qual aproveitou para lembrar que Tião Bocalom e Marcus Alexandre já estiveram e estão na Prefeitura e que os problemas da cidade, como as ruas esburacadas, continuam e que a solução para quem quiser melhorar a cidade, seria votar nele e acusou Marcus Alexandre de perseguir motoristas de aplicativos, sem dar maiores detalhes sobre ocorria o problema.
Jenilson Leite, candidato pelo PSB, o segundo a falar e se apresentar ao debate, lembrou seu passado de deputado estadual por dois mandatos, quando foi, segundo ele, o mais produtivo entre os 24 deputados estaduais.
Na volta do primeiro intervalo, após um longo intervalo de mais de dez minutos em função de uma queda de energia nos estúdios da emissora, o debate voltou com os candidatos falando sobre economia local. O primeiro a perguntar neste segmento do debate foi o atual prefeito de Rio Branco.
Bocalom fez perguntas para Jenilson Leite, lembrando que ele e Marcus Alexandre fizeram parte de governos da Frente Popular e lembrou que, depois de 20 nos de governos dos quais ele e o candidato agora no MDB, nada fizeram pela economia local. “O resultado disso é que temos 45 mil famílias dependendo diretamente do Bolsa Família e quero saber se o senhor tem alguma sugestão para mudar isso?”, indagou Bocalom a Jenilson Leite.
Jenilson Leite: jovens estão indo embora da cidade desde os tempos de Marcus Alexandre
Jenilson Leite voltou a dizer que, desde Marcus Alexandre na Prefeitura, “muitos jovens estão indo embora de Rio Branco por falta de oportunidade no mercado de trabalho”. Em réplica, Bocalom lembrou que vem trabalhando para fortalecer a agroindústria, apoiando os produtores da agricultura familiar, com abertura e conservação de ramais, adquirindo calcário e adubo para o plantio e apoio para o beneficiamento dos produtos agrícolas.
Jenilson Leite, ao fazer perguntas para seu ex-aliado de Frente Popular, disse que o ex-prefeito deixou a Prefeitura em 2018 para disputar o governo deixando obras inacabadas, como o Shopping Popular Aquiri, que deveria abrigar os camelôs que Marcus Alexandre diz tanto defender. O ex-prefeito lembrou que os problemas com os camelôs e com o Shopping Aquiri é de responsabilidade da ex-prefeita Socorro Neri, que a substituiu. Marcus Alexandre lembrou inclusive que ela era do partido de Jenilson Leite, o PSB. “Ela não fez uma distribuição adequada”, apontou, ao se referir ao Shopping Aquiri. Jenilson aproveitou para dizer que, se eleito, ele deixaria de cobrar IPTU e alvarás de funcionamento dos camelôs.
Bocalom quer saber por que na época de Marcus Alexandre passagens de ônibus subiram cinco vezes
No terceiro bloco do debate, os candidatos discutiram o tema mobilidade urbana, quando os problemas do transporte coletivo vieram à tona e surgiram novas discussões sobre a má prestação de serviços e possibilidade de irregularidades na área. Foi quando Tião Bocalom foi incisivo com Marcus Alexandre questionando-o por que , em seu tempo, as passagens de ônibus eram mais caras que atualmente.
“Hoje, o óleo diesel é o dobro do valor da passagem e nós não aumentos o valor. Na época do Marcus Alexandre, toda vez que o diesel subia, a passagem também. E que pagava a conta era o usuário que mais precisa do ônibus”, apontou. Na tréplica, Marcus Alexandre disse que os problemas que ele enfrentava na época foram herdados de administração anterior, que era de Angelim, um de seus mentores na política local.
Ainda sobre transporte coletivo, Marcus Alexandre bateu boca com Jarude, dizendo que o candidato Novo se apresenta como novidade vestida em roupa velha. O candidato Novo devolveu dizendo que era vereador e foi chamado à sala do então prefeito Marcus Alexandre para retirar seu nome da lista dos vereadores que pretendia aprovar uma comissão de inquérito para apurar os problemas no transporte coletivo., Foi quando Bocalom lembrou das camisetas do PT trazidas em aviões financiados por empresários do setor de transporte coletivo para as campanhas eleitorais petistas. E afirmou: “eu abri a caixa preta do sistema do transporte coletivo”.
O quarto bloco do debate foi sob o tema da Segurança Pública, com todos os candidatos comentando o tema. Jarude reafirma que, se eleito, implantaria a guarda municipal em Rio Branco e Bocalom rechaçou a novamente a ideia dizendo que eu, depois de conversar com prefeitos de várias capitais do Brasil, concluiu que, para ajudar o Estado na área, é necessário investir em câmeras de monitoramento e que, se for reeleito, ele implantaria mais pelo menos três mil desses equipamentos na cidade.
O quinto bloco do debate foi de tema livre. Jarude inicia o bloco fazendo perguntas a Bocalom e questiona a qualidade das obras de recuperação e pavimentação de ruas feitas pela Emurb. O candidato do Novo reafirma que, se for eleito, extinguirá a empresa. Bocalom responde afirmando que a Emurb cumpre seu papel e faz obras de qualidade. Segundo o prefeito, a empresa só teve problema durante a gestão de Marcus Alexandre. “Assaltaram e , quebraram a Emurb”, disse, “quando foi assaltada e roubada pelos esquemas que haviam lá”.
Marcus Alexandre chama Bocalom de candidato “Zé Promesssa”
Nas considerações finais, Marcus Alexandre disse que o debate foi, para ele, discussão sobre o passado, “quando se deveria discutir o presente”. O candidato da coligação encabeçada pelo MDB voltou a chamar Tião Bocalom de “Zé Promessa” e o atual prefeito rebateu dizendo ter sido o prefeito que mis trabalhou com recursos próprios da Prefeitura e que o demais antes dele diziam que não havia dinheiro para obras.
“Nós conseguimos economizar e conseguimos recursos para investimentos de R$ 1bilhão e 150 milhões em BRs que estão sendo feitas”, disse Bocalom, que saiu dos estúdios da emissora ovacionado por militantes que cercaram a sede da TV Norte, no centro da cidade, em manifestação de apoio a seu candidato, o qual saiu da emissora ovacionado e reconhecido como o vencedor do debate.