Desde sua primeira aparição em The Playroom, o Astro Bot se mostrou como um personagem carismático, embora muitos não o vissem como algo além de um assistente virtual para demonstrar algumas funções técnicas do PS4 e do primeiro PlayStation VR.
Tudo mudou com o lançamento do PS5 e a chegada Astro’s Playroom, uma demo que servia não só para mostrar as novidades do console, como também destacar as múltiplas funções do poderoso DualSense. A demo se tornou um sucesso entre os jogadores, catapultando Astro para o estrelato e fazendo com que um jogo completo fosse anunciado.
É com esse histórico que chegamos em Astro Bot, novo exclusivo do PlayStation que marca não só a estreia do robozinho em sua própria franquia como também mostra o potencial dele para ser o mascote definitivo do console da Sony.
O TudoCelular já jogou essa nova aventura e eu te conto na nossa análise se o resultado foi positivo ou não.
Nossa jornada em Astro Bot começa com Astro e seus amigos a bordo do PS5, que seguindo a estética de Astro’s Playroom, é retratado aqui como uma nave espacial.
Infelizmente, a festa dos bots é interrompida quando se deparam com Nebulax, um alienígena verde que literalmente desmantela o console e espalha diversas peças e bots por galáxias diferentes.
Com parte do console e o próprio Astro aterrissando em um planeta inóspito, cabe ao robozinho recuperar seus amigos e reconstruir a “nave”. Usando um DualSense como nave, cabe a você ir superando os desafios que aparecem em seu caminho, recuperar os 300 bots perdidos e derrotar os inimigos que estão ao lado de Nebulax.
A premissa simples remete a jogos como Super Mario, Lego e até mesmo o saudoso Crash Bandicoot, que durante muito tempo, foi considerado o mascote do PlayStation. Devo confessar que isso é ótimo e bom ver o PlayStation voltando não só às suas origens como também voltando ao básico dos videogames de um jeito estupendo.
Apesar disso, a simplicidade vem acompanhada de momentos espetaculares, com muitos cenários extremamente detalhados, uma ampla variedade de inimigos e uma mecânica divertidíssima, que te incentiva a coletar tudo o que aparece em seu caminho.
Ainda que o humor faça parte do coração de Astro Bot, o grande destaque aqui é a jogabilidade, e os desenvolvedores fizeram um trabalho estupendo para criar um jogo que te arranca sorrisos do começo ao fim.
Ainda que o título fale muito bem com os jogadores mais novos, ele brilha mesmo é com os saudosistas, ou melhor, para os que acompanharam o PlayStation desde o começo. Assim como em Astro’s Playroom, você terá a chance de encontrar alguns bots caracterizados de personagens icônicos, tais como Kratos e Atreus, Nathan Drake, Aloy e por aí vai. A surpresa aqui é que não são apenas franquias da Sony que aparecem no jogo e isso é um verdadeiro tesouro.
Franquias icônicas da Capcom e Konami estão representadas de maneiras estupendas, sendo um verdadeiro deleite para o jogador se deparar com alguns figurões como Alucard, Chris Redfield e tantos outros. O legal aqui é que a Sony também deu espaço para aparições de franquias mais obscuras ou até mesmo esquecidas, tais como as produzidas pelo finado e saudoso Japan Studio.
A sensação é de que estamos vivenciando um Jogador Número 1 do PlayStation, procurando easter eggs a todo o momento e entrando em um mundo onde algumas das franquias mais icônicas do mundo dos games vivem em um mesmo lugar.
Pode parecer clichê, mas é surpreendente ver como a Sony conseguiu reunir toda a sua história em um único jogo, e apesar de homenagear a si mesma, isso é feito de uma forma incrível, que realmente emociona aqueles que acompanharam essa jornada começando pelo PS1 até os dias de hoje.
Ainda que encontrar os easter eggs já faça valer o investimento em Astro Bot, o jogo brilha mesmo é com sua jogabilidade, que complementa a simplicidade com alguns momentos inesquecíveis e acessórios que garantem a Astro muita versatilidade em combate e movimentação.
Ainda que eu não possa entregar as grandes surpresas escondidas no jogo, posso dizer que as transformações que Astro obtém ao longo do jogo são primorosas, desde as mais simples, que aparecem em diversos momentos do jogo, até às especiais, que são exclusivas de alguns trechos.
O robozinho conta com um arsenal incrível de equipamentos, incluindo luvas de sapo que ajudam a quebrar objetos e a atacar à distância, uma mochila de cachorro com propulsão para frente, uma mochila de galinha com propulsão para cima, uma armadura de ferro que deixa ele invulnerável e por aí vai. Todos os poderes são usados das formas mais criativas possíveis, cabendo ao jogador usar as habilidades com destreza para superar os desafios.
Para chegar ao último boss é necessário coletar 200 dos 300 Bots perdidos, o que significa que você terá que se empenhar bastante para bater essa meta. Felizmente, a maior parte das fases possuem um nível de dificuldade aceitável (mesmo que não seja possível escolher o nível de dificuldade do jogo).
Se você é daqueles que gosta de completar tudo, é possível contratar um assistente ao rejogar uma fase concluída. O passarinho possui um radar que te indica a direção de colecionáveis que você não coletou ainda, o que ajuda bastante.
Para quem quer algo mais hardcore, o jogo conta com alguns desafios adicionais dificílimos, que certamente te farão sentir vontade de arremessar seu DualSense no chão, já que essas fases não possuem checkpoint e a chance de você morrer quando estiver perto do fim é bem alta.
Até hoje, Astro’s Playroom foi o jogo que usou melhor os recursos do DualSense, o poderoso controle do PS5. Felizmente, isso se repete em Astro Bot, mas elevado à enésima potência.
É surreal ver como o controle consegue recriar as sensações de estar nos cenários exibidos na tela e das ações executadas por Astro. Andar na lama, areia ou neve, chuva, patinar no gelo e até mesmo caminhar em folhas se tornam algo real graças aos recursos do DualSense.
O falante do controle é usado de forma estupenda, assim como os gatilhos adaptativos e a resposta tátil, que levam a gameplay para um outro nível. Devo dizer que é impossível jogar esse jogo sem o DualSense e a Sony tem um tesouro nas mãos (literalmente).
Depois de rasgar tantos elogios, fica difícil encontrar defeitos no jogo. O desempenho se manteve estável durante a maior parte da jogatina, apresentando apenas uma queda leve de FPS em um momento específico, mas nada que me incomodasse.
A câmera também teve alguns probleminhas esporádicos, não enquadrando direito quando deveria, mas também não foi algo constante e que impediu meu progresso no jogo, apenas um ponto que vale ser mencionado.
Algo que realmente me incomodou foi o menu do jogo e a função de autosave. Para começar, o jogo não oferece opção de salvamento manual, o que foi extremamente problemático no meu caso.
Ao longo do final de semana, a rede elétrica de São Paulo estava extremamente instável, o que ocasionou em quedas de energia durante a jogatina. Após o processo de reiniciar o PS5 e da verificação de disco, pude notar que ele executava saves muito antigos, me fazendo perder muito do progresso (em um dos casos, perdi uma galáxia inteira), tendo que refazer tudo.
Com o tempo, fiquei voltando ao Hub Central (local onde ocorreu a queda da nave) para ver se esse era o gatilho para o autosave, mas nem isso funcionou.
Quanto ao menu, ele é extremamente simples, e funções como a galeria de Bots coletados poderiam ser incluídas nele, eliminando a necessidade de ter que voltar ao Hub Central e interagir com um item em específico para isso. No mais, tudo funciona como deve ser.
A resposta curta é sim. Astro Bot é um título indispensável para quem é fã de videogames e do PlayStation. O jogo tem tudo para ser o pontapé inicial de uma franquia duradoura, tal qual aconteceu com Crash Bandicoot.
Ainda que muitos possam reclamar do fato de que ele foge um pouco dos jogos do “padrão Sony”, não sendo algo ultrarrealista e cinematográfico, com alguns jogadores afirmando que não é o tipo de jogo que justifica o investimento em um console tão caro quanto o PS5, devo dizer que todas essas afirmações estão erradas.
Em tempos onde a indústria dos games luta para se manter de pé, a chegada de um jogo como Astro Bot é um verdadeiro presente para quem ama essa forma de entretenimento.
Agora, irei voltar ao mundo dos robôs e passar mais raiva com os desafios que ainda não consegui completar.