Os presídios são o principal tipo de domicílio coletivo do Brasil, e abrigam 479 mil pessoas – 96% delas, homens –, mostram dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número representa 0,4% de toda a população brasileira (203 milhões) e metade (57%) das 837 mil pessoas que vivem em domicílios coletivos.
- 🏨🏛️👵🏽Domicílios coletivos são locais em que há uma estrutura de controle – diferentemente do que acontece nos particulares (como casas e apartamentos, por exemplo). Além de prisões e asilos, incluem orfanatos, quartéis e albergues para moradores de rua, por exemplo;
- São consideradas moradoras dos domicílios coletivos todas as pessoas que indicaram esses locais como sua moradia, incluindo proprietários e funcionários, por exemplo.
O número de pessoas vivendo em domicílios coletivos cresceu 22,5% desde 2010, quando eram 683 mil. A população brasileira como um todo cresceu 6,5% no período.
Parte desse crescimento pode ser atribuído ao aumento do encarceramento, segundo Bruno Perez, analista do IBGE.
“Com o aumento da população carcerária, essa tendência já era registrada por outras fontes de dados.”
Segundo o IBGE, os presídios são o principal tipo de domicílio coletivo em todos os estados e no Distrito Federal. Sudeste, que tem 42% da população brasileira, responde por 52% da população que está em presídios.
Três quartos das pessoas em penitenciárias têm entre 20 a 39 anos.
O IBGE não divulgou dados sobre a raça dos moradores de domicílios coletivos. Em relação aos presídios, 69% dos detentos são negros, segundo dados de 2023 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Os asilos são o segundo tipo de domicílios coletivos com mais moradores: 161 mil. Destes, 60% são mulheres – no conjunto da população, elas são 51,5%.
Uma possível razão para tanto é a maior longevidade feminina: a expectativa de vida ao nascer das mulheres está em 79 anos, ante 72 anos para os homens.
“A principal hipótese para as mulheres serem maioria nos asilos é o fato de que as mulheres são predominantes nas faixas etárias mais velhas. Quanto mais alta a faixa etária analisada, mais expressiva é a maioria das mulheres. É um fenômeno ligado à maior expectativa de vida das mulheres em relação aos homens. Quando a gente olha a população mais idosa, de 70 anos ou mais, já temos cerca de 57% de mulheres, o que é semelhante ao que se registrou nos asilos”, diz Bruno Perez, analista do IBGE.
Dados do Censo 2022
Veja o que Censo de 2022 já permitiu saber:
- O Brasil tem 203 milhões de habitantes, número menor do que era estimado pelas projeções iniciais;
- O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso. Há cerca de 104,5 milhões de mulheres, 51,5% do total de brasileiros;
- 1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas (0,65% do total) – foi a primeira vez na história em que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar esse grupo;
- O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010. Isso pode ser explicado pela mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa para os povos indígenas, que permitiu identificar mais pessoas;
- Pela primeira vez, os brasileiros se declararam mais pardos que brancos, e a população preta cresceu.
- Também pela primeira vez, o instituto mapeou todas as coordenadas geográficas e os tipos de edificações que compõem os 111 milhões de endereços do país, e constatou que o Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos.
- Após 50 anos, o termo favela voltou a ser usado no Censo.
- O Brasil tinha, em 2022, 49 milhões de pessoas vivendo em lares sem descarte adequado de esgoto. Esse número equivale a 24% da população brasileira. Já a falta de um abastecimento adequado de água atingia 6,2 milhões de brasileiros.
- Mais da metade dos 203 milhões de brasileiros – 54,8% – mora a até 150 km em linha reta do litoral.