Os bastidores da política nesta reta final da atual campanha em Rio Branco (AC) foram surpreendidos na tarde desta quinta-feira (19) com o anúncio formal da vereadora Lene Petecão à candidatura à reeleição do prefeito Tião Bocalom, da coligação do PL, PP e União Brasil, além de outras siglas.
A surpresa fica por conta do fato de que a vereadora, que vai disputar seu quarto mandato, é irmã do senador Sérgio Petecão (PSD-AC) e cunhada de ninguém menos que Marfisa Galvão, atual vice-prefeita e que disputa o mesmo cargo na chapa de Marcus Alexandre, da coligação MDB/PT/PSB/PCdoB/PSOL.
Filiada ao União Brasil, após deixar o PSD de seu irmão aproveitando-se da chamada janela partidária, quando o detentores de mandatos podem deixar as siglas pelas quais foram eleitos sem o risco de perderem seus mandatos, Lene Petecão, para os analistas da política local, embora filiada a um partido da coligação de Bocalom, iria agir no silêncio, pedindo votos para Marcus Alexandre e ajudar a cunhada Marfisa.
No entanto, nesta quinta-feira, ela encarregou-se de pôr fim a tais especulações e gravou programa para o horário eleitoral pedindo votos para Bocalom.
“É importante escolher o lado certo para não se arrepender depois e prejudicar o futuro da nossa querida Rio Branco. Escolhi ficar do lado do Bocalom porque ele é um homem honesto e trabalhador, que respeita e não tolera a injustiça. Por isso, conto com o seu voto. Lene Petecão, 44555 e Bocalom 22. O bom trabalho tem que continuar”, disse a vereadora durante gravação de programa para o horário eleitoral.
“Marfisa Galvão é minha cunhada e o Petecão nunca vai deixar de ser o irmão que eu amo”, diz vereadora
Ao Contilnet, momentos após a gravação, ela concedeu a seguinte entrevista:
O fato de a senhora declarar voto ao prefeito Bocalom não criaria um problema interfamiliar? A sua relação familiar com seu irmão Sérgio Petecão e com a cunhada Marfisa Galvão como que fica?
Lene Petecão – Na verdade, foi uma escolha muito pessoal, trabalhada e estudada. Minha família está comigo. O Petecão vai ser sempre meu irmão e nunca vou deixar de amá-lo como irmão, mas uma hora a gente tem que sair de uma bolha. Então, fiz uma opção pessoal após conversar com a família, e está tudo tranquilo. Estamos aqui, levantando a nossa bandeira, trabalhando, ajudando o Bocalom porque eu sou da base do prefeito. Optei por isso. Já estive em outros dois mandatos e já trabalhei com outros prefeitos, mas com o Bocalom me identifiquei muito.
A senhora foi vereadora no mesmo período em que o senhor Marcus Alexandre foi prefeito. A senhora fez a oposição ou foi da base dele?
Lene Petecão – Fui oposição ao PT naquela época. E a gente só tinha uma relação de respeito, mas cada macaco no seu lugar.
O que é que a senhora acha dele, principalmente, do marco de Alexandre? Ele é competente? Ele é honesto?
Lene Petecão – Eu não tenho intimidade com ele. Eu não participo do círculo de amizade ao qual ele frequenta. Eu não conheço muito ele. Não era da base dele. Só apresentava as indicações necessárias e a nossa relação era só de trabalho.
Como era o senhor Marcus Alexandre com os vereadores de oposição?
Lene Petecão – Ele era respeitoso com todos, porque não pode ser diferente não é? Ninguém pode ser desrespeitoso até porque eu estava fazendo um papel de vereadora de oposição, eu cobrava muito, e eu acompanhava muito de perto as cobranças que fazia.
Na sua opinião, qual é a diferença dele em relação ao Bocalom enquanto gestor público?
Lene Petecão – Com o Bocalom, eu criei uma relação próxima. Vou no gabinete dele e converso com ele para resolver pautas que eu acho importante, principalmente quando se trata de pauta para mulher, do empreendedorismo feminino, que a gente ajuda muito, principalmente em relação às mulheres que sofrem de doenças e de outras pautas importantes. Acho que só um gestor com uma sensibilidade como a do Bocalom olha para uma mulher como eu e respeita as minhas pautas, as minhas bandeiras que eu sempre levantei.
Nessa sua postura de apoiar Bocalom, não há uma mágoa com sua cunhada Marfisa Galvão, que é mulher do seu irmão Petecão?
Lene Petecão – Não, ela é esposa do meu irmão. Não sou do grupo, nunca fui do grupo político dela e nunca falei sobre isso com ela. Não dou satisfação da minha vida política a não ser aos meus eleitores.
Mas vocês estão bem enquanto cunhadas?
Lene Petecão – Nem bem, nem mal. Ela está lá no canto dela e eu, no meu. Ela faz a parte dela, defendendo o candidato dela e eu, o meu, que é Bocalom. Vamos trabalhar para ele ganhar no primeiro turno.