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Falso banco de Marçal cobra R$ 45 por conta gratuita de outro banco

Por Metrópoles

A plataforma on-line anunciada como um banco pelo influenciador e candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, cobra R$ 45 para correntistas abrirem uma conta em um banco de verdade que não exige nenhuma taxa para oferecer o mesmo serviço.

Como mostrou o Metrópoles nesta segunda-feira (2/9), Marçal diz que abriu um banco, o General Bank, que estaria “autorizado” pelo Banco Central (BC), por discordar do funcionamento de instituições financeiras onde mantinha suas contas.

Reprodução

Ocorre que o General Bank, além de não ser uma empresa do influencer, não tem autorização do BC para ser uma instituição financeira. Correntistas que baixam o aplicativo da plataforma on-line têm de pagar R$ 45 para abrir uma conta no Asaas, que tem registro no Banco Central e não cobra pelo serviço.

Como mostrou o Metrópoles, assim como o banco, que não é banco, e nem está em nome de Marçal, há ainda uma seguradora que também é reivindicada por ele, mas está em nome de outros amigos do ex-coach e não tem registro para operar concedido pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão do governo federal.

Tanto o falso banco quanto a falsa seguradora são usados por Marçal para apresentar aos eleitores paulistanos a imagem de empresário bem-sucedido que fez fortuna à frente de diferentes negócios, ao contrário dos adversários na disputa pela Prefeitura da capital.

General Bank

A história contada por Marçal em palestras e entrevistas é que ele decidiu “abrir um banco” após “descobrir como funciona” o sistema bancário e ficar decepcionado. “O dia que eu comecei a ter clareza na minha vida, o que eu quis? Eu quis? Eu quis abrir um banco. Eu tenho um banco, o General Bank”, disse. “Já está autorizado, já. Tem muito negócio, a gente nem fica fazendo propaganda para não parecer camelódromo digital”, completou em um dos vídeos.

Marçal até tem suas digitais em um “General Bank”. Trata-se de uma marca registrada diversas vezes por ele no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) para algo que vai desde um banco a uma loja de cursos on-line. Portanto, em nome dele existe apenas o registro para uso exclusivo da marca, o que não implica em ser sócio de uma empresa ou dono de um produto que existe.

O aplicativo do General Bank disponível para download em plataformas de apps do Google e da Apple tem como responsável a empresa BRM1 Administradora, cujo único sócio é Bruno Pierro, um amigo de Marçal e apoiador de sua campanha. Pierro se apresenta como “co-founder” do General Bank, ao lado de Marçal.

Nos mesmos moldes de Marçal, ele propagandeia ser detentor de segredos para “faturar um milhão com qualquer negócio”. E fez vídeos de apoio ao candidato quando ele teve suas contas nas redes sociais bloqueadas pela Justiça Eleitoral há cerca de uma semana, por suspeita de abuso de poder econômico com suposto financiamento ilegal de edição e divulgação de vídeos. O candidato do PRTB nega as irregularidades.

Taxa de R$ 45 por conta gratuita

Quando um correntista quer abrir uma conta no General Bank ele se depara, de cara, com dois fatos. O primeiro é que, à diferença dos maiores bancos do país, e desrespeitando regras do Banco Central, ele cobra R$ 45 só pelo primeiro cadastro e abertura de conta bancária.

O segundo é que a conta aberta não é do General Bank, porque ele não é um banco. Trata-se de uma conta corrente no Asaas, que tem autorização do Banco Central e, assim como os grandes bancos brasileiros, não cobra nada para abrir contas para pessoas físicas.

E para onde vão os R$ 45 cobrados pela plataforma do General Bank? Comprovantes de Pix e boletos mostram que a taxa cai nas contas da empresa de Bruno Pierro, a BRM1. No fim, o banco que Marçal diz ser dele é apenas uma plataforma que cobra de seus clientes para abrir uma conta bancária no Asaas, que oferece o mesmo serviço gratuito e sem intermediários.

No contrato oferecido pelo General Bank, há descrição de como a empresa pode cobrar tarifas pelos serviços. O texto é pouco claro e cheio de erros de pontuação: “A contratação da assinatura dos serviços da plataforma General Bank é necessária pois, é através dela que você será incluído no rol de usuários ativos”, diz trecho da mensagem onde a plataforma anuncia “cobranças de tarifas para a realização dos serviços”.

De fato, em uma aba de tarifas no aplicativo do General Bank consta que “saques” do banco virtual custam R$ 6,50. O “plano de assinatura”, que é imposto logo ao entrar no aplicativo e antes de fornecer uma conta bancária do Asaas ao correntista, custa R$ 45 na lista de “taxas”. Há, ainda, um alerta: “Primeiras 30 transações gratuitas, após aplica-se a taxa estipulada”.

Apesar de a conta e todos os serviços serem do Asaas, a única menção à instituição financeira que provê a conta e as transações ao General Bank é em um parágrafo no meio do contrato no qual a empresa diz que “o Asaas é a instituição financeira responsável pelo provimento do Pix, ou seja, pela intermediação de transações Pix realizadas na plataforma”

Procurados pelo Metrópoles, Marçal e os sócios do General Bank não quiseram comentar sobre a cobrança por um serviço gratuito e a ausência de autorização do Banco Central. O espaço segue aberto. O BC também não se manifestou. Em letras menores em avisos discretos no aplicativo do General Bank, a empresa faz um alerta sobre ser apenas uma operadora do Asaas.

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