O brasileiro que vendeu a Jeff Bezos uma mansão de US$ 79 milhões (mais de R$ 446 milhões, na cotação atual) em Indian Creek, ilha artificial de Miami conhecida como “bunker dos bilionários”, entrou com um processo contra os corretores imobiliários responsáveis pela transação. O empresário Leo Kryss alega que os profissionais da Douglas Elliman ocultaram o fato de que o comprador da propriedade era o fundador da Amazon, um dos homens mais ricos do mundo, o que lhe teria custado até US$ 6 milhões (R$ 33 milhões) na negociação, de acordo com o jornal Wall Street Journal.
Quem é o brasileiro que acionou Justiça por venda de mansão?
Leo Kryss ainda é considerado uma “lenda viva” em nichos de operadores do mercado, mas vem levando uma vida discreta com o patrimônio que formou. O empresário se mudou com a mulher e seus quadrigêmeos para Miami em 2013. Apesar da discrição de hoje em dia, Kryss já apareceu em episódios conturbados do mundo dos negócios.
Kryss nasceu na Alemanha, mas, desde o fim dos anos 1950, vive no Brasil, onde o pai fundou a fabricante de eletrônicos Evadin. A companhia, assumida por Kryss na década de 1970 após a morte do patriarca, foi uma das primeiras a se instalar na Zona Franca de Manaus.
A companhia montava, por exemplo, os televisores da marca Mitsubishi e os celulares da Motorola. O empresário chegou a ser premiado em Nova York como o “Homem do Ano” pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em 1996, ano em que a Evadin faturava US$ 1 bilhão, segundo reportagem do Estado de S. Paulo publicada anos atrás.
Kryss também se tornaria um dos principais sócios da fabricante de brinquedos Tec Toy. Ele vendeu o controle da Tec Toy cerca de três anos antes de a empresa, que se destacou entre as pioneiras do videogame, entrar em dificuldades financeiras e pedir concordata, em 1997.
Além do negócio de eletrônicos, Kryss controlava a holding financeira Grupo Tendência, que incluía gestora e banco. Nessa posição, ele se tornou um dos maiores especuladores da Bolsa brasileira nos anos 1980, travando duelo com o rival Naji Nahas.
Reportagem do GLOBO de junho de 1989 descreve Kryss, então presidente do grupo Evadin, como um dos mais hábeis negociadores com operações casadas no mercado financeiro. Em um só exercício de opções, em fevereiro daquele ano, lucrou US$ 10 milhões com ações da Vale.
Por que brasileiro está processando corretores?
A venda da mansão foi divulgada em outubro do ano passado, com um “desconto” de 7,1% em relação ao preço de maio, que era de US$ 85 milhões. Bezos tem fortuna estimada em US$ 197,1 bilhões (mais de R$ 1 trilhão), conforme o levantamento em tempo real da Forbes.
Por quanto o brasileiro comprou a mansão?
O brasileiro comprou a propriedade em 2014, por US$ 28 milhões. Em maio passado, decidiu colocá-la à venda, por US$ 85 milhões. No mês seguinte, soube que Bezos comprara a mansão ao lado, por US$ 68 milhões. Quando enfim recebeu uma oferta, Leo Kryss perguntou aos corretores se ela vinha do fundador da Amazon.
Ainda segundo o WSJ, o cofundador da empresa brasileira de brinquedos e eletrônicos Tectoy alega à Justiça que o CEO da Douglas Elliman teria garantido a ele que Bezos não era o comprador interessado. De acordo com o processo, que corre num tribunal estadual da Flórida, Jay Parker telefonou pessoalmente para Kryss e disse que o potencial comprador não aceitaria pagar além de US$ 79 milhões.
Quem conduziu a venda de mansão para Jeff Bezos?
A venda foi conduzida por Dina Goldentayer e Danilo Tavares com a Douglas Elliman. Projetada em um estilo que “irradia glamour europeu atemporal”, a propriedade conta com aproximadamente 1.770 metros quadrados, de acordo com o anúncio, e inclui uma piscina, um teatro, uma biblioteca e uma adega.
A informação de que era o vendedor da mansão era o brasileiro Leo Kryss, sócio de empresas no Brasil e que já foi um dos investidores mais agressivos do mercado financeiro no Brasil, foi revelada pela coluna Capital, do GLOBO.