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Starlink: 5 coisas que você precisa saber sobre a Internet de Elon Musk

Por Tech Tudo

Starlink, empresa de Internet via satélite de Elon Musk, também se envolveu na situação já estremecida entre a justiça brasileira e o empresário, que se agravou desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou o bloqueio do X (antigo Twitter) no Brasil na última sexta-feira (30). Isso porque o bloqueio de qualquer serviço, site, endereço ou domínio em âmbito regional precisa ser realizado por cada operadora, incluindo, naturalmente, a Starlink. Outro agravante é o fato de o X acumular milhões de reais em multas por descumprimento de ordens judiciais, mas oficialmente não ter operação financeira no país.

Isso levou a justiça brasileira a avaliar estratégias para garantir o pagamento dessas multas, e a determinar que outros recursos de Musk com representação fiscal e legal no país devem ser utilizados para esses fins, o que resultou no bloqueio das contas da Starlink. O imbróglio repercutiu na imprensa nacional e internacional, e despertou uma série de dúvidas entre os usuários sobre a Starlink — alguns sequer conheciam a empresa, que tem forte atuação no Norte do país. Pensando nisso, o TechTudo esclarece, a seguir, as principais dúvidas sobre a Starlink, entre formato de operação, motivos que dificultam barrar sua atuação, e até quanto custa o serviço.

1. Como a Starlink funciona (e por que é difícil bloqueá-la)?

A Starlink é um sistema de Internet via satélite desenvolvido pela SpaceX, empresa espacial também de Elon Musk. A empresa foi criada para fornecer conexão de banda larga em áreas remotas, zonas rurais, regiões atingidas por guerras ou catástrofes naturais e outros locais nos quais a infraestrutura convencional de cabos e fibra não está disponível. Isso é possível pois a tecnologia utiliza uma malha ampla de satélites de baixa órbita, em uma altitude de aproximadamente 550 quilômetros (km), que elimina praticamente toda a necessidade de infraestrutura terrestre, salvo pela antena.

Propaganda do Starlink — Foto: Reprodução/The Verge

Satélites da Starlink trabalham em redes ao redor da Terra — Foto: Reprodução/Uswitch

A altitude é muito mais baixa que a geralmente utilizada por satélites de Internet geoestacionários, em órbitas de aproximadamente 36 mil km. Isso reduz exponencialmente a latência de comunicação, garantindo conexões mais rápidas e muito mais estáveis. Por outro lado, por não manterem uma posição de órbita relativa fixa, é preciso utilizar uma combinação de milhares de satélites para garantir uma cobertura constante.

O padrão de operação garante um acesso mais democrático à Internet, mas também abre uma série de precedentes para sua regulamentação. Por não haver uma central terrestre de distribuição, é impossível realizar intervenções diretas em caso de suspensão de licença de operação, por exemplo, por descumprimento das leis de um dado país. Por mais que isso seja crucial para atender a população de zonas de conflito, nada impede que a tecnologia seja utilizada para disseminar desinformação ou conduzir atividades ilegais, uma vez que a intervenção nesses casos cabe única e exclusivamente à própria Starlink.

2. Quantos satélites tem a Starlink?

Até junho de 2024, a Starlink confirmou já ter 6.146 satélites em órbita no mundo todo. A malha é impressionante, mas ainda representa apenas uma fração dos 42 mil satélites almejados por Elon Musk. A empresa não divulga os números exatos de satélites por região, mesmo porque o número está em constante expansão e varia conforme algumas particularidades.

Além da densidade populacional da região, a Starlink leva em consideração a projeção estimada de demanda pelo serviço para determinar a quantidade de satélites que será alocada para uma dada região. Mesmo não sendo possível precisar quantos dos mais de seis mil satélites da empresa operam em cada região, a empresa atua amplamente nos Estados Unidos, Canada e México.

Mapa global de cobertura da Starlink — Foto: Reprodução/Starlink

No restante do mundo, a Starlink já tem cobertura em praticamente toda a Europa Ocidental, parte da Europa Oriental, Austrália e Nova Zelândia, na Oceania, e em alguns países da África, como Botsuana, Gana, Quênia e Zâmbia. Na Ásia, a empresa só está disponível no Japão e Mongólia, mas aguarda regulamentação para iniciar operação no Cazaquistão, Coreia do Sul, Índia, Paquistão e praticamente todo o Oriente Médio.

3. Presença da Starlink no Brasil

No caso das Américas Central e América Latina, praticamente todos os países já dispõem do serviço da Starlink com ampla cobertura, inclusive o Brasil. Justamente por não depender de cabos, a empresa é um dos poucos serviços de Internet disponível em muitas regiões da Amazônia, sendo um componente importante da infraestrutura de projetos sociais como o “Conexão Povos da Floresta”, que leva Internet a povos da floresta e residentes de áreas protegidas.

Projeto Conexão Povos da Floresta com serviço da Starlink — Foto: Reprodução/Projeto Conexão Povos da Floresta (Editada por Daniel Trefilio)

Por mais que outras empresas estejam investindo para levar conexão via satélite para a região norte do país, a cobertura da Starlink é bem mais robusta, por já contar com uma forte malha de satélites em operação — componente ainda incipiente no caso da concorrência. A estimativa mais recente é que entre forças armadas, escolas, hospitais e projetos sociais em regiões remotas, o Brasil tenha mais de 224 mil usuários ativos da Starlink, que abocanha quase metade (46%) do mercado de rede via satélite.

4. Qual é o valor da mensalidade da Starlink?

Em compensação, toda essa praticidade tem um custo relativamente alto, tanto da mensalidade, mas principalmente do equipamento para acessar os serviços da Starlink. Atualmente, apenas o kit para uso doméstico custa R$ 2.000 a preço cheio, enquanto a assinatura fica em R$ 184. Isso é bem mais caro que os serviços de banda larga via fibra óptica, cuja instalação costuma ser gratuita, os equipamentos são cedidos em comodato e os planos começam a partir de R$ 99 — ou menos, dependendo da promoção vigente.

Kit de instalação da Starlink inclui roteador de banda larga (antena) — Foto: Reprodução/Slashgear

Existe também a possibilidade de contratar o Plano Viagem, para utilizar a Internet via satélite em veículos terrestres, como ônibus, motorhomes, carros, e até barracas de acampamento. O equipamento dessa opção também custa os mesmos R$ 2 mil, mas por não ter uma região pré-acordada de operação, a assinatura passa para R$ 300. Nos dois casos, não há um plano fixo de dados, sendo possível utilizar livremente a conexão.

Já para veículos marinhos, o preço da assinatura e termos de uso mudam bastante, com franquias de dados que variam de 50 GB, 1 TB ou 5 TB mensais quando o veículo estiver em trânsito, ou ilimitada quando estiver atracado em terra. A mensalidade dos planos é de R$ 1.283 para o de franquia de 50 GB, R$ 5.132 para a de 1 TB e de impressionantes R$ 26.629 para o de 5 TB. O equipamento básico também é bem mais caro, subindo de R$ 2 mil para R$ 12.830.

Antena da Starlink Maritime tende a ser mais robusta do que a Starlink normal — Foto: Divulgação/Starlink

5. Qual é a velocidade da Starlink?

Em termos de velocidade, a Starlink não é exatamente a Internet mais rápida do mercado, muito pelo contrário. Nas regiões com melhor cobertura e sinal, como Acre, Distrito Federal e Santa Catarina, o link varia entre 99 Mbps e 100 Mbps, um terço dos planos de fibra mais simples comercializados atualmente pelas grandes operadoras. Já nas regiões com conexão mais restrita, como Amazonas e Amapá, a velocidade fica na faixa dos 30 Mbps a 35 Mbps.

Apenas para fins de comparação, a velocidade média do 5G no Brasil é de 200 Mbps, mais que o dobro da mais alta possível para a Starlink. A diferença é, justamente, que a rede 5G é extremamente restrita em termos de cobertura, e todos os planos têm franquias de dados que, no melhor dos cenários, giram em torno de 50 GB mensais, fazendo dela inviável para as aplicações possíveis com a Starlink.

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