Veja 7 dos celulares mais vendidos da história e se você já teve algum

Do Nokia “indestrutível” à febre do RAZR V3 flip, passando pelos primeiros smartphones, confira os modelos que mais fizeram sucesso desde a criação do primeiro celular

A telefonia celular surgiu no início dos anos de 1980, mas foi apenas a partir da década de 1990 que esses aparelhos começaram a se popularizar. Alguns dos primeiros modelos lançados até hoje lideram o ranking dos mais vendidos da história. Naturalmente, naquela época os celulares eram bem mais simples, servindo apenas para — com sorte e força de vontade — realizar chamadas telefônicas, ficando bem longe do contexto atual, no qual eles são verdadeiras ferramentas multiuso para tarefas cotidianas.

Considerando a evolução tão rápida desse mercado, é bem provável que já tenhamos sido donos de ao menos um celular extremamente icônico. Para sanar essa dúvida, o TechTudo preparou uma lista com sete dos celulares mais vendidos da história, inclusive com modelos que podem ser comprados até hoje. Vale o adendo de que não se trata de um ranking oficial, mas de uma seleção de aparelhos icônicos, uma vez que a Apple praticamente domina o top 10.

Motorola Dynatac 8000X, o primeiro telefone celular do mundo — Foto: Thássius Veloso/TechTudo

Menção honrosa: Motorola DynaTAC 8000X

Em 6 de março de 1983 a Motorola iniciou o movimento que revolucionaria a telefonia com o lançamento do DynaTAC 8000X, o primeiro telefone celular da história. Bem diferente dos smartphones pequenos, fininhos e que cabem no bolso — metafórica e literalmente —, o DynaTAC era bem grande e, principalmente, muito caro. O aparelho tinha 33 cm de altura por 4,5 cm de largura e 9 cm de espessura, e pesava 794 gramas, pouco menos que alguns notebooks ultrafinos modernos.

Além disso, ele custava cerca de US$ 4 mil na época, o equivalente a US$ 13 mil (cerca de R$ 73.338 em conversão direta) nos valores corrigidos para os dias de hoje. A sua área de cobertura também era extremamente restrita, limitada apenas a poucos centros urbanos, e a bateria durava apenas 30 minutos.

Apesar de não haver registro do número exato de vendas, o DynaTAC 8000X foi considerado um sucesso comercial pela Motorola, especialmente considerando seu preço, a ponto de abrir caminho para o mercado atual, na qual os celulares são itens básicos para praticamente qualquer atividade.

1. Nokia 1100 — 250 milhões de unidades vendidas

A Nokia foi uma das fabricantes que mais emplacou celulares de sucesso na história da telefonia móvel, e o Nokia 1100 é, sem dúvidas, seu modelo mais conhecido e popular. Lançado em 2003, um dos grandes destaques do 1100 é seu custo acessível: US$ 100, ou aproximadamente R$ 310 na conversão direta da nossa moeda na época. O preço é bem baixo, mesmo considerando a correção da inflação, que colocaria o Nokia 1100, hoje, custando cerca de US$ 170 (R$ 955, em conversão direta).

Tanto por isso ele atingiu a impressionante marca de 250 milhões de unidades vendidas mundialmente. Em termos de especificações, o Nokia 1100 é fruto de sua época, sendo extremamente simples, com tela monocromática de resolução de 96 × 65, rede GSM e rádio AM e FM. Em compensação, uma das vantagens dos primeiros celulares é que eles tinham autonomia de bateria imbatíveis, com mais de 400 horas de autonomia em standby e 4h30min em chamadas — ou jogando o “jogo da cobrinha”.

Nokia chegou a vender 250 milhões de 1100 no mundo todo — Foto: Divulgação/Nokia
Nokia chegou a vender 250 milhões de 1100 no mundo todo — Foto: Divulgação/Nokia

Além disso, a construção do Nokia 1100 era extremamente robusta, permitindo que o aparelho resistisse a impactos, quedas de lugares bem altos e aos mais variados tipos de acidentes, o que acabou lhe garantindo a fama de “indestrutível”. O modelo foi descontinuado em 2009, mas ainda é possível encontrá-lo em sites de revenda e de colecionadores. No entanto, sua usabilidade moderna é bastante restrita, pois mesmo com a rede GSM 2G ainda em operação, a tecnologia dos cartões SIM modernos é incompatível com o sistema do Nokia 1100, que não reconhece os chips, mesmo com adaptadores para o tamanho correto.

2. iPhone 6 e iPhone 6 Plus — 220 milhões de unidades vendidas

Talvez o iPhone 6 e o iPhone 6 Plus não sejam os modelos mais emblemáticos, mas sem dúvidas são um dos mais queridos dos usuários da Apple. O iPhone 6 foi lançado em 2014 por US$ 199 (aproximadamente R$ 545 pela cotação mais alta daquele ano), mas chegou ao Brasil oficialmente em novembro custando R$ 3.199 em sua versão mais básica. O valor foi considerado abusivo, inclusive entre portais econômicos internacionais, destacando o iPhone 6 brasileiro como o mais caro do mundo, por custar o equivalente a US$ 1.200 — faixa que mesmo em 2024 a Apple só pratica para os modelos mais extravagantes, como iPhone 15 Pro Max.

A despeito do preço extremamente elevado, os clientes brasileiros fizeram filas madrugada adentro em shoppings do Rio de Janeiro e São Paulo para adquirir o aparelho, que vendeu 220 milhões de unidades mundialmente. Apenas durante o período de pré-venda, o modelo vendeu 4 milhões de unidades, com mais 10 milhões nas três semanas seguintes. Mais do que o efeito das campanhas de marketing agressivas da Apple, as configurações do iPhone 6 foram grandes responsáveis por impulsionar suas vendas.

Comparando com o modelo anterior, o iPhone 6 trazia uma tela de 4,7 polegadas, quase 30% maior que a de 4” do iPhone 5, novo processador ARM v8 de 1,4 GHz, e GPU GX6450 de quatro núcleos — um a mais que a SGX 543MP3. Em termos de conectividade, o modelo ainda trazia suporte à rede Wi-Fi 5, bem mais rápida e segura que o padrão Wi-Fi 4 disponível até então. A bateria do iPhone 6 também era de 1.810 mAh, 20% maior que dos iPhone 5, garantindo bem mais autonomia em uso, mesmo com as configurações mais robustas.

Apesar de estar bem longe de se comparar aos flagships modernos, o iPhone 6 ainda pode ser adquirido atualmente em serviços como o Trocafone, por aproximadamente R$ 470. Ele pode servir como uma alternativa simples e barata para crianças, ou como aparelho reserva para emergências.

3. Motorola RAZR V3 — 130 milhões de unidades vendidas

Alguns anos antes do primeiro iPhone e dos smartphones tomarem o mercado de assalto, a Motorola lançou o celular que possivelmente foi o sonho de consumo de qualquer brasileiro em 2004, o RAZR V3. O modelo vendeu 130 milhões de unidades mundialmente e foi disparado um dos aparelhos mais icônicos do início dos anos 2000. Com tela interna TFT colorida de 176 × 220, câmera VGA para fotos e vídeos, rádio FM, o celular tinha corpo em alumínio e formato flip super fino, imitando uma navalha (“razor”, em inglês) — daí o nome que marcou uma geração.

Motorola RAZR V3 tinha versões em rosa e dourado — Foto: Divulgação/Motorola
Motorola RAZR V3 tinha versões em rosa e dourado — Foto: Divulgação/Motorola

Os 5,5 MB de memória interna são bem pouco para os padrões atuais, mas eram o suficiente para salvar mais contatos do que era possível ter amigos na época em que as pessoas ainda faziam chamadas de voz. Por outro lado, o design inovador e tecnologias mais avançadas elevaram o preço do aparelho, que foi lançado por US$ 449 (aproximadamente R$ 1.400 em 2004), ou US$ 747 (R$ 4.197 em conversão direta) nos valores corrigidos. Na época, a venda de celulares ainda era atrelada às operadoras, cada uma com planos de fidelidade, descontos e valores diferentes, não sendo possível precisar o valor oficial por aqui.

Ainda assim, o aparelho foi tão marcante para a história dos celulares e da Motorola, em especial, que em 2019 a empresa relançou o V3 em versão repaginada. Evidentemente, o novo modelo já se tratava de um smartphone, com sistema Android e tecnologias modernas. Ele foi um dos aparelhos a inaugurar os smartphones com tela dobrável, mas veio com preço bem salgado: R$ 8.999 no Brasil. O RAZR V3 original sofre do mesmo problema de outros aparelhos antigos e não reconhece chips modernos, mas é um bom item de colecionador.

4. Nokia 3310 — 126 milhões de unidades vendidas

Voltando alguns anos no tempo, temos o inconfundível Nokia 3310, lançado em 2000 e também integrante da família dos celulares indestrutíveis da Nokia. O aparelho foi um dos primeiros celulares a trazer antena interna e definiu uma série de padrões que resultaram no sucesso retumbante do Nokia 1100, de 2003, mas vendeu “apenas” 126 milhões de unidades — metade dos números de seu sucessor. Uma dessas tecnologias foi a versão atualizada do sistema T9 de predição texto, que conseguia memorizar mais das palavras utilizadas com mais frequência pelo usuário, facilitando bastante a digitação de mensagens longas, de até 459 caracteres.

Assim como outros aparelhos muito antigos, os registros de preço do Nokia 3310 são inconsistentes, mas a prática das operadoras em geral girava entre R$ 300 e R$ 500, variando conforme os combos de créditos contratados, pacote de mensagens SMS, e assim por diante. Por mais que o 3310 original tenha sido descontinuado em 2005, a Nokia lançou uma versão em tom de “revival” em 2017, em parceria com a Foxconn e a HDM Global.

Nokia 3310 — Foto: Divulgação/Nokia
Nokia 3310 — Foto: Divulgação/Nokia

O modelo trazia tela colorida, suporte a chips 3G mais modernos, slot de cartão microSD e até uma versão atualizada e colorida do jogo Snake. Como se trata de um aparelho extremamente simples, ele chegou ao mercado custando apenas € 49,00 (cerca de R$ 300 em conversão direta), mas com distribuição global bem limitada.

Nokia 3310 "repaginado" — Foto: Thássius Veloso/TechTudo
Nokia 3310 “repaginado” — Foto: Thássius Veloso/TechTudo

5. Samsung Galaxy S III — 70 milhões de unidades vendidas

O primeiro Samsung Galaxy chegou já em 2009, dois anos após o lançamento do primeiro iPhone, mas foi apenas em 2012 com o Galaxy S III que a empresa marcou presença de fato na história dos smartphones. Diferente de outras fabricantes que insistiram em versões remendadas do Symbian OS para replicar o iOS, a Samsung desde o início foi de cabeça no Android, adaptando-se e evoluindo conforme o mercado ditava. O Galaxy S III consagrou esse investimento, rendendo à empresa 70 milhões de unidades vendidas mundialmente.

Prova disso é que, até hoje, o modelo é o celular da família Galaxy S mais vendido, ficando à frente, inclusive, de sucessos recentes, como iPhone X e o Galaxy S10. Naturalmente, o sistema operacional foi um diferencial, mas o S III era extremamente competente também em seu hardware, principalmente a versão lançada nos EUA e Canadá. Enquanto o modelo global trazia o chip Exynos 4 baseado em ARM Cortex-A9 e apenas 1 GB de RAM, a versão estadunidense contava com o Snapdragon S4, da Qualcomm. Mesmo com dois núcleos a menos, ele ainda entregava desempenho excelente, além de trazer 2 GB de RAM.

A principal vantagem do chipset Snapdragon ficava para as tecnologias de conectividade, com velocidades máximas de transmissão de até 42 Mbps, enquanto o primeiro modelo com Exynos chegava apenas a 21 Mbps. Outro fator que colaborou muito para o número de vendas do S III é que a Samsung logo na sequência lançou uma versão atualizada para tecnologia de rede 4G LTE, com velocidades de 100 Mbps tanto no chipset Snapdragon quanto no Exynos, aumentando sua longevidade. A câmera do S III também estava entre as melhores do mercado, com 8 MP, a mesma do iPhone 4S.

Samsung Galaxy S3 em mãos — Foto: TechTudo
Samsung Galaxy S3 em mãos — Foto: TechTudo

O modelo foi deliberadamente projetado para fazer frente à Apple. Sua bateria de 2.100 mAh era 30% maior que a do iPhone 5; a câmera de selfie era de 1,9 MP, enquanto a do concorrente era de apenas 1,2; e o S III ainda trazia uma tela de 4,8”, 30% maior que a de 4” do aparelho da Apple. O S III chegou, inclusive, a ser o primeiro Galaxy apelidado de “iPhone com Android”, uma vez que suas características eram extremamente próximas ou até superiores às do iPhone.

Em meados de 2012 a Apple moveu — e venceu — uma ação contra a Samsung por violação de direitos de patentes para ao menos duas propriedades intelectuais utilizadas no S III. Ainda assim, ele foi um sucesso de vendas, tendo sido lançado por US$ 199 (cerca de R$ 400 em 2012). O celular, no entanto, chegou ao Brasil custando R$ 2.500, seguindo a mesma faixa de preço elevada dos iPhones.

6. iPhone X — 63 milhões de unidades vendidas

Um aparelho relativamente moderno que também pode ser considerado um sucesso de vendas é o iPhone X, com 63 milhões de unidades vendidas mundialmente. Lançado em 2017, o modelo foi revolucionário em vários aspectos, a começar pelo preço, por ser o primeiro smartphone a custar US$ 1.000. A boa notícia é que ao menos a precificação no Brasil caiu da proporção de 1 para 10, com o aparelho chegando por aqui custando a partir de R$ 6.999. Em contrapartida, o iPhone X também trouxe muitas inovações de hardware, com uma tela de 5,8”, conjunto de câmeras duplas de 12 MP cada e sistema Face ID de biometria facial.

O celular foi bastante marcante em termos de design, já que foi um dos primeiros a trazer o “notch”, recorte na tela para a câmera frontal. Por mais que muitos ainda hoje reclamem dessa estética, tudo indica ela foi mais elogiada que rejeitada — tanto que está presente até hoje nos celulares da Apple. Além disso, o chip A11 Bionic é tão competente que até hoje o iPhone X é considerado um bom smartphone, especialmente considerando que em lojas autorizadas iPlace modelos recondicionados em excelente estado saem por apenas R$ 1.599 com garantia de 3 meses.

7. Motorola StarTAC — 60 milhões de unidades vendidas

O modelo que não poderia faltar, tanto por sua história quanto por sua notoriedade, é o famoso Motorola StarTAC, de 1996. Muito antes dos smartphones, ou mesmo do próprio Motorola RAZR V3, o StarTAC ficou conhecidíssimo por ser o símbolo da modernidade em filmes e séries do final dos anos de 1990. Com design de flip ultra compacto para esconder seu teclado numérico e antena retrátil, o aparelho vendeu 60 milhões de unidades — número extremamente impressionante para a época, especialmente considerando que os celulares ainda estavam relativamente longe de serem algo popular.

Até então, a maioria dos aparelhos do mercado ainda pareciam versões reduzidas do DynaTAC 8000X, bem pouco práticas de se carregar, e o StarTAC literalmente cabia no bolso — pelo menos fisicamente. Isso porque ele ainda era um produto extremamente caro, custando US$ 1.000 — valor que só foi batido novamente com o iPhone X em 2017. Como o Plano Real ainda era bastante recente e a moeda estava forte, o aparelho chegava a custar cerca de R$ 970. Este valor seria o equivalente a R$ 5.250, se corrigido pelo Índice Geral de Preços utilizado pela FGV.

O clássico StarTAC, da Motorola (Foto: Divulgação/Motorola)  — Foto: O clássico StarTAC, da Motorola (Foto: Divulgação/Motorola)
O clássico StarTAC, da Motorola (Foto: Divulgação/Motorola) — Foto: O clássico StarTAC, da Motorola (Foto: Divulgação/Motorola)

Tanto por isso, mesmo para os dias de hoje o StarTAC poderia ser considerado um aparelho premium, na faixa de iPhones de entrada ou Galaxy S mais básicos. Contudo, como as tecnologias de telefonia avançavam mais lentamente na época, o aparelho foi se popularizando aos poucos, sendo ativamente atualizado e comercializado até o início dos anos 2000, com versões compatíveis com rede GSM 2G, lançada no final de 2000. Atualmente, o Motorola StarTAC não funciona com chips modernos e pode ser considerado um item de coleção, mas sem dúvidas é um dos aparelhos mais icônicos da história da telefonia móvel.

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