Apagão pauta horário eleitoral em SP, marcado por troca de acusações

Apagão foi o principal assunto da propaganda de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSol), que usaram seu tempo para acusar um ao outro

O apagão que entrou no quarto dia nesta terça-feira (15/10) em São Paulo se tornou o assunto central da propaganda eleitoral obrigatória dos candidatos à PrefeituraGuilherme Boulos (PSol) e Ricardo Nunes (MDB). Ambos utilizaram seus tempos para fazer acusações à conduta do rival durante o blecaute.

O programa, veiculado por rádio às 7h desta terça-feira, começou com Boulos, que usou cerca de 4 dos 5 minutos a que tem direito para apontar a responsabilidade da Prefeitura, sob comando de Nunes, pelo problema. No início da propaganda, o candidato diz que pretendia aproveitar o dia dos professores para trazer suas propostas para a educação, mas que precisou mudar a temática em razão do apagão.

“Desde sexta-feira [11/10] à noite, milhões de paulistanos ficaram sem luz, sem prefeito e sem a Prefeitura. O prefeito fica posando de coletinho laranja, como se estivesse trabalhando, para aparecer na propaganda eleitoral. Cadê você Ricardo, quando o povo precisa?”, dizia a voz de um narrador.

Montagem com fotos de Governo de SP e Fábio Vieira/Metrópoles

A campanha de Boulos relembrou os outros dois grandes apagões que a capital enfrentou na gestão Nunes — um em 2021, e outro em 2023 – para acusar o prefeito de omissão ao responsabilizar somente a Enel, concessionária que é responsável pelo abastecimento de energia na cidade.

Luta de UFC

A propaganda lembra um episódio, registrado pelo Metrópoles, em que o prefeito esteve em uma luta de UFC e uma corrida de Fórmula 1 durante uma crise de desabastecimento de energia em 2023. De acordo com a campanha, a Prefeitura não teria se empenhado na zeladoria da cidade, falhando no serviço de poda preventiva de árvores.

Ainda é feita uma comparação da postura de Boulos com a de Nunes durante a crise. A peça enfatiza que “na casa luxuosa do Ricardo, nunca falta luz”. No trecho final, lido pelo próprio Boulos, o deputado federal relata sua situação pessoal de falta de energia para, novamente, atacar o atual prefeito.

“Eu estou falando com vocês do sábado [13/10], e já faz mais de 24h que moradores de vários bairros da cidade estão sem luz, como o meu aqui, o Campo Limpo (…) Tudo isso que você viu poderia ser evitado. Famílias que estão até agora sem luz podiam não estar. Isso não foi obra do acaso, gente, foi do descaso. O que faltou foi competência, seriedade e trabalho”, diz o candidato.

Contra-ataque de Nunes

A propaganda de Ricardo Nunes começa com um contra-ataque ao programa de Boulos. Nos primeiros segundos, a voz de uma narradora diz que Boulos “só ataca o Ricardo Nunes” , acusando-o de ser um nome renegado pelo PT.

“Logo ele, que nunca teve um cargo relevante de gestão. Nunca construiu nada, não foi ministro do Lula nem da Dilma, não foi secretário do Haddad, nunca foi convidado pelo PT. E por causa dessa falta de experiência, ele só faz duas coisas nesse segundo turno: ataca e promete”, diz o narrador.

O programa segue falando como São Paulo é vítima do aquecimento global e dos “extremos fenômenos climáticos”, entre os quais a tempestade que causou o apagão. Em resposta às acusações de Boulos, o prefeito defende a forma como está conduzindo a crise e aproveita para acusar seu rival de estar tirando proveito político da situação.

“Desde que começaram os problemas pelas chuvas e as fortes rajadas de vento, eu estou com a minha equipe, na central de monitoramento, onde instituí um comitê de crise. [Estou] Indo na rua, acompanhando, falando, lutando por vocês e pela nossa cidade. Mas sabe o que é triste? Com tanta luta, sofrimento do nosso povo, a gente vê um candidato, infelizmente, lacrar na internet. Querer usar a dor do povo para ficar fazendo videozinho”, diz o atual prefeito.

Na propaganda de Nunes, a informação de que “a Enel é uma empresa sob concessão do governo federal, não é do Ricardo Nunes” é repetida duas vezes. O prefeito menciona a ação judicial que está movendo contra a concessionária e o pedido que fez ao Tribunal de Contas da União para que a empresa fosse melhor fiscalizada. Além de criticar a Enel, ele reafirma a crítica ao comportamento de Boulos.

“Queria deixar aqui meu repúdio a esse tipo de comportamento. Essa falta de sensibilidade, de querer usar o sofrimento das pessoas, que estão sofrendo pela falta de energia, por questão eleitoral. Mas também deixar aqui o meu repúdio à Enel, que não tem respeito pela nossa cidade”, diz Nunes.

A campanha não comenta a questão da zeladoria, mas traz propostas voltadas ao meio ambiente, como a expansão da área de preservação ambiental na cidade e a criação de novos parques.

Apagão

Na manhã desta terça-feira (15/10), cerca de 250 mil imóveis da cidade de São Paulo e da região metropolitana entraram no quarto dia sem abastecimento de energia. O problema começou na última sexta-feira (11/10), após um temporal ter atingido a cidade e, em alguns pontos, moradores da capital também estão sem água.

A principal região afetada pelo apagão é a zona sul da cidade, reduto eleitoral de Nunes, onde moradores chegaram a fazer protestos nas ruas, com bloqueio de vias e panelaço, para cobrar o retorno da energia elétrica.

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